CAPÍTULO 13

— Hoje você demorou para levantar da cama — encarei Christian sentado na poltrona. Ele me encarava de volta — O quê que aconteceu? Já são 10 da matina!

Terminei de guardar o notebook na gaveta da mesa de cabeceira e me lembrei do ocorrido da noite passada. Abaixei a cabeça e respirei fundo.

Depois do que Megan fez comigo, ela não deitou na cama para dormir, passou o resto das horas sentada na poltrona olhando para mim com um olhar solitário, além de desviar o olhar para o jardim lá fora através da janela. Quando acordei não a encontrei no quarto.

— Se não responder vou acabar achando que a Megan fez algo que você não quis.

Me virei para ele e passei as mãos nos cabelos, e Chris sustentou o queixo no seu punho fechado.

— E então, querida?

— Fiz algo que a Megan não gostou e ela me puniu.

A boca de Chris deu uma caída de leve e após isso ele engoliu em seco. Não precisava afirmar o quanto o mesmo ficou surpreso, aquele único gesto falou por ele.

— Como assim… te puniu? — mostrou-se apreensivo de repente — Não! Primeiro me conte tudo e então me responda.

Assenti e juntei as mãos, me sentindo já um pouco nervosa.

— Megan me puniu por eu tê-la acusado de ter me traído com a Alex — ele me deu um breve semicerrar de olhos — Eu achei que ela tinha me traído com a Alex nessa viagem que ela fez, Chris.

— Puxa.

Houve um silêncio…

— Stella você errou feio, querida.

— Sim e eu reconheci. Pedi perdão várias vezes e isso me levou à minha punição.

— E como ela te puniu, Stella?

— Ela foi agressiva comigo, Chris.

— Ela te bateu?

— Não.

— Ufa! — e respirou aliviado — Se ela tivesse feito isso com você, eu teria uma conversa absurdamente séria com ela, mesmo sabendo que eu poderia virar cinzas depois.

Suas palavras me fizeram sorrir sem tanta animação e assim me aproximei mais dele.

— Se ela não te bateu… O que foi que ela fez?

— Prefiro deixar essa pergunta sem resposta, Chris — falei pensativa.

— Ah, mas…

— Não insista! — pedi, vendo já o seu olhar curioso cair.

— E o que pensa em fazer agora?

— Megan e eu devemos conversar. Vou procurá-la. Talvez ela esteja no escritório, não sei se ela foi à empresa.

Chris se levantou e a sua altura se elevou a minha.

— Vi James conversando com a perigosa mais cedo.

— Não a chame assim, Chris — briguei — A Megan parou de ser assim há muito tempo por amor a mim. Nunca mais soube que ela andou matando ou surrando pessoas que devem a ela.

— Você tem certeza de que ela parou de ser o que era? Lembre-se que fomos para a universidade uns meses depois do seu casamento e consequentemente, não soube de tudo o que a sua esposa talvez tenha feito.

— Megan mudou, Chris…. — falei, refletindo tudo o que saia da boca dele — eu sei que ela mudou. Não coloque dúvidas no meu coração quanto a isso!

— Não estou fazendo isso, mas você certamente sabe que ela tinha atitudes iguais a de psicopatas, além de ter aquele distúrbio estranho de sentir o prazer com a dor dos outros. Problemas como esses não são resolvidos de um dia para o outro. Três anos se passaram, mas você tem certeza de que a sua esposa realmente mudou?

— Chris, o que sei é que ela me ama. O resto que se foda!

Chris se aproximou mais da janela e fixou o olhar em algo.

— Ela ser uma uma descontrolada não importa para você?

— Ela não é descontrolada! — o repreendi e ele me deu uma olhada de sobrancelha erguida.

— Se não é, veja o que está acontecendo lá no jardim.

Me aproximei da janela, olhei e logo vi Megan e Alex. As duas conversavam com olhares perigosos e com os rostos bem próximos. Parecia ser uma conversa sigilosa ou uma discussão silenciosa. E o que chamou a minha atenção assistindo aquela cena foi apenas uma coisa, Megan estava prestes a arrancar da calça um revólver. Sobre a arma de fogo, certamente, Alex não sabia.

De repente Megan deixou o revólver inerte e agarrou o pescoço de Alex. A enforcou enquanto a sua boca se movia com fúria. Alex tentava fugir das mãos que a seguravam, estava em desespero em busca de ar e fraca sobre a força da minha esposa.

— Ainda acha que a fodona da sua esposa mudou?

— Cala a boca, Chris! — o repreendi.

