Capítulo 8. Jantar

Marluce estacionou em frente ao prédio onde morava e ele estacionou ao seu lado. Ela reconheceu o carro e esperou ele descer, para saber o porquê dele estar ali.

Ele desceu e foi até ela.

— Oi, Marluce, queria falar com você, mas você saiu tão rápido.

— Saí normalmente, o que o senhor queria me falar?

— Queria saber se você gostou da nova sala?

— Sim, gostei muito. Fez o mesmo para os outros?

Ele franziu a testa, perguntando-se porquê faria para os outros se só queria impressionar ela.

— Não, não fiz, por quê faria?

— Por quê podem te acusar de despotismo. Posso perder o concurso por receber privilégios, é isso que você quer?

Ele não tinha pensado nisso e imediatamente ligou o celular e mandou Douglas fazer o mesmo nos outros escritórios.

— Que bom que foi justo e por favor, não faça mais isso.

— Não farei se você sair para jantar comigo e não rejeitar meus convites.

— Isso é chantagem! Você é um idiota, por acaso? 

Ele ficou indeciso sobre o que fazer, nunca teve trabalho para conquistar uma mulher e esta, rejeitava-o o tempo todo.

— Desculpe, não  é uma chantagem, as salas vão ser aparelhadas e eu gosto de sua companhia e por isso quero levá-la para jantar.

— Então, é um encontro?

Ele passou a mão nos cabelos, inseguro e respondeu:

— É o que você quiser que seja, só quero comer e conversar com você.

Ela sentiu seu estômago se comprimir com fome e não podia descuidar se quisesse seguir seus planos e aceitou.

— Só não me leve a um lugar chique, não estou vestida para isso.

— Vamos a um restaurante discreto, comer comida coreana, você gosta?

— Nunca comi, mas é bom experimentar.

Ele estendeu o braço, indicando o carro e abriu-lhe a porta, fechou-a e foi para o lugar do motorista. Inclinou-se para fechar o cinto de segurança dela e ela se espremeu no banco para se afastar dele.

O perfume másculo dele, entrou por suas narinas e a fez sentir coisas. Não tinha experiência com emoções, nem com relacionamentos. Os namorados que teve, não foram bons, ao verem que ela não tinha experiência, a usaram e abandonaram.

Enquanto ela pensava no que sentia, ele prendeu o próprio cinto e saiu com o carro. Dirigiu para fora da cidade e chegou a um bairro oriental. Parou no estacionamento de um restaurante bem arborizado e desceram.

— É bonito aqui, os orientais gostam de jardins. — comentou ela.

— Sim e é discreto, também.

Foram recebidos e levados para um dos reservados.

— Uau! Não é aberto. Vamos comer sozinhos?

— Sim, você se importa? 

— Para ser sincera, parece restaurante para amantes. 

— Bem, na verdade, é um lugar para reunião de negócios. Assim as conversas não se misturam e todos prestam atenção no que se está tratando.

— Entendi, mas alguns casais também devem vir. — provocou ela, já que estavam só os dois, ali.

Logo iniciaram o serviço e vários pratos foram colocados diante dos dois.

— Espero que lhe agrade.

— Você encomendou com antecedência? Chegou tão rápido.

— Sim, foi só escolher e dizer o número do pedido. Viu que tem hachi? Mas você pode comer com os talheres  também.

Ela apreciou a quantidade e os tipos de comida e sua boca encheu d'água. Sempre gostou de vegetais salteados e carne de porco assada. Mas ali também tinha caldo de peixe com frutos do mar e é claro, muito arroz.

— Parece tudo uma delícia, não sei por onde começar.

— Eu te ajudo.

Ele usou os hashis (palitos) e pegou um pedaço de carne e colocou sobre a tigela de arroz e mostrou a ela como devia comer, molhando no caldo ou no molho de soja.

Ela experimentou e assim continuou, ele a servia, ela pegava e começou a servir também.

— Experimente o saquê.

— Saquê é forte, vou ficar tonta.

— É só um golinho, você está comigo, te levarei em segurança para casa.

Ela pousou o pequeno copo de louça na boca e bebeu um pequeno gole, era forte e ela fez careta.

— Se bebe tudo de uma vez.

— Não! Você quer me embebedar? Chega, foi o suficiente.

Ele se assustou com a determinação dela e não insistiu. Só queria que ela relaxasse, mas talvez estivesse exagerando mesmo.

— Desculpe, não foi com má intenção. Quero te conhecer melhor. Pelo que entendi, você não está acostumada a beber, é isso?

Ela relaxou e sorriu.

— É isso, só esse golinho, me deixou relaxada.

Ele sorriu, entendendo que ela é bem diferente das modelos com quem costuma sair e que bebem até quase desmaiar e ele precisa vigiar, se não quiser terminar a noite sozinho.  

Marluce é pura em questão de relacionamento homem/mulher e ele tinha que ter paciência. Continuaram conversando, animados, contando passagens de suas vidas e se divertindo com o tempo de faculdade e o que enfrentaram. O tempo passou e nem perceberam.

— Você está satisfeita, quer sobremesa?

— Estou cheia, comi demais. Ao invés de sobremesa, uma caminhada ia bem.

— Ótimo ideia, então vamos.

Saíram, ele pagou a conta e foram dar uma volta no jardim. Seguiram um caminho que levou a uma ponte em arco e ela se desequilibrou. Ele a segurou e não permitiu que caísse. Dali em diante, seguiram de mãos dadas.

— É melhor voltarmos daqui, a iluminação para lá não é boa. — sugeriu ele e ela concordou.

Quando se viraram para voltar, foram para o mesmo lado e deram de encontro um no outro. Ele a envolveu com seus braços e ela apoiou suas mãos em seu peito. Erguendo o rosto para olhar para ele, viu seu rosto muito próximo e logo seus lábios se uniram.

O beijo aconteceu.

Ronald apreciou a maciez dos lábios femininos e passou a língua sobre eles para saborear e com isso, ela os abriu e permitiu que suas línguas se provassem e com isso, o beijo se intensificou. 

Suas mãos iniciaram carícias suaves e se envolveram em um abraço carinhoso.

O beijo se prolongou, até que sentiram uma brisa mais fria e um trovão soou ao longe. Se apartaram assustados, sorriram, ele segurou a mão dela e andaram mais rápido, em direção ao carro. 

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***