Natália
Acho que constrangimento e timidez me resumiam de uma forma redundante, não tinha outra reação para se ter naquele ambiente, até bem pouco tempo atrás eu era moradora de rua, sim isso se encaixava em contos de fada, mas a realidade parecia jogar os detalhes na minha cara, eu poderia me vestir como eles, mas não seria eles, não tinha a classe deles.
— Parece que todos te conhecem... — Murmurei ao seu lado enquanto mantinha meus olhos nas pessoas ao redor.
— Não sou famoso, mas sim, algumas pessoas de negócios me conhecem, como aquele senhor de terno verde, ele é meu fiel comprador, aquela senhora na mesa a esquerda, fiel compradora também, eu tenho uma rede de pesca muito extensa no mundo, famoso eu não sou, mas como pode ver sou reconhecido. — Maxime me lançou um sorriso tão doce e tão cheio de carinho que senti o chão se abrir em baixo dos meus pés.
— Me sinto um peixe fora d'agua. — Afirmei evitando os olhares curiosos na minha direção.
— Eles não estão julgando você, estão julgando a ausência de Anastacia e Darlan, amanhã veja a central de noticias dos cinco bilionários mais badalados do mundo, sua foto vai estar lá, com uma frase chamativa... — Maxime riu do meu olhar confuso — Quem é a bela dama ao lado de Pierre Ravel, a pergunta que todos querem respondida. — Fez uma voz animalesca, o que ficou ainda mais engraçado misturado ao seu sotaque francês.
— Deve ser muito divertido provocar a curiosidade das pessoas... — Comentei e logo me passou algo pela cabeça, meus conhecidos não tinham o costume de ficar vendo manchetes de fofocas sobre famosos, mas se minha cara iria estar estampada na primeira pagina, havia sim o risco de me descobrirem. — Se alguém me reconhecer... — Comecei a falar mudando minhas expressões faciais, agora parecia que estava vendo um fantasma em minha frente.
— Relaxe, não vai voltar pra pensão, eu não vou permitir que façam algum mal a você, eu mesmo que sem querer te coloquei no fogo cruzado. — Maxime segurou meu ante braço com delicadeza. — Nossa mesa é aquela, um pouco mais afastada para que se sinta confortável e você fica de costas para o restante das pessoas, assim não fica constrangida.
Meus olhos brilharam com toda aquela delicadeza e cuidado e ao mesmo tempo sentia que ele quisesse me esconder das pessoas, o que foi um pensamento um pouco idiota da minha parte é claro.
Ele todo gentil e educado e eu parecendo uma maloqueira com roupas elegantes, ainda mantinha um sorriso em meu rosto, embora fosse algo um pouco falso, já que senti minhas bochechas começarem a ficar doloridas.
Assim que ele viu minha insegurança com os talheres e o meu pedido um pouco simples demais... Quem pede salada em um encontro com um bilionário Deus? Eu. Ele fez os pedidos tanto o meu como o dele, com o diferencial de que pra mim ele pediu suco natural e não vinho importado.
Maxime era simpático e pra me deixar ainda mais confortável do seu lado, comeu o frango com as mãos, usou até mesmo uma colher o que não era muito comum, mas ele estava dando o seu melhor, nenhuma palavra foi dita, ele apenas foi simples como eu, meu coração se encheu de alegria pelo acontecido e agora eu podia ter plena convicção de que não demoraria muito tempo e eu estaria completamente apaixonada por ele.
Algumas questões ainda rondavam minha mente, como o que ele havia dito sobre eu não voltar para pensão, isso era algo que o preocupava de fato, e sinceramente eu não sentia essa preocupação a flor da pele, a não ser pelo fato de que eu estaria em algum blog de fofoca e que por acaso do destino meu irmão, minha mãe ou Cristiano viessem a ver.
Olhando com atenção para esse detalhe, sim, a preocupação dele era real, pois eu sabia que minha mãe era violenta, meu irmão tinha acabado de sair da cadeia, eu não podia esperar que ele saísse de lá como se fosse um anjo, e tinha as cartas dele também, aonde ele afirmava ter emprestado o dinheiro para que minha mãe comprasse o maldito carrinho de salgados.
Sim, tinha um monte de pontas soltas nessa historia, mas eu não queria respostas, eu queria me ver livre daquilo tudo e incluísse do mundo deles, queria que eles acreditassem que eu tinha desaparecido no mapa.
— Natália?! — Maxime me chamou, tirando minha mente do devaneio.
Olhei pra ele sorrindo um pouco sem jeito.
— Minha mente foi um pouquinho longe, me desculpa. — Olhei para o prato a minha frente e já estava vazio, o dele também estava, aquela era de certo a hora de irmos embora. — Já vamos?
— Sim, o lugar ainda não te trás segurança, pensei em te levar a um passeio mais divertido e talvez menos elegante. — Maxime chamou o garçom apenas com um olhar, fiquei impressionada, geralmente nos barzinhos e lanchonetes temos que gritar para o príncipe notar a nossa presença.
Olhei para a comanda e aquele jantar simples e sem graça tinha saído na bagatela de mil e quinhentos reais, eu nem estava de barriga cheia, olhei para as anotações abaixo e vi que tinha uma taxa obrigatória para o garçom, pasmei ao ver que o cidadão ganharia trezentos reais de gorjeta.
Se eu trabalhasse com isso, talvez conseguisse levar minha vida sem voltar para as ruas, talvez, pessoas como eu não conseguiam boas colocações, eu não tinha modos e não tinha estudo, não faria sentido pensar em pedir um emprego de garçonete.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Eva Garbin
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2025-01-22
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