Outra participante.

— Meu nome é Theo — Respondi, tentando parecer o mais calmo possível. — E você é? —

Ela me observa com cautela, seus olhos descem até meus pés e logo volta a olhar em meus olhos, mas o medo em seus olhos lentamente se transforma em curiosidade.

— Eu sou Lira — Ela responde, abaixando a mão que antes estava pronta para atacar. — Como você sabia a resposta para desse enigma? —

— Eu não sabia — Admiti com um leve encolher de ombros. — Foi apenas um palpite. Parecia se encaixar, não acha? —

Lira assentiu, parecendo aceitar minha resposta. Ela então olhou para o pingente no meu pescoço e seus olhos se arregalaram.

— Isso... você matou um basilisco? — Perguntou ela, apontando para o pingente.

— Ah, você diz um cobra gigantesca? Sim, acredite ou não — Respondi, sentindo uma pontada de orgulho. — Foi... difícil — Mentira, mas duvido que ela acreditaria que eu matei aquilo com facilidade.

Lira parecia impressionada, e eu não pude deixar de sentir uma espécie de satisfação com isso. Afinal, não é todo dia que você mata uma serpente gigante e sobrevive para contar a história.

— Impressionante. — Ela disse esboçando um sorriso no rosto — Você é regente de algum deus? —

— Aaaaa... sou... regente de Apolo? — Eu respondo, porquê eu menti você pergunta? Eu também não sei, mas tive a sensação de que era preciso.

Aparentemente eu sabia o nome de um outro deus.

— Sério? Prove —

Eu apertei o meu peito e a marca começou a brilhar, espero que não seja comum isso, senão a minha mentira não cai adiantar de nada.

— Você realmente é o regente de Apolo — Ela disse parecendo acreditar — Você se encontrou com alguma outra pessoa antes de mim? —

— Não, talvez uma, mas eu não consegui reconhecer se era realmente uma pessoa ou um monstro já que aquilo estava atirando flechas em mim —

Enquanto eu falava, ela se virou para a placa novamente e escreveu com o dedo a minha resposta do enigma, as letras brilharam e a parede se abriu em duas liberando um novo corredor.

— Me siga — Ela falou, a sua voz se tornando mais tensa.

Enquanto caminhávamos pelo corredor em silêncio, eu decidi tentar obter algumas informações.

— Então, Lira, você é regente de qual deus? — Perguntei.

— Sou a regente de Afrodite — Ela respondeu.

— Afrodite é a deusa do amor e da beleza não é? Faz sentido olhando para você — Ela me olha de forma estranha, melhor eu mudar de assunto — Está a quanto tempo aqui? —

— Não sei exatamente, talvez dias, talvez semanas —

— Você sabe o que a gente precisa fazer para fugir daqui? —

— Não faço ideia, acho que apenas sobreviver e avançar no labirinto —

As palavras de Lira pareciam carregar um peso sombrio, indicando a incerteza e a complexidade do labirinto em que estávamos presos. Caminhando pelo corredor sombrio, a sensação de desorientação só aumentava, pois não tínhamos ideia do que estava por vir ou se havia uma saída clara.

— Parece que esse labirinto tem suas próprias regras e desafios. — Comentei, olhando para os lados enquanto avançávamos. — Algumas coisas simplesmente não fazem sentido aqui.

Lira assentiu, parecendo concordar com minha observação.

— Parece que estamos em um jogo onde não conhecemos as regras completas. E é assustador pensar que cada passo que damos pode ser um perigo mortal — No mesmo instante que ela disse isso uma flecha foi disparada entre as frestas da parede, por sorte eu percebi e consegui puxar ela antes de ser atingida.

— Obrigada — Ela respondeu parecendo estranhamente tímida de repente.

Enquanto seguimos caminhando e falando, percebemos que o corredor se dividia em duas direções diferentes. Sem ter certeza do caminho a seguir, olhei para Lira em busca de orientação.

