Ganhei um guia famoso.

Midas, furioso por ter suas orelhas de burro reveladas, rapidamente se recompõe. Ele pega a coroa caída e a coloca de volta na cabeça, cobrindo as orelhas.

— Sim, Apolo me concedeu estas orelhas por ter duvidado da superioridade de sua música em relação à de Pã — Midas disse com desgosto. — Mas estou aprendendo com meus erros. E como vocês podem ver, minha maldição do toque de ouro foi modificada pelos deuses para fins de entretenimento deles. Agora, eu só transformo em ouro o que eu desejar, ao invés de tudo que toco — ele explicou, com um olhar astuto.

— Então você está aqui para nos entreter ou para ser entretenimento dos deuses? — perguntou Eira, ainda desconfiada da situação.

— Um pouco dos dois, eu diria — respondeu Midas. — Mas deixemos isso de lado por enquanto. Vocês vieram aqui por causa de um erro no jogo dos deuses. Talvez eu possa oferecer algo que os ajude na jornada, mas como disse, tudo aqui tem um preço.

Nilo, que estava quieto até então, falou:

— E qual seria esse preço? Não estamos interessados em mais maldições.

Midas sorriu ainda mais amplamente, o que pareceu um presságio de más intenções.

— Ah, os preços variam. Pode ser um favor, um serviço, algo de valor que você possua... Vamos negociar. O que vocês têm a oferecer?

Théo, ainda apoiado em Kendra, olhou para seus companheiros, tentando transmitir uma mensagem silenciosa de cautela. Eles sabiam que qualquer acordo com Midas poderia ter consequências imprevistas.

— Nós precisamos pensar sobre isso — disse Kendra, atenta. — Não podemos simplesmente aceitar qualquer oferta sem considerar as repercussões.

— Muito sábio da sua parte — concordou Midas, parecendo desapontado, mas não surpreso. — Tenham em mente que o tempo é um luxo que vocês talvez não possuam. Estão num jogo dos deuses, afinal.

Enquanto o grupo ponderava a oferta de Midas, eles também se lembraram de seus amigos, Lira, Scott e Maya, que foram separados deles devido à correção de erro nos jogos. Eles precisavam encontrar uma maneira de se reunir novamente e também descobrir como avançar nos jogos sem cair em armadilhas.

— Midas, você pode nos dizer onde estão nossos amigos? — perguntou Eira, esperando que o rei pudesse lhes dar pelo menos essa informação sem cobrar um preço exorbitante.

— Ah, os outros competidores? — Midas fez um gesto teatral, e uma imagem etérea de Lira, Scott e Maya apareceu diante deles, como se fosse uma visão mágica. Eles pareciam estarem em um palácio também — Eu não me preocuparia com eles no momento, eles foram enviados para um rei muito mais confiável que eu, provavelmente por serem regentes dos deuses e vocês serem dos titãs existe uma preferência bem óbvio aqui — Na imagem Théo pode ver um homem em um trono, era um homem músculoso, o cabelo negro e com olhos afiados como o de um guerreiro experiente.

— Quem é ele? — Perguntou Théo.

— Quem você acha? Esse é um dos maiores heróis gregos que já existiram, esse é o próprio Odisseu em carne e osso — Midas balançou a mão e fez a imagem desaparecer — Mas deixemos isso de lado e vamos focar aqui. Isso que eu mostrei podem considerarem um pequeno presente — Midas sorriu para o grupo — Agora me digam o que desejam —

Théo olhou para o chão pensativo e se separou de Kendra — Eu quero saber como encontramos a saída desse lugar — Disse Théo com a voz firme.

Midas pareceu se surpreender com o pedido, mas logo voltou a sorrir — Essa é a primeira vez em muito tempo que alguém me pede algo assim, tudo bem, eu lhe conto como fugir, mas isso custará caro e tornará a sua fuga ainda mais difícil —

— Qual vai ser o preço? —

Midas jogou um anel para Théo, que o agarrou no ar — Infelizmente, mesmo depois daquilo que eu contei antes, mesmo que os deuses me perdoem eu ainda vou continuar preso aqui pela eternidade, se você me levar junto eu lhe contarei tudo o que quer saber —

Théo olhou para Midas com suspeitas, mas não tinha outra escolha a não ser aceitar para poder fugir — Tudo bem, eu lhe ajudo a sair daqui —

— Ótimo! Bem como vocês devem já terem percebido, todo esse lugar é o famoso labirinto de Dédalo, e caso você chegue no centro você poderá encontrar a saída —

— Simples assim? — Perguntou Nilo.

— Claro que não, o problema disso tudo é o que protege o centro do labirinto, uma hidra — Midas se levantou do seu trono e começou a andar em direção a Théo — E antes que eu me esqueça, esse anel que eu lhe entreguei é onde está a minha alma, então você não deve perder ele — O corpo de Midas tremeu e foi sugado para dentro do anel como fumaça.

— Ei e como nós saímos daqui? — Indagou Théo.

Um estalo de dedos ecoou de dentro do anel — Antes de vocês saírem, irei avisa-los que ao colocarem os pés para fora do meu palácio os deuses perceberam o meu desaparecimento e ficaram furiosos e farão tudo para atrapalhar vocês, talvez até mesmo tentem fazer os seus amigos regentes dos deuses a virem caçar vocês.

— Bom saber — Théo e os outros três saíram do palácio de ouro do rei Midas.

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