Henrico havia decidido que Luísa repetiria o ano. Ele não gastaria mais nenhum centavo desnecessário com ela. Isabel ainda tentou contornar a situação, mas ele estava irredutivel.
Henrico - Não adianta Isabel, infelizmente a Luísa está decidida a não fazer essa prova. E eu não vou força-la e gastar dinheiro com isso.
Isabel - E vamos deixá-la assim? Simplesmente vamos desisti?
Henrico - Não, o acampamento ainda está de pé. E ela embarca hoje. Já pedir para a Zezé fazer a mala dela, apenas com o básico.
Isabel - O básico?
Henrico - A Luísa terá que aprender que a vida não é só essa moleza que nós damos a ela não. O acampamento para qual ela está indo, é outro. É um acampamento para jovens de classe média, jovens vindo de famílias que batalham dia após dia para pagar as contas e ter o mínimo de conforto. Nós criamos a nossa filha como uma princesa, talvez esse tenha sido o nosso erro. Ela não conhece outras realidades, e lá ela passará a conhecer.
Isabel - Você tem certeza que esse é o melhor caminho? A Luísa vai ficar revoltada.
Henrico - A Luísa já esta revoltada, e sem motivo algum. Não sei o que deu nessa menina, mas essa será minha última cartada. Ou ela aprende e muda, ou terei que usar a nossa última opção.
Isabel - O colégio interno na Suiça? Só para meninas?
Henrico - Acredite, eu não quero ficar longe da nossa filha, Mas se for preciso, ela irá para a Suiça.
Enquanto Henrico e Isabel conversavam no escritório, Luísa acordava com Zeze fechando uma mala em seu closet.
Luísa - O que está fazendo mexendo nas minhas coisas, Zezé?
Ela não respondeu, a resposta veio de seu pai que acabara de entrar no quarto.
Henrico - Se vista, nós vamos sair.
Luísa - Para onde vamos?
Henrico - Se vista Luísa, você tem dez minutos.
Henrico saiu do quarto acompanhado de Zezé que puxava a pequena mala rosa com plumas. Luísa não estava entendendo nada, mas fez o que seu pai mandou e em menos de dez minutos já estavam entrando no carro. Seu pai dirigia em silêncio, sua mãe ao seu lado , de óculos escuro, chorava disfarçadamente.
Logo eles estavam na auto estrada, a caminho do aeroporto. Entraram em um helicóptero e em meia hora estavam pousando em uma fazenda isolada. Lá uma caminhonete velha os esperava. Uma senhora de cabelos grisalhos esperava por eles.
Henrico - A senhora deve ser a Dona Maria, acertei?
Maria - Sim, sejam muito bem vindos ao nosso rancho.
Enquanto seus pais cumprimentavam a senhora, Luísa do helicóptero já pressentia o que estava acontecendo.
Isabel - Nossa filha ficará bem?
Maria - Entendo a preocupação, mas como conversamos ao telefone, a filha de vocês será muito bem cuidada aqui. E com certeza aprenderá muito conosco. Agora nós precisamos ir, ainda temos um bom pedaço de chão pela frente.
Henrico vai até Luísa, que sai da aeronave a contragosto.
Luísa - Pai, por favor, eu prometo me comportar e fazer tudo que o senhor quiser, mas não me deixa aqui nesse fim de mundo.
Henrico - Tenho fé que você voltará com outra perspectiva de vida Lú. Acredite, estamos fazendo isso para o seu bem.
Isabel tenta dar um beijo de despedida na filha, que entra no carro sem da oportunidade a mãe de beija-la. Luísa estava com muita raiva e em sua cabeça ja planejava em como se vingaria dos pais por estarem fazendo aquilo com ela. Henrico e Isabel voaram de volta para o Rio de Janeiro, enquanto Luísa seguiu até o acampamento, que ficava no interior de São Paulo, em uma fazenda.
No caminho de onde eles pousaram, até o acampamento, levou em torno de trinta minutos. Durante o caminho Dona Maria, tentou puxar assunto com Luísa, que fingiu não ouvir o que a mulher falava. Sem celular e fones de ouvido, Luísa se virou para a janela do carro, onde se concentrou apenas no caminho que para ela, era o caminho do fim do mundo. A estrada era de barro, com muito buracos e curvas estreitas. Do lado de fora a paisagem era só pasto e animais, Luísa nunca na vida tinha ido a um lugar como aquele. Ela não curtia muito a natureza naquele extremo.
Elas chegaram ao local, uma linda fazenda composta por uma casa grande centralizada e varias casinhas menores ao redor. No centro, em frente a casa grande, troncos de madeira deitados formavam bancos ao redor de uma fogueira.
Maria - Seja bem vinda Luísa, essa será sua casa nas próximas semanas. Espero que você se divirta e aprenda muito conosco.
Luísa - A senhora só pode está brincando comigo não é? Eu nunca conseguirei me divertir em um lugar como esse.
Maria - Você irá se surpreender em como um lugar como esse, pode ser divertido. Mas agora venha, vou leva-la até o seu chalé e apresentar suas colegas de quarto.
Luísa - Colegas de quarto? Nem pensar! Eu não divido quarto com ninguém, jamais.
Maria - Aqui, você dividirá!
Dona Maria tinha uma paciência que para muitos, era um dom. Ela conhecia a história que tinha levado Luísa ate ali. Sabia da rebeldia da garota, e sabia mais ainda que seria difícil para ela se adaptar a uma mudança tão brusca de ambiente. Mas, pela sua experiência lidando com aquele tipo de jovem a tanto tempo, ela sabia que com o estimulo certo, Luísa sairia dali renovada.
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Atualizado até capítulo 73
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