— Qual caminho devemos tomar? — Perguntei, tentando decifrar as possíveis rotas à nossa frente.

Lira ponderou por um momento, examinando as duas direções.

— Vamos pela direita. Algo me diz que é por ali que devemos seguir. Confio nos meus instintos — Disse ela, decidida.

— Espero que seus instintos não matem a gente — Murmuro para mim mesmo.

Seguimos pelo corredor da direita, mantendo-nos alertas para qualquer sinal de perigo iminente. As tochas iluminavam o caminho, mas uma sensação de estar sendo vigiado começou de repente.

A tensão aumentava a cada passo que dávamos, com a sensação de que estávamos sendo observados de perto. O silêncio pesado do corredor à frente só aumentava a nossa apreensão.

— Lira, você também está sentindo isso, certo? A sensação de que não estamos sozinhos aqui... — Murmurei, tentando não deixar transparecer meu nervosismo.

Ela assentiu, seus olhos varrendo o ambiente em busca de qualquer sinal de perigo iminente. O corredor sinuoso parecia interminável, e cada sombra projetada pelas tochas se transformava em uma possível ameaça aos nossos olhos alertas.

— Isso não é normal... — Sussurrou Lira, com um toque de tensão em sua voz.

Antes que pudéssemos avançar muito pelo corredor, um estrondo ecoou pelo ambiente, seguido por uma vibração intensa. Olhei para trás e percebi que a passagem pela qual tínhamos entrado estava bloqueada por uma parede rochosa maciça.

— Novidade, é claro que a entrada se fechou... quem fez esse labirinto não foi muito criativo na parte de encurralar —

— Cale a boca, melhor as paredes se fecharem do que nos esmagarem — Respondeu Lira, examinando a parede bloqueada à nossa frente. — Há alguma saída por aqui? —

Enquanto examinávamos a área procurando por uma fenda, um símbolo estranho apareceu diante de nós, brilhando fracamente no chão. Era um círculo com runas inscritas em seu interior, emitindo uma luz suave e misteriosa.

— O que é isso? — Perguntei, apontando para o símbolo.

— Não faço ideia, mas talvez seja alguma pista ou um sinal. Acho que precisamos tocar ou interagir com isso... — Sugeriu Lira, cautelosa.

— Eu não vou tocar nisso — Falei me afastando do símbolo.

— Vai deixar uma garota correr perigo? — Lira diz tentando me fazer se sentir culpado. A tentativa funcionou.

Aproximei-me do símbolo com cautela, minha mão tremendo ligeiramente ao tocar as runas inscritas no chão. Quando entrei em contato com o símbolo, uma sensação estranha percorreu meu corpo, e uma visão rápida, quase como um lampejo, invadiu minha mente: uma figura encapuzada que desapareceu nas sombras do labirinto.

— O que foi isso? — Perguntei a Lira, tentando compreender o que acabara de acontecer.

— O quê? Você viu alguma coisa? — Ela perguntou tocando o meu ombro.

— Eu vi uma imagem, eu acho, parecia... — Antes que eu pudesse respirar algo me interrompe, uma respiração distante, do outro lado do corredor.

O mito mais famoso da mitologia grega, uma criatura metade homem e metade touro, o Minotauro.

— Acho que eu sei onde estamos — Falei me levantando enquanto mantinha os meus olhos no monstro, que encarava nós dois de forma concentrada (provavelmente pensando em qual de nós ele devoraria primeiro).

Eu (por mais idiota que pareça) pensei em lutar usando a minha recém-adquirida adaga, mas essa opção foi descartada rapidamente após ver o enorme machado de lâmina dupla que aquilo estava segurando. Só tinhamos uma coisa a se fazer, fugir. Eu segurei a mão de Lira e comecei a correr na direção oposta da do Minotauro.

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Lira? que nome estranho

2023-11-26

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