A manhã nasceu serena sobre o acampamento, o céu estava claro, nenhuma nuvem presnete. Vitor, após uma noite de observação no hospital, sentia-se melhor. O machucado em sua cabeça estava devidamente cuidado, e a preocupação inicial começava a se dissipar. Ele se dirigiu, juntamente com Maria, que havia passado a noite com ele, de volta ao acampamento. Na caminhonete, ele observa a paisagem, e sentia-se feliz em estar de volta para o lugar que ele tanto gostava de passar as férias.
Já no acampamento, ao se aproximar do refeitório, pôde sentir uma mudança no ambiente. Um murmúrio de vozes e risadas amigáveis enchia o ar, substituindo a tensão que pairava na noite anterior. Ao entrar pela porta, deparou-se com um cenário inesperado. Bandeirinhas coloridas balançavam ao vento, e uma mesa enorme estava repleta de cartões e muita comida. Seus amigos do acampamento, junto com os monitores e funcionários, estavam ali para recebê-lo.
Todos - Surpresa!
Gritaram em uníssono quando Vitor apareceu. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto observava a cena preparada com tanto carinho. Havia um banner improvisado com a inscrição:
"Bem-vindo de volta, Vitor!"
E balões coloridos adornando o ambiente.
Vitor não pôde conter o sorriso que se formou em seus lábios. Ele se sentiu tocado pela demonstração de afeto e solidariedade de seus colegas. Alguns o abraçaram, outros batiam palmas, e todos expressavam alívio por vê-lo de volta e bem.
João Pedro, um dos monitores e neto de Maria, se aproximou com um braço sobre os ombros de Vitor.
João Pedro - Estávamos todos preocupados, cara. Como você está se sentindo agora?
Vitor agradeceu com um aceno, ainda emocionado.
Vitor - Muito melhor, obrigado. Não esperava toda essa recepção.
Ele falou meio sem jeito. Vitor era um menino muito tímido.
João Pedro - Ela é merecida,todos nós ficamos preocupados com o que aconteceu.
Disse João Pedro, sorrindo.
João Pedro - O acampamento é uma família, e quando um de nós está machucado, todos sentem. Agora, venha, temos algo para você.
Guiado pelos colegas, Vitor se aproximou da mesa festiva. Cartões coloridos expressavam mensagens de apoio e melhoras. Alguns jovens haviam desenhado imagens alegres para animá-lo. As flores, frescas e vibrantes, davam um toque especial ao ambiente. O cheiro dos pães fresquinhos, feitos naquela manhã, deixava o ambiente ainda mais acolhedor.
Enquanto Vitor apreciava os gestos de carinho, seus olhos encontraram os de Luísa. Ela estava afastada, observando tudo com um misto de vergonha e remorso. Vitor percebeu seu olhar e decidiu abordar a situação, se aproximando da garota, com uma maturidade, que poucos ali tinham.
Vitor - Luísa, podemos conversar?"
Ela assentiu, aproximando-se timidamente, ainda com vergonha pelo que tinha feito. Vitor estendeu a mão, convidando-a a caminhar ao seu lado. Os dois se afastaram um pouco do agito da festa improvisada.
Vitor - Eu sei que a brincadeira não era para ser maliciosa,pelo menos não da sua parte.
Começou Vitor, olhando nos olhos dela.
Vitor - Mas machucou, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu só queria que você soubesse como me senti.
Luísa abaixou a cabeça, visivelmente arrependida. Ouvir aquilo a deixou triste. Ela pôde sentir pela voz de Vitor, que ele estava realmente ferido emocionalmente pelo que ela e Léo o fizeram.
Luísa - Eu sinto muito, Vitor. Não era para ter ido tão longe. Fui impulsiva e sem pensar nas consequências. Eu nunca quis machucar você, ou qualquer outra pessoa aqui. Me desculpa, por favor!
Vitor sorriu gentilmente.
Vitor - Está tudo bem. O importante é que aprendamos com isso. Mas se eu puder lhe dar um conselho, se afasta do Léo, ele não é o que você pensa, e pode ser perigoso.
Luísa ficou surpresa, ela sabia que Léo era um jovem rebelde, mas não achava que ele pudesse ser perigoso.
