CAPÍTULO 5...

⚠️CONTÉM GATILHO⚠️

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THAWANY...

Tudo o que está acontecendo com o meu CHEFE está me deixando um pouco confusa. Tenho que estar a todo momento me lembrando que somos chefe e empregada... Pois, ele vem a minha mente a cada minuto.

Ajudo a Luna com o dever de casa, que são basicamente algumas atividades de pintar, e logo o Pedro bate na porta com o Noah no colo.

— Jantar servido.

A Luna fica toda alegrinha e pede colo a ele, mesmo o Noah já estando nos braços do pai.

— Filha, o tio já está com o Noah no colo — o Pedro me olha e a expressão dele me faz arrepiar.

— Vem aqui princesa, o tio leva você lá pra baixo.

Ele se abaixa e pega ela no colo, que fica toda animada, o Noah olha para ela sorrindo e bate palmas, o senhor Pedro olha para mim como se dissesse "Viu só? Eu posso com eles dois".

Descemos e quando chegamos a cozinha, me encanto com tudo, era simples, mas muito elegante, trazendo vários traços de uma casa de campo para a cidade.

Ele ajuda as crianças sentarem nas cadeiras e em seguida puxa a da ponta para mim, sentando do meu lado logo em seguida.

— Espero que vocês gostem do que preparei. É bem simples, só para não dormirmos sem janta — ele começa servir o meu prato e eu me sinto incomodada, seguro a mão dele e ele franze a testa — não come arroz?

— Não é isso...

— E o que é então? Coloquei muito? — ele fala e vejo uma grande interrogação na sua testa.

— O senhor estar servindo o meu prato... — ele olha para o prato e olha para mim, depois olha para as panelas.

— Estou... Qual o problema?

— Não deveria ser eu a servir o senhor? — ele abre um sorriso de canto termina o meu prato.

— Você pode me servir de outra forma, mas não aqui na frente das crianças, Anny...

Ok?! Eu não sei mais nem mesmo o meu nome depois de uma dessas! Mainha do céu... Ajuda eu aí da Bahia, por que se não... Acho que eu vou acabar perdendo as estribeiras.

As crianças estão alheias ao que está acontecendo, afinal... São crianças. Começo a comer, e nossa... Está uma delícia, os dois piticos sentados lado a lado, comem do jeitinho deles, o Noah parece um príncipe ajudando a Luna.

Janto tranquilamente, observando as crianças, sinto o olhar do Pedro em mim a todo instante, parece até que ele quer que eu perceba que ele está me secando.

— Estou ficando envergonhada já, Rick.

— Rick?! — olho para ele que está com a sobrancelha arqueada — de onde tirou esse nome?

— Você me deu um apelido... E todos me chamam de Tatá...

— Tá... E de onde veio o "Rick"?

— Do Henrique — abro um sorrisinho e ele agora tem as duas sobrancelhas arqueadas — combina melhor... "Rick Jones" — falo essa última parte próximo ao ouvido dele.

Me levanto da mesa e levo as crianças sacada a cima, hora de dormir. Ajudo primeiro o Noah a escovar os dentes, aproveito e já entrego a escova da Luna para adiantar os dois lados. Coloco o pitico na cama e faço apenas um carinho nos seus cachinhos, e logo ele está dormindo, parece que ele se cansou bastante hoje.

Vou até o "meu" quarto e coloco a Luna na cama, ela também está bastante cansadinha, então me deito ao lado dela, em poucos minutos a sua mãozinha está segurando o seu paninho, uma manta que ela é muito apegada para dormir.

Faço carinho com cuidado no seu rostinho, respiro fundo e deixo um beijo no seu cabelo.

Quando descobri a minha gravidez, foi tão... Devastador... Eu tinha acabado de sair de um relacionamento tóxico com o pai da Luna, o Renan. Foram poucos meses juntos, mas... Esses poucos meses serviram para me mostrar que muitas vezes, o golpe vem de quem menos esperamos.

Moro aqui no Rio faz poucos meses, pois, vim para cá depois que fui demitida, pisoteada e humilhada na minha cidade natal, Salvador. Tive total apoio da minha família quando decidi me dar um tempo de tudo aquilo.

Agora... Agora vivo com um alvo nas costas, sendo ameaçada. Não só pelo Renan, que quer a minha filha, mas por está sendo procurada pelos riquinhos esnobes que me roubaram o emprego. Eles querem que eu pague por algo que não fiz.

Saio do quarto, deixando a minha filha o mais segura possível na enorme cama onde ela está dormindo, e saio de mansinho. A casa já está toda escura, em silêncio. Caminho com cuidado até o jardim, sou recebida pelo vento frio da noite quando abro a porta de vidro e piso do lado de fora.

Estou envolvida com um casaco grande, então apenas me sento num dos degraus de madeira com os pés na grama. Penso em tudo o que já passei, o que ainda estou passando, e que ainda vou passar.

Olho para o céu e as estrelas brilham fraquinho, solto a minha respiração e ela vira fumaça. Sinto os olhos arderem, mas me recuso a chorar.

Os pensamentos giram na minha mente, me levando ao centro de toda a minha dor. Tenho me feito de forte há tanto tempo, guardando dores que eu deveria pôr para fora... Mas de nada serviram os vários anos de terapia que fiz.

Ultimamente tenho crises de ansiedade, a última que tive, eu era adolescente, foi quando os meus pais me levaram a um psicólogo e iniciei as sessões de terapia, mas eu larguei, me dei alta, pois, eu tinha encontrado a minha cura, a minha filha.

Hoje... Hoje ela também tem sido a minha maior fraqueza. É por tentar dar tudo que ela precisa, ser uma boa mãe, um bom exemplo, que ela se tornou minha fraqueza. Me sinto fraca quando penso que posso perder ela.

As lágrimas já estão em cachoeira quando me dou conta, tento faze-las parar, mas já é tarde de mais... O meu corpo começa a tremer, não só pelo vento frio. A minha respiração está presa, o meu coração dói... E eu só consigo chorar, chorar e me perguntar porque isso está acontecendo.

Ponho a mão na boca tentando silenciar os meus soluços, cravo as unhas na minha própria carne tentando fazer o meu cérebro mudar o foco da dor, mas é inútil.

A cada segundo que se passa, mais trêmula, agitada, e sem ar, eu me sinto, estou caindo, estou flutuando... Estou me afogando, estou como um peixe fora d'água.

— Shiiii calma — olhos castanhos encontram os meus, e bravos fortes me seguram firme — olha pra mim...

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