Capítulo 8

Maria conduziu Luísa até o chalé, revelando o aconchegante refúgio no coração do acampamento. Ela olhou em volta, não era um lugar muito grande, mas era até bem arrumadinho. Em um lado do lugar havia uma cama de solteiro e no outro lado um beliche com duas camas.Haviam também três pequenos armários para guardar as roupas e objetos pessoais.

Luísa - Isso é minúsculo? Como vou sobreviver aqui?

A porta se abriu, duas lindas jovens que aparentavam ter mais ou menos a mesma idade de Luísa, entraram no quarto.

Maria - Luísa, essas são sua colegas de quarto. Letícia e Ana.

As meninas pareciam animadas para receber Luísa, ela porém, não conseguiu disfarçar sua expressão gélida. Em sua mente, elas não estavam à altura de compartilhar o mesmo ambiente que ela. A tensão pairou no ar, criando um clima desconfortável entre as recém-conhecidas. Maria percebeu.

Maria - Meninas, essa é a primeira vez da Luísa aqui. Ela é carioca, e não tem costume com ambientes como esse. Tratem-na bem e apresentem o lugar e as pessoas para ela.

Ana - Claro, Tia Maria!

Ana ,dezesseis anos, era uma menina doce e educada. Paulista e vinda de uma família de classe média, a linda ruiva era filha de professores. Seus pais, se organizavam financeiramente durante todo o ano, para mandar a filha de férias para o acampamento, Aquele já era o terceiro ano dela no lugar. Ela amava aquele ambiente, estar rodeada de animais e da natureza, a relaxava da vida corrida na capital paulista. Dona de lindos olhos cor de mel, a ruivinha como era chamada pelos amigos, tinha um metro e sessenta de altura, e tinha um corpo magrinho, com a pele bem clara. Parecia uma linda bonequinha.

Já Letícia, era o oposto da amiga. Diante dos seus um metro e setenta, e corpo cheio de curvas, a linda morena chamava atenção por onde passava. Seus cabelos longos, negros e cacheados, brilhavam ao vento, a menina era uma linda mulher. No auge dos seus dezessete anos, Letícia que morava na na mesma cidade onde o acampamento estava situado, participava das atividades ali desde criança. Seu pai trabalhava no local, era um dos coordenadores, e Letícia conhecia tudo ali como a palma de sua mão. Diferente de Ana, que era meiga e delicada, Letícia era bruta e bem corajosa. Acostumada lida da fazenda, principalmente com os animais, ela não tinha papas na língua, e resolveu dá um choque de realidade em Luísa, assim que Maria saiu do quarto.

Luísa estava sentada na cama, quando Letícia se aproximou.

Letícia - Olha aqui garota, aqui não é o palácio que você esta acostumada a viver. Não temos empregados, então mantenha o quarto limpo e arrumado. Aquele ali é o seu armário, arrume suas coisas, e nos encontre la fora para que nós possamos lhe mostrar o lugar.

Luísa olhou para Letícia com despreso.

Luísa - E você, quem pensa que é para falar comigo dessa maneira?

Letícia - Quem eu sou para você, é você quem vai escolher. Posso ser sua amiga, lhe mostrar como aproveitar o lugar e se divertir. Mas também posso ser seu pior pesadelo. Você escolhe!

Luísa - Ou quem sabe, eu serei o seu pior pesadelo!

Ana percebe o clima ficar ainda mais tenso no lugar, e intervem.

Ana - Luísa, arrume suas coisas com calma. Voltamos mais tarde para mostrar o lugar e apresentar as pessoas.

Ana segura Letícia pelo braço delicadamente e tira a amiga do quarto, antes que o clima ficasse ainda pior.

Assim que as meninas saem, Luísa abre a mala, e se surpreende ao notar que ali, só havia poucas roupas e nenhum de seus cremes diários.

Luísa - Onde estão meus cremes? Meus perfumes importados? A Zezé não colocou meu secador? O que está acontecendo? Isso só pode ser um pesadelo.

A pedido de Henrico, Zezé não tinha mesmo colocado nada daquilo na mala de Luísa. Henrico queria que ela aprendesse a viver com o básico, era uma forma de repreende-la , mas também de lhe ensinar lições importantes na vida.

Luísa, tomada pela irritação de estar no acampamento contra sua vontade, e sem suas coisas, decidiu manifestar seu descontentamento de maneira inconveniente. Num acesso de raiva, esvaziou os armários de Ana e Letícia, espalhando todas as suas roupas pelo chão do quarto que compartilhavam. Enquanto fazia aquilo, ela sorria parecendo satisfeita.

Vendo que a nova colega estava demorando a sair do chalé, Ana e Letícia voltaram para buscá-la. Ao entrarem no lugar a expressão de surpresa e indignação das colegas refletia a intensidade do ato impensado de Luísa,

Letícia - Miserável, eu vou acabar com você!

Letícia foi na direção de Luísa, mas não conseguiu alcança-la, Ana a segurou.

Ana - Não Leti, não vale a pena!

Letícia - Olha o que ela fez com nossas coisas, Ana. Eu vou fazer ela arrumar tudo no lugar novamente.

Luísa - Eram de vocês? Me desculpem, achei que fosse panos de chão velhos. kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Letícia respirou fundo, seus olhos refletiam a raiva que ela estava sentindo.

Letícia - Sua, va...

Antes que Letícia pudesse terminar a frase, Maria entrou no quarto.

Maria - Que gritaria é essa aqui? O que houve nesse quarto?

Ana explica o que tinha acontecido, Maria pede que as duas se retirem do quarto e fica sozinha com Luísa.

Maria - Luísa, sei que você deve está acostumada a esse tipo de brincadeira de mal gosto de onde você veio, mas aqui isso não é tolerável. Você vai arrumar tudo como estava, e só sairá desse chalé depois que fizer isso. Ficarei aqui, para garantir que você não apronte mais nada.

Luísa olhou para Maria, com um misto de sensações. Maria falava calmamente, mas ao mesmo tempo firme. Apesar de está revoltada com os pais, ela não queria desrespeitar aquela senhora tão educada. Mas ela também não daria o braço a torcer assim tão fácil.

Sem falar nenhuma palavra, ela pegou todas as roupas do chão e organizou nos armários das meninas. Assim que acabou, Maria a levou para fora do chalé e a acompanhou até do lado de fora, ela mesmo a apresentaria para as pessoas e lhe mostraria o lugar.

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