Capítulo 4. Cerco

O doutor Petráglia estava totalmente dedicado ao processo, que Ronald deu entrada contra Elisane e não teve tempo de verificar como ela estava. Como Ronald não quis conhecer a jovem e sequer tomou conhecimento de quem era, ficou quieto.

Estranhou o fato dele não se lembrar da filha de seu ‘tio’, já que conviveram por um bom tempo e suspeitava de que ela o havia salvo da enchente que houve no rio e que quase o vitimou. Foi naquele mesmo dia, que ela sumiu. Mas não tinha como o oponente vencer, as provas eram contundentes.

Marluce foi para casa em sua motoneta, observando a cidade movimentada na hora do rush e pensando no projeto do concurso. Se ela vencesse, assumiria uma equipe e seria por mérito próprio e não por ser uma das donas da empresa.

Entrou no apartamento e encontrou a cara fechada de Corina, não entendia por que a governanta a rejeitava tão descaradamente.

— Oi, Corina, tchau Corina!

— Menina mal educada.

— O que você esperava, Corina. Eu não sou a Cinderela, sou uma pobre coitada que foi encontrada na sarjeta. — zombou Marluce, implicando com a governanta.

— É bom mesmo, que você saiba qual é o seu lugar…

— Eu sei qual é o meu e você, sabe qual é o seu? Pode ir, está dispensada.

— Mas…

— Sem mas, Corina, tchau!

Corina saiu batendo o pé, apagou o fogo das panelas, sem terminar de fazer a comida, pegou suas coisas e saiu do apartamento. Não via a hora de ver aquela garota petulante, ser desmascarada. Queria voltar para a mansão de seu verdadeiro patrão e desfrutar da sua tranquilidade.

Ela pegou seu celular, depois que saiu do prédio e ligou para ele:

— “ Alô, Corina, alguma novidade? “

— Ela me mandou sair e o advogado trouxe a certidão de nascimento da senhorita Elizane.

— “ É bem capaz dela sair espalhando quem é por todo lugar, para se exibir. “

— Posso ir para casa, senhor?

— “ Pode, Corina, tire uns dias de folga, sei que está sendo difícil para você, obrigado. “

— Eu que agradeço, senhor.

Desligaram a ligação e Douglas perguntou:

— Novidades, senhor?

— A petulante, agora, está com a certidão de Elizane e expulsou Corina.

Douglas achou que Corina demorou muito a ser expulsa, pois era uma cobra venenosa, quando queria infernizar a vida de alguém.

— Talvez fique mais fácil a identificarmos, já que o senhor não quis conhecê-la.

— Não creio que vou esbarrar nela, nossos círculos sociais devem ser bem diferentes. Como estão os preparativos do concurso?

— Será lançado amanhã.

— Ótimo, cuide que todos os funcionários de artes gráficas e propaganda e marketing, participem.

— O senhor está de olho em alguém especial?

— Sim, mas é segredo, por enquanto. Não quero que achem que estou favorecendo alguém.

— E está, senhor?

— Claro que não, Douglas! Só estou torcendo por ela.

— Ela? Uma candidata, senhor? — perguntou, apreciando o interesse de seu chefe, por alguém séria.

— Talvez, Douglas, gostei da danada. 

Douglas olhou para seu patrão, impressionado com a mudança dele. O pai de Ronald deixou uma herança de responsabilidade nas costas do filho e desde então, ele trabalha sem parar e quando sai, pega uma modelo qualquer, para um encontro de uma noite só.

Pensando em se livrar do fardo de levar a família perdulária nas costas, ele tem investido em sua empresa de Propaganda e Marketing e cuidado da empresa da família, com mais leveza.

Agora estava pensando em se casar e fomar sua própria família e deixar aquela, que só lhe explorava, longe dele.

— Será uma grande surpresa para todos, já que esperavam que o senhor não se casasse.

— Sim, se eles se interessassem mais pela empresa e não só usufruíssem dos rendimentos, não  ficariam tão surpresos, quando perderem a metade de tudo.

— Seus “ primos” não ficarão satisfeitos com o aparecimento da herdeira, também.

— Claro! Mais seis meses e tudo passaria para eles, Elizane é a única herdeira total, dado que foi a única filha que tio Marvin teve. Os outros são sobrinhos por parte da esposa dele e eles são uns perdulários. Fora o testamento falar dela, que ninguém encontrou.

— Acha que ela aceitará a família, se conseguir ganhar.

— Não é da minha conta, passarei tudo para eles e não me preocuparei com mais nada. Ela que se vire com a tia e os primos, por parte de seu pai. 

— Com certeza, o senhor ganhará. Onde já se viu, uma pobretona surgir do nada e ficar com metade da empresa? Onde ela esteve esse tempo todo?

— É o que não me entra na cabeça, como eles descobriram essa mulher? Elizane sumiu na enchente, tudo indica que caiu no rio e se afogou. É certo que nunca encontraram o corpo, mas a correnteza deve ter levado e a lama, soterrado.

— Que pensamento mais mórbido, senhor…

— É a realidade, aquele dia mudou a vida de muita gente, inclusive a minha.

Encerraram o expediente e saíram do prédio, depois de todos os funcionários do dia. Ronald foi para sua cobertura e Douglas para seu apartamento simples, ele não vivia com luxo, seu tempo era dedicado ao trabalho e seu lazer era caminhar na praça de esportes do seu condomínio.

Já Ronald, se exercitava em sua academia, que ocupava uma ponta de sua cobertura e tinha até uma sauna a vapor, para desintoxicar e relaxar a musculatura e foi o que ele fez naquela noite, relaxou, suando e pensando na jovem que conquistaria.

*

Marluce, por sua vez, terminou de fazer a comida que Corina largou no fogão e saboreou com gosto, sentada no sofa da sala. Ligou sua smartv e colocou em um canal de entretenimento, procurando pelo seu patrão, Ronald Sinclair.

— Vamos ver quem é você, senhor Sinclair.

Encontrou várias reportagens sobre as noitadas dele com várias modelos e a manchete era sempre a mesma:

“ O SOLTEIRÃO MAIS COBIÇADO DO MOMENTO “

— Então é por isso que você não quer dividir o ouro, precisa dele para bancar sua vida de playboy, sustentando suas modelos e seus carros de luxo. Me aguarde, fofinho, eu vou te abocanhar igual uma pantera negra. Waurhhhh!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***