Megan enfim largou o pescoço de Alex, acompanhando o cair lento da mulher de cabelos curtos. Caída Alex ficou e ali, via-se agora uma Armstrong ofegante. O busto de Megan subia e descia devido ao certo uso de sua força em sua tentativa de oprimir Alex. Na noite anterior, o mesmo poderia ter acontecido comigo, mas não, ela se controlou.

Megan se afastou aos poucos da hóspede que se recuperava, uma amiga de muitos anos e eu deixei Chris lá, sem dar a ele a chance de me acompanhar. Fui atrás da mulher. Precisava de respostas.

Fui diretamente para o escritório e no caminho acabei tropeçando com Mercier, tal que tentou me parar para pedir desculpas e me desejar bom dia, mas sem maldade, o ignorei.

Cheguei, entrei no escritório de uma só vez e me deparei com Megan ajoelhada acariciando os pêlos de Âmbar, que parecia sonolenta e pronta para se deitar num cantinho. Aquela cena era tão agradável e fofa que nem parecia, que ela tinha acabado de tentar matar uma pessoa. Megan ergueu os olhos e sorriu. Aquele sorriso me fez tremer. Foi maquiavélico.

— Buenos días — se ergueu, se aproximou, fechou a porta atrás de mim e puxou-me para os seus braços.

Com as mãos sobre os seus seios e os seus braços me envolvendo, vi o lento descer dos seus lábios para os meus. Naquele breve momento eu pensei milhões de vezes em rejeitar sua aproximação, mas acabaria sendo pior e certamente eu sofreria as consequências.

Me deu um simples selinho e então nos olhamos…

— Devo confessar uma coisa, Stella.

Engoli em seco e ela notou, logo juntou as sobrancelhas e me apertou em seus braços. Temi estar entre eles.

— Está nervosa! — e me apertou mais ainda — Por que está nervosa?

— Não estou nervosa, eu só… só…

— Não minta! — e me apertou mais ainda — Quero que me responda com a verdade!

— Megan — senti uma leve dor nas costelas — não me machuque, por favor?

Megan apertou os olhos e foi me folgando devagarinho em seus braços.

— Eu jamais vou machucar você. Você não deve sofrer nenhum dano.

Assenti apenas e sai dos seus braços, sem que ela se chateasse com a minha atitude. Andei no escritório e me encostei na mesa, já vendo Megan erguendo as mangas longas de sua blusa lisa e preta.

De olhos fechados, eu disse:

— Fique à vontade para confessar!

Ela fez um pequeno suspense antes de falar:

— Você se lembra das minhas palavras, aquelas em que eu deixei bem claro, de que se alguém tentasse afastar você de mim, o destino do mesmo seria a morte?

— Lembro-me perfeitamente.

— Então já te deixo ciente do que pode acontecer. Em duas horas… McCormick morrerá!

— O que? — espantada fiquei de tal forma que o meu coração palpitou.

O seu olhar mostrava que o seu veredito não poderia ser mudado.

— Por causa de McCormick eu acabei te punindo de um jeito que eu nunca desejei — ela lamentou.

— Mas, Megan… você não pode matar ela, você a conhece há anos. Já não é o suficiente o que acabou de fazer com ela?

Megan não mostrou nenhuma surpresa.

— Megan…

— Posso matar quem eu quiser! Esqueceu quem eu sou? Esqueceu das minhas palavras?

— Não esqueci nada, mas amor — vi ela se aproximar e me cercar com os seus braços que ficaram apoiados na mesa — você mudou. Eu sei que você mudou.

Megan pareceu ignorar as minhas palavras. Ela tocou o seu nariz no fim do meu maxilar e desceu para o meu pescoço, me dando arrepios medonhos, não foram prazerosos ou salientes.

— Por favor… você mudou. Não mate a Alex. Ela não merece morrer.

— Todos vão morrer um dia — e beijou o meu ombro levemente, repetindo o mesmo carinho várias vezes.

— Faço qualquer coisa para te fazer mudar essa sua ideia maluca.

Ela continuou com os beijos e assim sua mão enfiou-se nas raízes dos meus cachos. Puxou com uma leve pressão para o lado, deixando um dos lados do pescoço totalmente exposto. De beijos e mais beijos, veio então o seu pedido:

— Quero que você seduza a McCormick.

— O que? Mas não posso fazer isso, não quero fazer isso. Assim você terá mais razões para matá-la.

— Amor… eu quero apenas provar a lealdade dela a mim. O que ela fez não foi nada legal e você sentiu na pele.

— Não farei isso!

— Você disse que faria qualquer coisa!

— Mas…

— Faça isso e o resultado final saberemos em duas horas.

— Mas, eu…

— Shh!

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