Luísa - Como assim perigoso?
Vitor , viu Léo entrar no refeitório. Sua expressão mudou completamente, ele estava pálido.
Vitor - Venha, vamos tomar café e aproveitar a festa. O passado fica no passado, ok?
Luísa balançou a cabeça afirmativamente, com um leve sorriso nos lábios. Os dois voltaram para a celebração, onde a atmosfera agora estava repleta de perdão e compreensão. Pelo menos entre Luísa e Vitor.
Léo que acabara de chegar no lugar, buscava Luísa com os olhos, ele a procurava como um caçador procura pela presa.
Ele a avistou conversando com Vitor enquanto comiam , seu olhar os fuzilou. Sem piscar, ele caminhou na direção dos dois, mas ao se aproximar foi parado por João Pedro.
João Pedro - Bom dia Léo, minha avó quer vê-lo na sala dela, agora mesmo!
João Pedro nem deu tempo para que Léo pudesse responder. Educamente o segurou pelo braço e o guiou até a sala de Maria, que já o aguardava.
Maria sentou-se na pequena sala de reuniões do acampamento, aguardando a chegada de Léo. A tensão pairava no ar, mas ela estava decidida a abordar a situação com firmeza. Pouco tempo depois, a porta se abriu, e Léo entrou, evitando o olhar de Maria.
Maria Sente-se, Léo.
Ela disse, indicando a cadeira à sua frente. O garoto obedeceu, sem fazer contato visual. Maria respirou fundo antes de começar a conversa difícil que se aproximava.
Maria - Léo, precisamos falar sobre o que aconteceu com Vitor ontem à noite.
Começou Maria, mantendo sua voz calma, mas firme.
Maria - Sei que você deve estar ciente das consequências da brincadeira de mau gosto que você e Luísa protagonizaram.
Léo desviou o olhar, visivelmente desconfortável.
Léo - Foi só uma brincadeira, não foi para machucar ninguém de verdade.
Maria suspirou, sentindo a necessidade de ser direta.
Maria - Léo, vocês foram longe demais. Vitor passou a noite no hospital, e seus pais já foram informados sobre o incidente. Estão bastante preocupados, como você pode imaginar."
O garoto tentou parecer arrependido, abaixando a cabeça.
Léo - Eu não queria que isso acontecesse. Já disse que foi só uma brincadeira, não achei que o Vitor pudesse se machucar. Eu passei a noite sem conseguir dormir, sinto muito.
Maria olhou fixamente para Léo por um momento, avaliando suas palavras.
Maria - Léo, esta é sua última chance aqui no acampamento. Sei que você é capaz de ser uma pessoa melhor, mas é preciso que você entenda a gravidade do que fez. Se houver mais incidentes como esse, não teremos escolha a não ser pedir que você vá embora.
Léo assentiu, fazendo uma expressão de quem entendia a seriedade da situação.
Léo - Eu prometo, Tia Maria. Isso não vai acontecer de novo. Eu mudei, aprendi com o que aconteceu ontem.
Maria, apesar de suas reservas, queria acreditar nas palavras de Léo. Ela sentiu uma pontada de esperança de que o garoto pudesse aprender com seus erros.
Maria - Eu espero que sim, Léo. Todos merecem uma chance de se redimir. Só não nos decepcione novamente.
Assim que Léo saiu da sala, Maria suspirou, pensando que talvez, finalmente, o garoto pudesse trilhar um caminho mais positivo. No entanto, enquanto observava-o se afastar, uma sombra cruzou seu rosto. Uma intuição incômoda sussurrou em sua mente, mas ela afastou esses pensamentos, desejando acreditar no potencial de mudança de cada indivíduo.
No momento em que a porta se fechou atrás de Léo, sua expressão mudou. O sorriso falso desapareceu, revelando um olhar frio e determinado. Ele apertou os punhos, prometendo silenciosamente que faria todos pagarem por suas palavras de advertência. Enquanto caminhava para longe, uma fúria silenciosa ardia em seus olhos, e uma nova determinação surgia em seu coração. O acampamento se tornaria o palco de sua vingança, e ninguém ficaria imune à sua ira.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 73
Comments