Capítulo 11. Acordo

Levantando-se ele, serviu os pratinhos com a sobremesa: tiramissu.

Quando ela viu o que era e lembrou as tantas vezes que observou na vitrine e não pode comprar devido ao preço que custava, não teve dúvidas em saborear o primeiro pedaço.

— Huuuimmmm! Delícia!

Ele sorriu, apreciando o modo como ela expressava seu contentamento pelo sabor do doce.

— Eu sabia que ia gostar,  — Apesar de Douglas escolher os pratos, ele fez questão de pedir aquela sobremesa. — Assim como sei que você não quer se afastar, realmente, de mim.

Ela continuou comendo, saboreando calada, cada pedacinho do doce. Pensou no que ele falou e considerou seus planos, o tempo e o quanto podia se adaptar aos protocolos da vida dele e então impôs só uma condição:

— Tudo bem, podemos continuar a nos encontrar, mas sem nos mostrarmos, pelo menos até o término do concurso. Não quero ser acusada de ter entrado pela porta dos fundos.

Ele ficou vermelho ao ouvir aquela expressão, era algo indecente na mente dele e jamais utilizaria tal método para conceder favores.

— Não faço esse tipo de coisa, na verdade abomino qualquer tipo de troca de favores que não seja honesta.

— Muito bom saber disso, mas as pessoas comuns, lá fora, acham que os ricos são todos assim, usam sei dinheiro para terem o que querem, passando por cima de tudo.

— Eu não me incomodo, deixe que falem o que quiserem, não temos nada a esconder e não vou desistir desse sentimento que me alegra a alma, por causa de maledicência.

Ela sentiu sinceridade nele e também não quis desistir dele. Um calor gostoso enchia seu peito quando estavam juntos, era uma sensação antiga, que não conseguia identificar, pois não se lembrava como adquiriu, mas era a melhor sensação do mundo.

— Bem, quero que seja assim ou não nos veremos mais.

Ele suspirou, se encostou na cadeira, olhando para ela e sucumbiu.

— Tudo bem,mas você virá almoçar todos os dias comigo.

Levantou-se e foi até ela, que bebia um copo d'água, depois de terminar o doce. Ajudou-a a se levantar e segurando em suas mãos, fez uma promessa:

— Fique comigo, vamos nos conhecer melhor e prometo te proteger em qualquer situação.

— Mesmo se você ficar com muita raiva de mim, por qualquer motivo.

— Mesmo assim. O amor não acaba por causa de desavenças, ele suporta e perdoa. Se o que estamos sentindo, crescer como um grande amor,nada nos impedirá de sermos felizes.

— Então, concordo. Mas não exija muito de mim, deixe eu ir me afaptando aos poucos, minha experiência com romances é limitada.

— Farei isso.

Mas ele não resistiu em lhe dar um beijo, para firmar o ‘ contrato ‘.

Ela precisou se afastar, ou ele não a largaria.

— Preciso voltar ao trabalho, ou não conseguirei cumprir o prazo.

— Está tão difícil assim?

— Um pouco, são muitas pesquisas para poder realizar um trabalho correto, não quero errar.

— Confio em você, mas não se esqueça de nosso almoço amanhã.

— Está bem, agora me solte.

Ele a beijou novamente e deixou-a ir. Estava feliz, encontrou a garota de sua vida, que o fazia se sentir um garoto correndo pelo jardim, atrás da menina dos seus sonhos. Lembrar de Elizane era tudo o que lhe restava, até encontrar Marluce, com o mesmo jeito livre de viver a vida.

*

Os dias foram passando do mesmo jeito que aquele. Ela descia e pegava o elevador subindo, almoçava com ele, trocavam uns beijos e ela voltava à sua sala. O dia da entrega chegou e ela concluiu. Fez várias revisões, para não deixar passar nenhum erro e tocou, finalmente, na tecla enviar.

Nesse instante, a secretária do diretor de marketing, entrou na sala, agitada e convocou-a.

— Senhorita Marluce, o diretor a chama, urgente, vamos!

— Só um instante…

Marluce precisava confirmar o envio e fechar corretamente o computador, mas a secretária segurou em seu pulso e a puxou para sair. Ela considerou aquilo um abuso e puxando o braço, perguntou irada:

— O que pensa que está fazendo, não me toque, já disse que estou indo.

— Mas é urgente, tem um cliente importante, esperando. — falou e segurou em seu pulso, novamente.

— Me solta, saia daqui, você está me assediando!

Marluce puxou o pulso novamente e deu um empurrão na secretária, que caiu no chão e começou a gritar. Os seguranças vieram, mas Marluce estava com um receio maior do que ser acusada de agressão, seu trabalho. 

Sentou-se novamente a frente do computador e conseguiu fechar tudo e acionar a segurança.

Depois de tudo fechado, pegou o pendrive onde guardava todo o projeto e colocou no bolso interno de seu bolso. Olhou para o segurança, que lhe perguntava o motivo da agressão e respondeu:

— Eu não a agredi, apenas me soltei do agarre dela e a empurrei para que não me agarrasse novamente e ela caiu como jaca podre. Olhem a fita de segurança.

O segurança pegou seu celular e acessou o vídeo, vendo que Marluce dizia a verdade. A secretária já havia se levantado e não tendo conseguido seu intento, que era tirar Marluce da sala, sem fechar o computador, pediu desculpas.

— Sinto muito se fui tão agressiva, peço desculpas, mas o diretor está, realmente, lhe aguardando com urgência.

Douglas chegou nesta hora e ordenou:

— Secretária Lúcia, dirija-se ao R H, seus serviços estão dispensados.

— Não, eu não tenho culpa, só fiz o meu trabalho…!

— Sua agressão pode dar justa causa, sugiro que aceite a demissão e vá embora sem discutir. — A entonação de Douglas não deixou dúvidas.

De cabeça baixa, Lúcia correu para fora e não foi para o RH, mas seguiu para o escritório de sua mentora, não podia ser despedida, estava terminando a faculdade de comunicação e não podia ficar desempregada, justo agora.

Ronald olhava a imagem das câmeras e viu onde Lúcia chegou e era mais uma das aliciadas por Núbia, que era eliminada. Percebeu a estratégia delas, assim que viu Lúcia entrar na sala de Marluce.

— Ela pensa que é esperta, mas bateu de frente com uma mulher forte e batalhadora, que não cai em esqueminhas. 

Fechou aquela página e abriu a do concurso. O projeto de Marluce estava lá e ele abriu a página para ver o projeto e as imagens saltam da tela, coloridas e animadas, com foco nas famílias que iniciaram a empresa.

— Ela é incrível!

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