Capítulo 9

Natália

Meu sorriso parecia impregnado em minha face, certamente eu deveria estar uma comedia para ele, meus cabelos cacheados molhados ainda pareciam estar bem mais brilhantes, claro que se tivesse usado esse tipo de produto caro a minha vida todas eles sempre estariam assim.

O motivo de eu falar neles agora é que Maxime não tirava os olhos dos meus cachos que chegavam a passar da cintura, sempre gostei de ter cabelos longos e mesmo correndo o risco de pegar piolho nas ruas eu sempre optava por deixa-los compridos e soltos.

— Seu cabelo é lindo, quando Anastacia chegar ela pode te ajudar a realçar os cachos, ela mesma alisa os dela, mas quando consegue tempo de cuidar ela prefere deixar os cachos a mostra. — Maxime comentou me dando a certeza de que realmente ele estava olhando para meu cabelo. — Senta aqui, eles já estão vindo, vai ser legal conversarmos todos juntos, tem o habito de dormir cedo?

— Hn, na verdade quando se mora nas ruas você não dorme muito bem, ficamos sempre atentos por causa dos outros moradores de rua... — Tentei parecer suave, mas como diabos eu iria explicar aquele homem que os outros batiam na gente e obrigavam a gente a procurar outro canto pra dormir?

— Entendo, nunca mais vai passar por isso, está segura aqui, ninguém vai te fazer mal, sua vida agora é outra, pelo menos eu quero que seja, quero que se sinta em casa conosco.

— Você é gentil demais...

— Não faço por generosidade apenas, faço por gostar disso, na maioria das vezes sou um festeiro, gosto de baladas e de muita bebida, quando estiver mais habituada a essa rotina, vamos sair todos os dias e nossa unica função vai ser se divertir ao maximo que pudermos .

........ Anastacia/ Darlan.......

Conheci Maxime quando tinha quinze anos, eu estava prometida a ele e quando chegasse a maioridade iríamos nos casar, na época achei que tinha conhecido meu príncipe encantado.

Pensei que seria feliz ao lado dele e que aquele casamento era a salvação dos negócios do meu pai, não foi nem perto do que sonhei.

O casamento foi realizado quando chegou a hora, os negócios de meu pai foram salvos, mas o amor nunca existiu, Maxime era livre, não se prendia a relacionamentos, mesmo comigo ao seu lado, quando saíamos juntos ele sempre beijava outras pessoas.

Eu só o questionei uma vez, ele me disse que me amava, mas que isso não o impediria de se aventurar e amar a outras pessoas, com o passar dos anos ele apareceu na nossa casa com um rapaz.

No momento em que aquele mendigo entrou na nossa mansão eu soube o que ele era para Maxime, engoli em seco, coloquei um sorriso no rosto e ajudei aquele ser, hoje ele é digno de estar na nossa presença.

Hoje eu o tirei de Maxime, quero Darlan sempre ao meu lado, mas por ironia do destino, ele achou outro brinquedinho, uma garota de rua que em breve faria programas para sobreviver, como eu iria lidar com isso?

Darlan está do meu lado nisso, ele também não gostou da coisinha e agora que ela está morando em nossa casa aqui no Brasil, vamos mostrar a ela aonde exatamente é o lugar dela.

Maxime diz que ela só vai acompanhar ele aos eventos, mas eu conheço aquele olhar apaixonado, eu vi como ele olhou pra ela, sei que ela despertou o interesse dele, sei que não demora muito para que sejamos quatro.

— Está muito pensativa Ann... — Darlan Sussurrou ao meu lado.

Olhei pra ele desanimada e em seguida para as outras pessoas no bar.

— Ele mandou mensagem, ela vai morar com a gente... — minha garganta doía ao falar tais palavras.

— Doeu quando eu cheguei e dói agora com a chegada dela, Ann, não acha que seria melhor se divorciar? Veja bem você sofre a anos em silêncio...

— Não! — eu o interrompi. — Meu pai não me aceitaria em casa, ficaria falando da maldita empresa, eu só queria que Maxime me deixasse de lado, queria poder ficar longe dele.

— Você não disse a verdade a ele, até então ele acha que você o ama e que está se envolvendo comigo, diga a verdade e tudo se resolve. — Darlan soltou as palavras e eu quase senti vontade de bater nele.

