Capítulo dezessete Sofie

Embarcaram em um pequeno barco, Sofie, Roger, Rose e um senhor que ela imagina ser sacerdote, tinha vestimentas bem típicas, túnica marrom e uma cruz que descia pelo pescoço;mas o que mais chamou sua atenção era seu semblante sereno, falava baixo e em nenhum momento fez perguntas ou conversou, o barqueiro era mais extrovertido, falava pelos cutuvelos, já estava fazendo o ouvido doer de tanto disparate; Seu padrinho comandava as coisas, já havia conversado com o reverendo, mas já entendia que ele não faria nada para ajudar, disse que faria o prudente;também estava levando ouro para poder subornar os guardas da entrada e os demais para poder chegar na cela do tal Gerônimo;Quando aportaram no fosso escuro, úmido, cheirando a pútrido, Sofie sentiu que lhe embrulhava o estômago, não sabia dizer se era do cheiro ou do medo de estar ali, respirando fundo, agora não tem mais volta.Seu Roger desceu primeiro, em seguida ajudou o sacerdote, depois Rose e por último Sofie.Ela estava com um vestido azul escuro, todo fechado com mangas compridas e gola alta, e por cima uma capa com capuz num tom marinho; o cabelo trançado até a cintura e estava escondido pelo capuz.

  - Querida, procure não fazer perguntas, e nem pensar em peguilhar {1}, muito menos questionar, seja tranquila, serena e fique de cabeça baixa, quanto menos ouvi-lo ou falar, melhor. Lembrando que estamos aqui para resolver os problemas existentes e não outros criar.Sofie olho para o padrinho, já erguendo a sobrancelha, pronta para discutir e dar sua posição, porque ela não era causadora das tais questões que o advogado mencionara e sim seu falecido pai, por entregá-la ao barão e não ser homem suficiente para deixar que ficasse com sua herança, poderia sim, levar o tópico a sua majestade, talvez lhe expondo às questões pertinentes, teríam êxito; mas não, preferia ver sua filha viver no escárnio{2} e solidão. Mais que depressa Rose puxou-a pelo braço, disfarçando um abraço e disse em seu ouvido:

— Nem pense em argumentar com o senhor Roger, menina, ele pode parecer distenso{3}, impertubavel, mas sei bem como pode se tornar um selvático {4} homens que costumam trabalhar com violação de leis e normas não costumam gostar de serem interpelado{5}.Sofie balançou a cabeça para cima e para baixo, abraçando-a bem forte e lhe dando um beijo na face;

— Me deseje sorte; Rose fez-lhe o sinal da cruz na testa;

— Vá com Deus querida, tenha fé, coragem e resiliência{6};

— Estarei aqui lhe esperando, e lembre-se qualquer coisa, grite, grite o mais alto que os seus pulmões conseguirem, agora vá, termine logo com isso.

 Sofie andou junto do reverendo muito calmamente; sentia que a qualquer momento ele cairia por estar tão arqueado e lento e ela por estar com as pernas bambas,bom de qualquer modo estava aí, só mais um pouco pensou, logo isso acaba e eu me tornarei uma viúva respeitada e dona da minha vida, isso, força você consegue, e a cada passo, cada degrau ia recitando esse mantra " eu consigo", "eu consigo".

Depois de quase parecer uma eternidade chegaram próximo de várias portas, mas com certa distância entre elas, fazia frio, era inóspito {7}, triste e apavorante.

— O reverendo ergueu os olhos e disse:

— Espere aqui senhorita, e quando lhe chamar entre e resolva às questões. Sofie apenas balançou a cabeça concordando.

Em um momento escutou uma voz grossa e dura vindo da cela, não soube precisar o que falavam; tentava a todo custo permanecer estável, mas ficava difícil a cada minuto de espera; De repente a porta se abriu e o reverendo apareceu, tranquilo e calmo como havia visto pela última vez, dando passagem disse:

— Ficarei aqui, rezando para que às bençãos reclaiam sobre vós, e pedindo absolvição dos meus pecados por ser tão fraco e tirante com minha pátria.

Sofie entrou como fora extruida, com calma e cabeça baixa.Foi levantando-a, mas como o capuz cobria por completo não mostrava seu rosto; pôde ver então um homem alto, muito alto e magro, não podia ver seu face, pois estava coberto por uma barba enorme, os cabelos iam pelo mesmo caminho, longos, mas diferente da primeira estavam amarrados, o que chamou atenção fora sua postura, altiva, elegante, até passava uma mensagem de que jamais se curvara para alguém, suas roupas maltrapilhas, rasgadas e sujas; mas seus olhos..., Meu Deus, o que era isso, neles havia uma beleza sem igual, a cor lembra-se o mar revolto em tempestade de verão,pareciam que falavam, zombaria talvez, mas sem contestação eles sorriam, pela ousadia ou por acreditar que um dia sairiam daqui, que irônico mesmo. Sofie permaneceu quieta, esperava que o estranho o tal Gerônimo falasse alguma coisa, mas nada, então teria ela mesma que iniciar uma conversação, que desculpasse o padrinho, não tinha saída;

