Descobrimos aonde estamos.

— Corra! — Gritei enquanto puxava Lira pelo corredor.

Podíamos ouvir os passos pesados do Minotauro ecoando atrás de nós, cada vez mais próximos. Meu coração batia a mil por hora enquanto corria, a adrenalina fazendo com que cada passo fosse mais rápido que o anterior.

Lira, por sua vez, não parecia tão apavorada quanto eu. Talvez fosse o fato de estar a mais tempo do que eu alí. Ela corria ao meu lado, seus pés batendo contra o chão de pedra fria do labirinto com uma determinação firme.

Fizemos uma curva à esquerda, depois à direita, depois à esquerda novamente. O labirinto parecia uma confusão de corredores que se cruzavam, mas eu mantinha o foco em seguir sempre em frente, esperando que de alguma maneira isso nos levasse para longe do monstro.

De repente, estavamos frente a frente com o minotauro (juro que quando eu encontrar quem fez esse labirinto...), Tentamos correr para longe novamente, mas Lira tropeçou em uma pedra e caiu. Virei-me para ajudá-la, mas o Minotauro estava muito perto. Sua presença enorme preenchia o corredor, ele já era grande, mas de perto parecia ainda mais, suponho que ele tenha uns 2 ou 3 metros de altura (seus ombros precisavam ficar encolhidos para poder caber no corredor, se por acaso ele tivesse claustrofobia ele iria enlouquecer), ele rugiu, um som terrível que reverberou pelas paredes de pedra.

— Lira! — Gritei, estendendo minha mão para ela.

Ela agarrou minha mão e eu a puxei para cima. Nos viramos para continuar correndo, mas o Minotauro estava muito perto. Ele balançou seu machado em nossa direção, e por um momento eu pensei que tudo estava perdido.

De repente, uma luz brilhante iluminou o corredor. Lira havia puxado um pequeno espelho de seu bolso e estava refletindo a luz de uma das tochas nele. A luz atingiu os olhos do Minotauro, que rugiu e cobriu os olhos com as mãos.

— Agora! — Gritou Lira.

Aproveitamos a chance e corremos novamente, passando por entre as pernas do Minotauro tonto. Eu aproveitei a chance e fiz um corte na perna do monstro, ele rugiu de dor e caiu de joelhos, com certeza aquilo não seria o suficiente para mata-lo, mas iria atrasar ele. Corremos pelo labirinto, torcendo para que o Minotauro não conseguisse nos seguir depois de recobrar os sentidos.

Depois de algum tempo correndo e passando por mais algumas bifurcações, finalmente paramos para descansar. Eu estava ofegante, meu peito subindo e descendo rapidamente enquanto tentava recuperar o fôlego. Lira estava ao meu lado, também respirando pesadamente.

— Isso foi... — Comecei a dizer, mas não conseguia encontrar as palavras.

— Incrível? — Sugeriu Lira, um sorriso brincando nos cantos de sua boca.

— Eu estava pensando em assustador, mas incrível também funciona — Falei com um sorriso fraco.

Nós dois rimos, o som ecoando pelo corredor vazio. Por um momento, nós esquecemos do perigo que estávamos enfrentando. Por um momento, éramos apenas dois jovens rindo juntos em um labirinto.

Mas então a realidade voltou a nos atingir. Ainda estávamos presos no labirinto, e o Minotauro ainda estava atrás de nós. Tínhamos que encontrar uma maneira de sair dali.

— Vamos continuar — Disse Lira, levantando-se e estendendo a mão para mim.

Eu peguei a sua mão e me levantei, olhei para minha adaga e percebi uma coisa, na lâmina dela, dois líquidos escorriam, um verde e um vermelho, se for o que eu estou pensando talvez o Minotauro não venha atrás de nós.

— Antes você disse que sabia onde estavamos? — Lira pergunta enquanto caminhávamos.

