Eu olhei em volta, tentando me acostumar com a súbita mudança de cenário e com a visão deslumbrante do palácio dourado que brilhava ao ponto de fazer meus olhos arderem. Os outros ainda pareciam estarem desorientados e confuso com tudo. Enquanto isso eu adimirava as tapeçarias penduradas no teto e as paredes decoradas com ouro já que isso não é algo que se vê todos os dias.
— Onde estamos? — Perguntou Kendra, sua voz ecoando pelo corredor.
Eira e Nilo também estavam tentando entender a situação, olhando ao redor e para o homem que os chamava de convidados.
Eu ainda estava apoiado em Kendra devido a minha perna, logo eu olhei para o homem no trono. Ele tinha uma presença imponente e sua voz soava com uma autoridade que não era fácil de ignorar.
— Convidados, venham! — Insistiu o homem, com um gesto amplo de sua mão.
Cautelosamente, eu e os outros começamos a caminhar pelo corredor em direção ao trono (porquê, você me pergunta? bem, em um lugar desses a melhor decisão a se fazer é primeiro obedecer e depois lutar). Nós passamos por estátuas e obras de arte que pareciam serem feita de ouro maciço, cada passo revelando mais da riqueza que aquele lugar ostentava.
Ao chegarmos mais perto, pudemos ver que o homem no trono tinha uma aura de poder e confiança. Seus olhos brilhavam com uma inteligência e astúcia que só podiam pertencer a alguém de status divino ou semelhante.
— Bem-vindos ao meu domínio, — Disse ele, com um sorriso enigmático. — Eu sou Midas, outrora rei que transformava tudo em ouro com um toque. E vocês, meus convidados, estão no meu palácio, onde todos os desejos podem se tornar realidade, por um preço.
Eu olhei para os outros regentes e então de volta para Midas.
— Midas? Como no mito do toque de ouro? — Eu perguntei, surpreso por me lembrar desse conto.
— O próprio, — Respondeu Midas. — Mas vamos deixar as apresentações de lado. Vocês foram trazidos aqui por um erro nos jogos, mas talvez este seja um erro fortuito. Talvez eu possa ajudá-los, ou vocês a mim. Tudo neste lugar é negociável.
Eu então tentei me lembrar do mito, Midas havia ganhado o poder de transformar o que tocasse em ouro, mas no fim isso se revelou uma maldição... e é isso que eu me lembro.
— Mas não era para você já estar morto? — Perguntei sem pensar.
Ele me olhou mortalmente calmo — Sim, mas os deuses são bons e deram-me outra chance para mim contanto que eu os divertissem de alguma maneira —
— Como assim diverti-los? — Eu perguntei novamente.
— A garota de cabelos ruivos, se aproxime — Midas diz apontando para Kendra, que a mesma hesita.
— Não se preocupe, eu não mordo — Ele diz com um sorriso suspeito — Só quero lhe entregar isso — Midas retira uma adaga dourada do bolso e revela para Kendra.
Kendra olha para a adaga com ganância, o que parecia não combinar com ela. Ela então começa a caminhar lentamente em direção de Midas, como se tivesse hipnotizada. Quando estava próximo do rei, o semblante no rosto dele muda para um sorriso maléfico e ele tenta agarrar o punho de Kendra para transformar ela numa estátua de ouro.
— Te peguei! — Diz Midas animado.
Por sorte eu já estava preparado e puxei Kendra para trás antes que Midas a tocasse.
— Agora que me lembrei, você transformou a sua filha em ouro por ganância — Eu digo tentando provoca-lo.
— Aquilo foi um acidente! — Ele grita perdendo a compostura.
— E não só isso — Pego um pequeno pedaço de ouro que tinha no chão e jogo na coroa de Midas, a derrubando e revelando seu par de orelhas de burros — Apolo também te deu um par de orelhas de burro... por algum motivo que eu não me lembro agora —
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Atualizado até capítulo 24
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