- Como vai senhor Gerônimo, como sabe preciso de um sobrenome, sem exercer direito sobre mim e minhas propriedades, estou disposta a fornecer toda e qualquer ajuda a qualquer pessoa, ou pessoas, a quem o senhor indicar, em troca precisa me dar seu nome e tornar-se meu marido, lógico que por conveniência. Sofie parou pois percebeu que estava falando demais, nervosa era um elogio para o momento, nesse caso, estava descontrolada, aflita, quando ficava assim não conseguia segurar a língua dentro da boca, como dizia Rose.

- Desculpe -me senhor estou nervosa, e quando fico acabo falando demais. Leonel por sua vez repuxou os lábios em um sorriso, sem mostrar os dentes, achou aquela formiguinha, pequena e quebravel, parecia uma miniatura de um cristal muito precioso achou-a adorável, não podia ver-lhe o rosto, mas o toda era esplêndida, como seriam seus olhos, cabelos, boca, daria uma boa parte de sua fortuna para ver-lhe; o que estou pensando, preciso me concentrar, pois faz muito tempo que não vejo uma dama, ainda mais uma tão bela assim, que logo será minha, isso por Deus minha, e mais uma vez repuxou os lábios.

— Oi docinho, como vai?

— Docinho? - Quem lhe permitiu tais intimidades.E se arrependeu no mesmo instante, tinha que ser dócil, porque precisa daquele inconveniente,bruto, maltrapilho e muito lindo; sem sombra de dúvidas! concentre-se Sofie.

— Pelo que me cabe, posso sim lhe chamar assim docinho, será minha...esposa e bem sabe que apartir do momento que usar meu nome e sobrenome me pertence.

- Não pertenço a ninguém, a ninguém. Elevou um pouco a voz.

— Leonel andou um pouco mais perto dela, e deu uma gargalhada, quanto tempo que não se divertia tanto;

 — Vejamos, vem aqui, no meu humilde lar, e deu uma olhada pela cela, levantando a testa em sinal de desgosto,; - Quer meu nome e sobrenome, pelo que soube precisa se casar, e não quer ter um marido, e ainda assim procura no pior lugar em que possa imaginar e acha que não vai pertencer a alguém?

— Mil perdões senhor Gerônimo, como mencionei anteriormente, falo demais quando estou nervosa, estou realmente precisando do seu nome e sobrenome, preciso de um marido, estou entre um casamento cruel ou um lugar na rua, então percebe que meu desfecho, não será nada bonito no final! Leonel analisou mais uma vez, a linda dama, dessa vez imaginou outro homem a tocando ou machucando-a e apertou os dentes até a mandíbula reclamar, iria matar alguém,ainda mais se soubesse que a infligisse dor.

— Pois muito bem docinho, me caso com você, lhe darei meu nome e sobrenome, mas terei uma condição para isso.

— Sofie ergueu às sobrancelhas, e pensou: será que ele quer me tocar, o que faço agora? Pois não consigo sentir medo perto dele, nem repulsa,nem mesmo cheiro desagradável ele tem; faz-me sentir um arrepio no estômago, parece um panapana {8}de borboletas girando nele; quando fala, fica ainda pior, sua voz é grossa, imponente; santo Deus, acho que estou começando a delirar, deve ser esse lugar, só pode! Dando um passo para mais perto da porta pergunta:

— E o que seria senhor, qual sua exigência?

— Leonel dessa vez, dá uma risada, acha graça dos movimentos de medo que demostra a formiguinha, gostaria imensamente ver seu rosto, porque sempre foi muito bem em ler às expressões das pessoas, principalmente de mulheres, que expressão estaria passando pela sua fase, será que estaria vermelha, e como seria dando-lhe lhe prazer; sentiu o desconforto na frente de suas calças, estava começando a ter uma ereção; por Deus o que está acontecendo, sempre foi controlado, disfarçando virou às costas e respirou fundo até seu membro se acalmar e voltar ao lugar, acho que estou ficando louco, sentir prazer em somente ouvir sua voz, que é suave e melodiosa, mas não conseguir enxergar seu rosto, estou mesmo precisando sair daqui e me enterrar num bordel por semanas, só pôde ser abstinência sexual, virando novamente disse:

— A troca é simples, preciso que entregue uma carta, em um endereço em Mayfair, em uma certa residência.

— Era só isso?

— Porque docinho, queria outra coisa? e da outra gargalhada.

— Nnnaao, quero dizer, não senhor, apenas fiquei surpresa, imaginei que pediria moedas, ouro, coisas bem materiais.

