CAPÍTULO 11

Ouvi risos vindos de um dos corredores da mansão próximos ao meu quarto. No meio dos risos, eu ouvi vozes. Eram seguranças tendo um diálogo totalmente desnecessário, mas não era um incômodo para mim, pois me acostumei através do tempo.

Era alta madrugada e estava fria, e eu estava sentada de frente a lareira, aproveitando do calor que a mesma me proporcionava. Eu estava ali calada, sozinha e pensativa, e vestida numa moletom preta e blusa manga longa fina e vermelha.

Megan ainda não havia retornado de sua viagem e também não ligou para contar sobre a sua volta, depois da última ligação que fez.

A lareira começou a apagar e eu apressadamente, coloquei mais algumas lenhas de tamanho médio, e assim que voltei à mesma posição de antes, eu ouvi o barulho lento da porta se abrindo. Olhei de imediato para a porta e Megan estava lá com uma caixinha de ouro na mão, enquanto que na outra segurava o seu comportado terno preto. Os seus cabelos estavam amarrados e fios rebeldes caiam sobre o seu rosto. O seu olhar de amor era visível e os nossos olhares conectados me fizeram vibrar. O meu amor estava de volta e com um presente maravilhoso.

Antes de me levantar para ir até ela, para correr para os seus braços, para abraçá-la e possuir aqueles lábios que apenas eu tinha o direito de tocar, ela disse:

— Quietinha.

Eu paralisei. O seu tom de voz rouco fez o meu coração palpitar. Eu queria tanto me movimentar, mas a ordem dela me tornou uma submissa apaixonada.

Ela fechou a porta, caminhou lentamente até a cama, tendo leveza em seus passos curtos, enquanto eu assistia calada e esperançosa para saber o que a gostosa da minha esposa pretendia fazer.

Megan jogou o terno na ponta da cama, deixou um profundo ar sair dos seus pulmões e então se sentou na cama com os seus olhos vidrados em mim.

Megan fechou os olhos, tocou o pescoço e massageou a nuca, e enquanto o fazia, me recompensava com uma calorosa mordida de lábios. Parecia exausta o meu amor.

Vendo aquela cena, salivei e tive que cruzar as pernas para suportar a tesão que ela me causou com toda a sua postura silenciosa e misteriosa.

Quando Megan abriu os olhos, eu vi ela desabotoar a blusa branca de botões cintilantes com apenas uma mão, aquela mão que ela mais usava quando me amava com o seu amor insano.

Logo que todos os botões foram abertos, me mostrando a beleza escondida daquele abdômen, Megan me chamou com o indicador e eu fui no mesmo instante até ela, como se ela fosse uma outra parte de um ímã, a minha outra parte.

Megan me parou assim que me apoiei na cama para beijá-la e eu a encarei devido a sua indiferença repentina. Toda aquela sedução não valeu? Pensamento breve este meu, pois ela logo me puxou e eu me sentei no seu colo, ficando perfeitamente encaixada, mas também com o rosto dela a uns centímetros abaixo do meu.

A sua mão aberta no meio das minhas costas foi se movimentando aos poucos, me provocando, me acendendo. Sua boca entreaberta foi o caminho que segui em segundos de tortura e aquele nosso beijo foi extremamente de saudade, totalmente necessitado e envolvente.

Paramos ofegantes e ela, com um olhar penetrante e poderoso, disse:

— Você não sabe o quanto desejei voltar para você, meu céu. Você não faz ideia do quanto desejei voltar a beijar esses seus lábios e tocar com força este seu corpo. Da próxima vez que eu for viajar a negócios, eu te levarei comigo para que eu não sofra novamente. Te quero sempre comigo, Stella.

— Sim, Megan… sou sua. Faça o que quiser comigo.

Um beijo intenso e prolongado nos calou por um momento, um beijo que eu tomei novamente a iniciativa. O meu corpo só desejava ela, somente ela.

Megan parou o nosso beijo e me mostrou a caixinha de ouro, era linda e certamente escondia algo valioso e belíssimo dentro. O deixei de lado e me atentei somente na linda mulher, nada mais importava.

— Você não gostou, meu amor? — perguntou com os seus olhinhos azuis escuros já um tanto tristonhos.

— Não é isso… é que a única que me importa neste momento é você. Eu gostei, mas o que me encanta e fascina é o nosso amor quente.

— Sim, Stella. O nosso amor é como o fogo… ele queima.

— Então deixa o seu fogo me incendiar, meu amor?! — pedi num sussurro sedutor e ela apenas assentiu, após me recompensar com um sorriso de canto malicioso.

