Estamos Juntos

Logo chegamos à casa dos meus pais. Percebo que a loirinha está nervosa, só em olhar para sua face.

— Tudo bem? — pergunto.

— Só estou um pouco nervosa.

— Calma, você tirou de letra da última vez, e agora só será a família, e também dessa vez não estamos fingindo.

— Sim.

— Fica tranquila.

Desço do carro e abro a porta para ela, estendo a mão para ajudá-la a sair e continuamos de mãos dadas, vamos até a porta e eu toca a campainha.

— Que bom que vocês chegaram! — minha mãe diz abrindo a porta e nos abraçando . — Pensei que você ia inventar alguma desculpa para não vir filho.

— Eu disse que vinha mãe, eu sou um homem de palavra.

— Fico muito feliz, e você querida, que linda que você estar.

— Obrigada, a senhora também.

— Seu quarto estar pronto querido, acho que vocês querem descansar um pouco antes do jantar.

— Sim mãe, obrigado, são muitas horas de vôo e Raquel não passou muito bem durante o vôo. — minha mãe dá uma olhada para a loirinha, é óbvio que ela está pensando que Raquel está grávida.

Já pensou? Um filho meu e da loirinha? Impossível de acontecer, até porque não teremos nada sério e também eu não quero ter filhos, é muita responsabilidade, acho que eu não consigo dá conta, tipo meus pais tiveram quatro e todos com idade muito próximas.

Isso não é para mim!

— Será que teremos mais um herdeiro? — a loirinha fica vermelha . — Não precisa se envergonhar querida, eu sei muito bem de onde vem os bebês, até porque tive quatro.

— Não estou grávida dona Marisol, eu só passo mal em aviões mesmo, tenho um pouco de medo. — ela se explica na mesma hora.

— Tudo bem querida, vão descansar até a hora do jantar e sejam muito bem vindos.

— Obrigada. — a loirinha diz.

A guio para onde fica as escadas e nós subimos.

— Nós temos quartos em todas as casas de meus pais, eles fazem questão de cada um ter o seu, para quando viemos visitá-los.

— Isso é bom, porque são todos casados e precisam de privacidade.

— Sim, o único que não casou fui eu e nem pretendo, casamento não é para mim, já que não deu certo uma vez, melhor não tentar outra.

— Sim.

— E você? Pensa em casar?

— Algum dia sim, pretendo casar, ter filhos, mais de um, porque eu gosto de ter irmãs, mas isso só daqui há uns anos, sou muito jovem ainda, e você já deveria ter casado, daqui a pouco faz trinta.

— Ano que vem.

— Sim já está na idade de casar, você ia se casar bem mais jovem.

— Ia, mas hoje percebi que casamento não é para mim.

— Sei.

— O que foi?

— Nada.

— Estou gostando do que estamos tendo, mas quero que saiba que não pretendo ter algo mais sério.

— Só espero que caso resolva ficar com outra pessoa não deixe ninguém saber, até porque as pessoas acham que nós temos um namoro sério.

— Não se preocupe, enquanto estiver com você não vou ficar com ninguém, eu não sou de ficar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, exceto quando tenho sexo casual.

— Assim espero.

— Pode ficar tranquila, vamos tomar um banho e descansar?

— Eu vou tomar banho sozinha. — ela diz e entra no banheiro.

Isso vai acabar dando merda, eu deveria acabar de uma vez por todas com isso, é óbvio que ela vai acabar nutrindo sentimentos por mim, eu não deveria fazer isso, eu sou um bosta mesmo por deixar essas coisas acontecerem.

Só que ficar longe dela vai ser ruim, mas eu não posso deixar ela se apaixonar, eu não posso dar todo o amor que ela merece, pois essa menina mulher é excepcional e merece alguém que a ame por completo e não alguém quebrado com eu, alguém incapaz de amar.

Quando ela sai do banheiro, estou deitado na cama e não evito de olhar para ela.

— O que você tem? — pergunto.

— Eu acho que isso entre nós não vai dá certo.

— Por que não?

— Porque você é meu chefe e nós não devemos misturar as coisas e eu preciso desse emprego.

Sempre esse papo!

— Eu já te falei que seu emprego está garantido, não precisa se preocupar, se não quiser trabalhar comigo pode ir trabalhar em qualquer outro setor do escritório, mas eu não quero acabar com isso que estamos tendo.

Porque eu sou um filho da p*ta egoísta!

— Mas você gosta de outra, você mesmo falou e não gosto dessa sensação de ser segunda opção.

— Mas você não está sendo segunda opção, está sendo a primeira, porque dentre todas as minhas opções você foi minha primeira escolha, sempre quis ficar com você, então vamos nos dá essa oportunidade.

Sempre quis loirinha, desde aquele dia na boate.

— Eu tenho medo de me machucar, não sou como você, eu tenho sentimentos e me apaixono.

— É isso que pensa sobre mim? Que eu não tenho sentimentos?

— Sim, pois é o que você acabou de falar.

— Eu te falei que não quero nada sério, não que não tenho sentimentos, foi justamente por causa de sentimentos que acabei no fundo do poço, foi por dar meus sentimentos para alguém que não merecia, foi por amar mais alguém do que a mim mesmo e eu não vou mais deixar isso acontecer, mas isso não quer dizer que eu não goste de você, porque eu gosto, mas não quero nada sério, não quero sentir que pertenço a alguém, só depende de você aceitar ou não.

— Você me confunde.

— Vai ficar comigo?

— Vou pensar.

— Ok, isso já é um começo.

— Vou me vestir.

Ela vai até a mala e pega uma lingerie preta e veste, depois pega um conjunto de moletom cor de rosa e veste também, passa um pouco de perfume e se deita ao meu lado.

Levanto e vou tomar meu banho, tomo um banho rápido, aqui faz frio de mais e eu prefiro calor, sem sombra de dúvidas.

Saio do banheiro visto uma cueca boxer branca e um conjunto de moletom preto, prego meu celular e deito ao seu lado.

— Sabe o que eu estava pensando? — pergunto.

— O quê?

— Que podemos ficar aqui só uns dois dias e depois podemos ir para outro lugar, ficar só nós dois, acho que você vai se sentir mais a vontade.

— Sua mãe não vai gostar.

— Por isso ficaremos dois dias, para passar o Natal com eles e depois vamos a outro lugar e se você quiser podemos passar o ano novo com sua família.

Eu sei que isso é íntimo demais, mas ela merece ficar com a família dela também e eu vou adorar ir com ela, gostei muito de sua mãe e das gêmeas, são meninas encantadoras.

— Falando nisso preciso comprar um vestido para usar amanhã, não trouxe nada.

— Podemos ir amanhã.

— Tudo bem.

— E sobre passarmos o ano novo com sua família? O que me diz?

— Você quer ficar com minha família? E todo o lance de não querer nada sério? Conviver com a família do outro tornam as coisas sérias sim.

— Eu gostei da sua família.

— E o que diremos a elas?

— Que estamos juntos.

— Não! Não quero apresentar alguém que não é de verdade pra minha família.

— Mas eu sou de verdade!

— Você entendeu o que eu quis dizer.

— Mas eu posso ir?

— Pode, fale com sua mãe e diga a ela.

— Ok.

Não sei o que se passa em minha cabeça, mas quando estou com elas as palavras simplesmente saltam da minha boca e antes que perceba já falei, mas não vai ser ruim passar o ano novo com a família dela, muito pelo contrário.

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