— Querida, ficaria surpresa se soube, o que realmente queria pedir; e dá mais uma gargalhada

 Sofie começa a ficar inquieta. Preciso sair daqui o quanto antes, pensa, pois este homem me faz sentir coisas, até então desconhecida; calafrios e ao mesmo tempo o corpo quente, e não paro de falar; até deixo perguntas com insinuação, aonde já se viu, pareço às prostitutas da vila;

— Então escreverei a carta e a quem será endereçada, o Domicílio e o número, pois como falei será em Mayfair, Londres;

 — Faça isso, enquanto chamarei o reverendo. Leonel apenas balança a cabeça em concordância, vira às costas e segue até a mesa, onde começa a escrever.

Sofie olha mais uma vez a postura e elegância do prisioneiro e se pergunta, como era a vida de Gerônimo, o que fazia, teve educação? Ah com certeza teve, não parece em nada com os homens que conheceu, mesmo em farrapos, tem bril, o que a lembra era os nobres que negociavam com seu pai, meu Deus, estou divagando de novo, onde já se viu um nobre preso aqui e vivendo assim, balançando a cabeça de um lado a outro, dá uma risadinha baixa e vai em busca do reverendo.

Certo tempo depois:

— Assim não são mais dois, mais uma só carne, portanto o que Deus uniu, o homem não separa, pelos poderes a mim concedido, eu vos declaro marido e esposa, pode beijar a noiva. Nesse instante Sofie enrijece, não vira, apenas fica imóvel. Leonel olhando-a de lado percebe que está assustada, lentamente puxa sua mão e beija o dorso, em seguida solta e vai até o sacerdote assinar o certidão, Sofie faz o mesmo, e consegue analisar a caligrafia perfeita e desenhada e pensa quem é realmente Gerônimo Lucena, agora seu marido!

Leonel pega a certidão e analisa o nome da esposa, e dá um sorriso;

— Agora sim....Sofie, lindo nome como a dona dele.

Sofie fica vermelha e nada diz, apenas agradece o capuz por não deixar ver seu rosto.

— Vamos, minha filha, o que viemos fazer aqui está concluído.

- A você meu filho, que Deus tenha misericórdia de sua alma e lhe conceda a vida eterna, em nome do pai do filho e do espírito santo amém, e Joga água benta no Leonel; e sai lentamente como entrou; Sofie começa a sair também; mas Leonel a chama:

— Sofie espere! E se aproxima, chegando bem próximo, abaixa o tronco e fala no seu ouvido achou mesmo que sairia daqui sem um beijo de despedida? Após isso não lhe da tempo, puxa-a para seus braços e segura na nuca, fazendo levantar o rosto em sua direção, nesse momento o capuz caiu, e ele olha encantado para a bela mulher, dos cabelos mais vermelho que já vira e os olhos sem explicação da beleza contida ali, e sem dizer palavra alguma, encosta os lábios selando o matrimônio, e pensando; ...minha somente minha;

E Sofie se prende aos braços do homem mais exuberante que vira, e deixa ser beijada pelo seu marido e agora seu senhor Gerônimo Lucena.

{1}discutir

{2} objeto de desdém, caçoada.

{3}calmo, relaxado

{4}bravo

{5} questionar, abordar.

{6} capacidade de se adaptar em situações difíceis.

{7}desacolhedor

{8} bando de borboletas

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Débora

Débora

Sofia nei saber oq a espera /Drool//Drool//Drool/

2024-02-09

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1 Sofie
2 capítulo dois Leonel
3 Capítulo Três. Sofie
4 Capítulo quatro Leonel
5 Capítulo cinco. Sofie
6 Capítulo Seis Leonel
7 capítulo sete Sofie
8 Capítulo oito Leonel
9 Capítulo nove Sofie
10 Capítulo dez. Leonel
11 Capítulo onze. Sofie
12 Capítulo Doze. Leonel
13 Capítulo treze Sofie
14 Capítulo quatorze. Leonel
15 Capítulo quinze Sofie
16 Capítulo dezesseis. Leonel
17 Capítulo dezessete Sofie
18 Capítulo dezoito Leonel
19 Capítulo dezenove Sofie
20 Capítulo vinte Leonel
21 Capítulo vinte e um Sofie
22 Capítulo vinte e dois Leonel
23 Vinte e três. Sofie
24 Vinte e quatro Leonel
25 Capítulo vinte e cinco. Sofie
26 Capítulo vinte e seis. Leonel
27 Capítulo vinte e sete Sofie
28 Vinte e oito Leonel
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30 Capítulo trinta Leonel
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37 Trinta e sete Sofie
38 capítulo trinta e oito Leonel
39 trinta e nove Sofie
40 Capítulo quarenta Leonel
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