De um beijo louco e um rebolado no colo de Megan, eu fiz os meus lábios correrem para o seu queixo, maxilar e pescoço e no mesmo, eu senti um cheiro diferente, parecia estar misturado com o cheiro do perfume dela, e o tal perfume misterioso era de uma essência feminina. Abri os olhos, já intrigada e o que vi em seguida no colarinho da blusa, me fez ferver de raiva. Era uma marca de batom.

Sai apressadamente do colo dela, mas fui segurada fortemente pelo moletom, vendo em todo o momento, o olhar confuso de Megan.

Em poucos minutos eu usaria todos os xingamentos existentes contra ela. Eu sabia o que tinha naquele colarinho e sabia da essência misteriosa.

— O que foi, meu amor? — ela perguntou e juntou as sobrancelhas. — Me diga, por favor?! — e respirou fundo.

— Megan sua… — e a minha voz ficou presa na garganta. Lágrimas ameaçaram se formar nos meus olhos.

— Diga, meu amor — e se levantou, trazendo as suas mãos para me tocar, mas eu me afastei e ela parou, já deixando a sua cabeça cair.

Houve um momento de silêncio entre nós, um que eu refleti minuciosamente sobre o que tinha descoberto a pouco. Aquela mancha de batom vermelho e aquele perfume diferente era demais para mim. Pensamentos corriam como carros na minha cabeça e aquela postura cabisbaixa de Megan somente me deixava mais chateada. Megan esteve com outra mulher? Eu estava certa de acreditar que este pensamento perturbador poderia ser verdade?

Megan ergueu a cabeça e com seriedade me olhou. O seu olhar me deu medo. Era um olhar maquiavélico. Um clima tenso se infiltrou ali.

— Me diga o que está acontecendo com você! Me diga agora por que está me rejeitando?! Estávamos prestes a fazer amor!

Com a voz baixa, disse:

— Me diga o que você andou fazendo antes de voltar para casa, sua…

— Xinga, meu amor… eu gosto — falou ela sem nenhuma expressão. Ela não imaginava a gravidade do problema entre nós.

— O que fez nessa viagem?

— Stella, eu só resolvi os meus negócios.

Neguei com a cabeça freneticamente e me encolhi no meu corpo. Algumas coisas agora faziam sentido. Ela não ligou, demorou para voltar para casa e agora tinha marca de batom na roupa.

— Eu soube que por lá, você se encontraria apenas com homens! — ressaltei, olhando nos seus olhos analisadores e misteriosos.

— E foi isso que aconteceu — disse ela com convicção e enfiou as mãos nos bolsos, o que fez a blusa descobrir uma parte do seu abdômen, a parte que possuía a sua cicatriz.

— Ah é?! — e ela assentiu movendo as sobrancelhas — E por que tem batom na sua roupa?

Seus olhos arregalaram-se e ela logo se apressou a achar a marca do batom. Tirou a blusa, encontrou o que procurava e analisou por um breve momento, enquanto que eu fiquei calada, torcendo para que o que pensei fosse engano.

— Amor — me olhou e pareceu morder a língua dentro da boca — você acredita mesmo no que está insinuando agora?

Não, eu não acreditava.

— Responda!... Eu, Armstrong, aquela que te provou que o meu amor é o mais extremo de todos. Eu traí você?

— Megan… — disse o seu nome com a voz embargada, sentindo que a qualquer momento eu poderia chorar. — Por que você tem batom na sua roupa e por que está com um perfume diferente?

Me encarou com um olhar pensador…

— Vou matar aquela desgraçada! — falou ela de repente e o meu coração apertou, mas também ficou ainda mais confuso — Ela não deveria ter feito isso!

— Ela, Megan? Então você…

— A McCormick, aquela filha da puta. Ela esteve na viagem de volta para Londres e vai passar uns dias na mansão — se apressou para vestir a blusa, mas eu a empurrei na cama logo que me aproximei e que a guiei, já caindo por cima dela. Tudo o que fiz foi muito rápido. Um misto de sensações me impulsionou a fazer aquilo.

— Aí, por que está tão agressiva?

— Por que você deixou ela chegar tão perto de você? Você não pode permitir que nenhuma mulher faça isso! Você me entendeu? — perguntei, assim que dominei os seus punhos acima da sua cabeça, ficando consequentemente com os nossos lábios quase se tocando — Responda, sua cretina!

Megan me deu um sorriso sacana, excitante e despreocupado.

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