Claro que pra ele era fácil dizer aquelas coisas, ele chegou depois, ele não sabia o que era ser apenas um do outro.

— Então vai mesmo continuar com o plano? Sabe que a viagem já deu errado, nem minha desculpa pra insônia nem o suposto assalto, Maxime é um homem bom, ele gosta de se divertir, mas não é o vilão. — Darlan me abraçou pelos ombros, parecia que estava se arrependendo.

A dois anos planejamos fugir e fingir nossa morte, assim ninguém iria nos fazer de consolo da meia noite, ele estava apaixonado por mim, eu por ele e juntos estamos contra Maxime.

Só que a chegada de Natalia aflorou tudo em meu ser, agora eu queria algo a mais, queria acabar com a vida de Maxime, por mais que Darlan o amasse ele era fiel a mim, jamais iria me trair, ele ficaria do meu lado nisso, eu podia ter plena convicção disso, ele me amava e me queria ao seu lado.

— Olha, eu vou fazer, também estou cansado disso tudo, mas não concordo Ann...

— Também não quero isso, mas que saída temos? Encontre uma saída Darlan e não precisamos tomar nenhuma atitude drástica. — Me soltei do meio abraço de Darlan e pude ver algumas pessoas a nossa volta me encarando. — Vamos pra casa, eu quero dormir e esquecer que estou viva...

Claro que tinha a obrigação de manter a pose, saímos do bar de cabeça erguida como se nada no mundo fosse nós atrapalhar, uma grande mentira que eu sustentava parabéns manter em pé.

Eu odiava as traições de Maxime, odiava ter que estar com Darlan e odiava ainda mais ser tocada por ele, Maxime não me procurava e nem tínhamos mais um momento de privacidade juntos.

Darlan estava cansado das traições também, do jeito dele, ele ficou do meu lado quando descobriu que não era o único na vida de Maxime, quando descobriu que todos eram ex amantes do bilionário com quem tínhamos nós casado.

Essa era a nossa incrível realidade.

Assim que chegamos em casa eu tive o desprezo de ver a coisinha dormindo no colo dele, como se o mundo fosse cor de rosa, igual ao quarto cheio de frescura que ele preparou pra ela.

Respirei fundo e soltei um sorriso animado, como se a cena fosse linda de ser vista, só que não era, aquilo era como beber estanho derretido, era a pior coisa do mundo.

"Ela sabe que nunca vai ser a única na vida dele?"

Claro que sabia, era algo idiota de se pensar.

— Boa noite querido, como ela está? — Minha voz saiu tão doce e delicada, eu tinha aprendido a ser falsa e hipócrita com o passar dos anos.

— Dormiu, mas vai ter uns dias difíceis, liguei pra pensão e a dona do lugar avisou que a polícia está dando ela como desaparecida, a mãe fez uma denuncia, não se preocupem já movi meus contatos. — Ele fala tão convicto, ele acha mesmo que eu me importo.

— Que pessoas sem noção, espero que aqui ela possa ficar em paz... — Darlan soltou em meio sorriso e se sentou ao lado dele, isso me irritou um pouco. — Podemos sair deste estado e ir a outro, até que seus negócios aqui sejam concretos, esqueça a besteira da lua de mel.

— Bom, acho válido sairmos do estado, mas não vou atrapalhar os planos de vocês hoje. — Maxime deu um beijo no rosto de Darlan e me olhou com carinho. — Você está tão linda hoje Ann, parece que está mais feliz...

— Eu tenho vocês, isso é o suficiente para que eu seja infinitamente feliz, vocês são meus anjos da guarda, sabem disso.

Olhei para a garota dormindo com a cabeça no colo de Maxime e vi que ele não tirava os dedos dos cabelos dela, sempre acarinhando para manter ela em sono profundo.

Darlan se ofereceu para colocar ela na cama e assim o fez, eu apenas fiquei na sala conversando com aquele que um dia tinha sido o grande amor da minha vida.

Minutos de conversa fria, sem amor e sem nenhum tipo de carinho, pelo menos era o que eu sentia, ele podia me elogiar e falar coisas bonitas, mas no fundo eu sabia que ele apenas me beijava as vezes por educação, para mantermos a boa convivência, sim isso era horrível, mas era o que eu tinha de Maxime agora.

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