Capítulo cinco. Sofie

Seu Mathias se pôs em pé para receber o convidado, deu um leve entortar de olhos para Sofie.

- Considere avisada menina, nada de sandices ou terá sérios problemas.

Sofie simplesmente ficou quieta abaixando a cabeça, pensando... que jamais permitiria que outro homem a tratasse assim.

Adentra na sala o convidado!

- Como vai meu amigo barão, é uma imensa alegria recebê-lo em minha casa, falou Mathias.

  Geremias Guedes era conhecido por sua soberba e arrogância, por ser um barão, o único nobre nas redondezas. Homem baixo, calvo com um bigode amarelado, sobrancelhas grossas e um sorriso presunçoso; Vestia uma calça marrom, camisa cinza,uma casaca abóbora e botas marrom com umas bolinhas na lateral onde amarrava. Sofie estava em pé atrás do pai e muito discreta analisando o convidado.

Sofie pensou ...meu Deus, de onde saiu esse homem, senso de sutileza nenhuma, moda muito menos, parece um pavão, e ainda por cima tem mais dentes na boca que os cavalos de papai , minha nossa senhora como posso ser tão cruel e fútil julgando o amigo de papai ; e em sua divagação deu um risonho, mas mesmo baixo seu Mathias a escutou, pigareou e pegando-a pelo braço falou:

- Senhor Geremias quero lhe apresentar minha única filha Sofie.

Sofie deu um passo para frente;

- Sofie quero que conheça um grande cliente e amigo sua senhoria o barão Geremias Guedes. Ela

 fez uma reverência como havia sido ensinada — Encantada vossa senhoria.

 Geremias deu uma torcida no bigode e desceu os olhos da ponta do cabelo até seus pés.

— Satisfação senhorita Barão Geremias Guedes ao seu dispor.

Sofie não acreditou muito na sutileza das palavras do barão, até porque ele falava uma coisa, mas seus olhos diziam outra, começou a ficar enjoada com o jeito que ele lhe escrutinava e a todo momento descia o olhar para o seu busto. seu vestido era discreto, elegante e o decote era quadrado tradicional, então ela não entendia porque aquele velho nojento a encarava assim.

Mathias convidou o barão a sentar-se oferecendo uma bebida, e Sofie achou a desculpa perfeita dizendo ao pai que iria ver o andamento do jantar e saiu.

Dirigiu-se para cozinha, encontrando Rose ajudando terminar os últimos detalhes da ceia.

Rose olhou na direção da porta e viu uma Sofie muito vermelha.

— O que foi criança que está toda vermelha, e com cara de poucos amigos.

— Rose, esse Barão amigo de papai é um nojento, fica me olhando de um jeito estranho, posso ser nova, inocente, inexperiente, mas ingênua, isso não. Sei que aquele olhar é diferente daquele que papai me dá. E além do mais ele é estranho, se veste feito um pavão, tem tantos dentes que me perderia contando e o pior, ele cheira a sândalo velho.

— Sofie não fale assim, não ofenda o pobre homem, talvez seja só sua impressão e ele apenas quis ser gentil.

— Rose, primeiro ele não é pobre, segundo já li muitos livros e sei o que estou falando e terceiro não fui com a cara dele.

— Criança vamos fazer assim, me ajude a colocar a mesa, e tenta ficar calma e não falar nada, logo o jantar termina e ele vai-se, e provavelmente nunca o virá novamente. Sofie ficou quieta assentindo.

— O jantar correu normalmente, seu pai estava sentado na ponta e Sofie ao seu lado direito e o barão na esquerda de Mathias e enfrente de Sofie. Ela continuava cabisbaixa revirando a comida no prato, pois, parecia que tinha um caroço na garganta; graça a Deus seu pai não percebeu nada e monopolizou a conversa; volta e meia Sofie erguia os olhos e percebia o olhar de Geremias sobre si. Enquanto estavam degustando a sobremesa, diga -se de passagem sua favorita, um bolo de nozes com recheio de nata, nem isso conseguia deixá-la feliz.

Rose entrou, pediu licença e avisou seu Mathias que tinha o capataz, que precisava urgentemente lhe falar. Seu pai pediu licença e disse que logo retornaria, deixando o convidado aos cuidados de Sofie. O silêncio foi quebrado pelo seu Geremias.

- Fala pouco menina é assim mesmo que tem que ser, homens não gostam de moças tagarelas. Sofie começou a ficar com o rosto vermelho, indignada pelas palavras e pelo modo que ele continuava com os olhos em seu busto.

— Sabe Sua senhoria, conversamos geralmente com quem temos intimidade ou com amigos, como não somos nenhuma das duas, não há necessidade. Seu Geremias deu uma gargalhada, ficando mais horrendo aos olhos de Sofie.

— Não seja por isso senhorita, podemos mudar as duas maneiras, mas no meu caso apreciaria mais a primeira, e encostou a perna no vestido de Sofie, no mesmo instante ela deu-lhe um chute na canela, ele gemeu de dor apertando o local com a mão, quando levantou a cabeça, ela pode perceber como seus olhos ardiam de raiva, e pegando no braço dela com força falou:

- Gosto das chucras, essas são boas de domar. Sofie puxou o braço, e ficando em pé, apoio as mãos sobre a mesa, chegando muito perto dele e falou:

— Se o senhor continuar a me tocar, arranco-lhe os dentes, se bem que no seu caso não fará diferença alguma de tantos que tem, Geremias perdeu totalmente aquela impafia e juntou as sobrancelhas, quando ia lhe falar, o senhor Mathias retornou, dizendo que sentia muito, pois havia adoecido um dos cavalos. Nesse momento o barão levanta e diz que precisa ir, pois está tarde.

- Senhor Mathias agradável noite, boa comida e excelente companhia, e nisso novamente avalia Sofie. Olha pra ela pegando sua mão, dando um beijo no dorso.

— Foi um prazer, senhorita e levantou às sobrancelhas e olhando diretamente para ela e falando baixinho, somente para ela ouvir disse: logo terás notícias minha.

— Venha meu amigo que lhe acompanho até a porta e assim saíram seu Mathias e Geremias.

Sofie começou a esfregar o punho no vestido,e falou pra si mesma, que nojo ele não beijou, ele babou, é com certeza babou; e continuou a esfregar , e nisso pensou , o que será que aquele velho asqueroso quis dizer com " logo terás notícias minha"!

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