— Eu não tenho certeza absoluta, mas considerando que tudo isso tem alguma relação com a mitologia grega, e aqui é um labirinto com monstros, eu acho que estamos presos dentro do labirinto de dadulo — Eu falo com um olhar sério.

— Você quer dizer Dédalo? — Ela me corrige soltando uma risada.

— É, isso —

— Mas esse labirinto não fica em... bem, na Grécia? —

— E monstros e deuses não deveriam ser apenas contos de fadas? —

— ... Verdade... — Ela diz concordando com a cabeça.

Continuamos caminhando, até que finalmente encontramos algo, infelizmente não era nada de bom (duvido que algo de bom vá aparecer nesse lugar), um esqueleto, possivelmente de um humano, abaixo da sua mão direita havia um papel velho.

— Eu já toquei no símbolo estranho da outra vez, agora você toca nisso aí — Falei olhando para Lira que revirou os olhos e usou o pé para tirar a mão de cima do papel com cuidado.

Aquele esqueleto deveria ser bem antigo, quando Lira chutou a suaua mão o braço inteiro se desmontou e caiu sobre o papel, Lira suspirou, respirou fundo e colocou as mãos nos ossos para pegar o papel. Ela pegou o papel e o jogou para mim e limpou as mãos na minha camisa, garota abusada.

— Ah! A minha camisa! — Gritei me afastando dela.

Ela soltou mais uma risadinha. Eu peguei o papel e tentei le-lo, o papel era amarelo e desgastado devido ao tempo, as letras eram difíceis de serem lidas, mas não impossível.

— "Esse lugar é o inferno, não importa para aonde eu vá, nunca chego a lugar algum, eu estou enlouquecendo, o meu ferimento não se fecha, os meus companheiros me abandonaram, não tem como sair desse lugar desgraçado, não aguento mais isso tudo, me cansei de tentar, ter esperança é inútil... eu desisto"... — Eu termino de ler — Esse cara... a quanto tempo será que ele esteve aqui? —

— Tem mais uma coisa escrita aqui — Diz Lira olhando por cima do meu ombro e apontando para mais baixo do papel.

— "Eu amaldiçoou todos os deuses e criaturas desse labirinto, tudo que me resta é minha faca, a única coisa que posso fazer agora é acabar com o meu próprio sofrimento de uma vez por todas"... esse cara, ele se matou... — Eu digo com uma lágrima no rosto.

— Ele enloqueceu... foi deixado para trás... —

A cena era perturbadora, o relato da pessoa presa ali por tanto tempo, desesperada e sem esperança, encontrando somente solidão e desespero. Era difícil imaginar o que alguém passou nesse lugar terrível, perdido e preso em um labirinto misterioso.

— Pobre alma... — murmurei, olhando para o papel com uma sensação de pesar.

Lira colocou a mão em meu ombro, um gesto de apoio silencioso. Ambos entendemos o quanto aquelas palavras antigas carregavam dor e desespero.

— É um lembrete de que estamos lidando com algo muito maior do que imaginávamos — comentei, tentando processar a situação.

— Não sabemos como, mas precisamos encontrar uma saída, uma maneira de escapar dessa armadilha — disse Lira, sua voz refletindo determinação.

Olhamos ao redor, procurando qualquer pista ou sinal de como poderíamos seguir em frente. Parecia que a escuridão do labirinto escondia mais segredos do que podíamos perceber à primeira vista.

— Há algo que ainda não estamos vendo, algo que nos guiará para fora deste lugar — murmurei, mais para mim mesmo do que para Lira.

O silêncio preencheu o corredor enquanto ponderávamos sobre o que fazer em seguida. O desafio era enorme, mas precisávamos continuar, encontrar uma resposta ou uma saída para escapar daquele labirinto.

— Vamos seguir em frente, procurar por qualquer outra pista ou sinal de uma saída — propôs Lira, demonstrando coragem apesar das circunstâncias desafiadoras.

Concordamos em seguir adiante, mantendo a esperança de encontrar uma maneira de escapar ou de ao menos... sobreviver o máximo possível.

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