CAPÍTULO 9

— Eu quero que tenhamos uma filha e não importa se seja adotada ou gerada. Me dê essa alegria, meu amor?

Eu estava a alguns minutos pensando no desejo de Megan e encarando o jardim, através da janela do quarto. Ela falou sobre tais possibilidades, me mostrou no seu olhar de amor que aquele desejo era muito importante para ela. Era realmente lindo a força do seu querer e a coragem de me pedir aquilo.

Eu pensei por ela, por mim, na possibilidade de termos uma mini Armstrong, mas também não pude esconder dos meus olhos a verdade.

Megan era uma mulher com inimigos e uma filha poderia ser um alvo, mesmo tendo aquele sistema preparado de seguranças, guarda costas e homens leais. Eu não desejava que uma filha ou filho viesse ao mundo e vivesse por trás de muros para a sua própria proteção.

A minha resposta para aquele desejo, seria um simples “ não ” se soubesse que não teríamos formas para deixar uma primogênita segura. Mas era a primogênita que Megan desejava ter, seria mais uma das que carregaria o seu sangue, mais um complemento e principalmente, uma prova de que a perigosa Armstrong estava mesmo completamente mudada.

— Amor — senti as suas mãos abraçando-me por trás e a sua respiração mansa no meu pescoço — os anos se passaram e eu estou diferente. Eu mudei e você sabe disso. Há três anos, eu jamais imaginei que algum dia desejaria ter uma filha, uma pequena Armstrong. Eu sei que você tem apenas 21 anos e que quer realizar os seus sonhos, e por isso disse a você que só o faremos quando tudo estiver em concordância.

— Megan…

— Stella — me interrompeu e me deu um beijo na orelha — eu sei que foi de repente esse meu pedido e quero que saiba que se me disser não, eu o aceitarei.

— Amor, não é isso, é que eu não quero que um filho esteja em perigo. Você sabe os crimes que ainda mancham a sua alma, você os carrega nas costas. Você mesmo disse que tem inimigos e eu sei que a qualquer momento eles podem atacar. Eu não desejo essa vida perigosa para a nossa filha.

— Stella, eu sei que fui cruel no passado, sei que esse seu pensamento é considerável, mas sei também que ninguém é capaz de me enfrentar. Alguns tentam e sempre caem. Eu sei que podemos ter essa criança e sei também que posso protegê-la.

— Você tem certeza de que este é o seu desejo? Tem certeza de que ela ou ele não correrá perigo? Tem certeza de que deseja que a sua filha tenha uma infância igual a sua?

Megan parou de me abraçar e se afastou de mim. Meu coração apertou e eu me arrepiei com a falta do seu calor. Me virei para vê-la e encontrei os seus olhos com uma certa decepção, era um olhar reflexivo, cabisbaixo e triste. Eu não tive a intenção de fazê-la voltar no tempo, mas acabei exagerando nas palavras.

— Megan, eu só…

— Stella, a nossa história é diferente! — o seu tom de voz baixo acabou comigo — Eu sou diferente daquele homem que por muito tempo achei que era o meu pai.

— Megan…

— Você não pode ficar imaginando situações futuras — falou apontando o indicador para mim — não pode deixar a negatividade invadir a sua mente! Você tem que confiar em mim que sou o que sou e principalmente, por eu ser a sua esposa!

E caminhou com as suas mãos na cintura e com a cabeça erguida, ela respirava normalmente.

— Amor…

— Eu mudei por amor a você — me interrompeu e eu me calei — por esse amor que é tão forte dentro de mim. Eu amarei a minha filha ou filho com este mesmo amor e aquele que tentar se levantar, vai cair. Do mesmo jeito que eu posso mudar para o bem — sua voz alterou um pouco — eu posso mudar para o mal. Eu protegerei aqueles que eu amo e nada será capaz de me parar quando eu começar!

— Megan, meu amor — caminhei até ela, pensativa sobre tudo o que ela falou e quis abraçá-la, no entanto, Megan me rejeitou e foi se sentar na cama.

Parada no meio do quarto e olhando para ela, eu tive uma leve sensação de que ela havia ficado decepcionada comigo por ter rejeitado o meu abraço. A um momento atrás, ela estava me amando e agora, havia uma nuvem negra entre nós.

— Megan — Fui até ela e me ajoelhei na sua frente — eu…

— Stella, você ainda me ama como eu amo você?

— Megan, é claro que eu te amo, você é o amor da minha vida.

— E você confia em mim cegamente como antes de você ir para a universidade?

— Amor, eu confio mais em você do que em mim — falei, já sentindo lágrimas se formando nos meus olhos.

— Então me responda!

— Responderei a qualquer pergunta — falei tocando os seus joelhos.

— Aconteceu algo com você durante esses três anos? Você correu perigo? Você foi sequestrada? Foi ameaçada e obrigada a fazer algo?

— Não, meu amor.

— Você sempre esteve protegida, eu estando ou não ao seu lado. Eu quero que continue confiando em mim cegamente e quero que me dê uma filha.

Toquei os seus lábios com o polegar e senti a terna maciez, aquela maciez que eu provava toda vez que a beijava. E para as suas palavras, eu apenas assenti.

— Você me dará esse presente ou adotaremos?

— Para ter a certeza de que eu confio cegamente em você, eu te darei essa decisão, meu amor.

Megan me olhou terna e profundamente e eu consegui dar um sorriso no meio de uma lágrima que escorreu no meu rosto.

— Levante-se, meu amor — ela disse baixinho e eu me levantei.

Megan ainda sentada, encostou a orelha na minha barriga assim que ergueu a blusa e abraçou a minha cintura. Estava fazendo uma simulação de como seria se eu estivesse grávida.

— Em breve, Stella — falou ainda na mesma posição — ouvirei os batimentos do coraçãozinho do nosso bebê.

A emoção me envolveu quando ela se calou e as lágrimas correram, solitárias e silenciosas.

Ainda na mesma posição ela disse:

— E então veremos uma linda cacheada correndo pela mansão e fugindo de suas mamães por ter roubado um doce da geladeira.

Eu sorri em meio às lágrimas e com o soar do meu sorriso, Megan se ergueu para olhar nos meus olhos e então, limpou as minhas lágrimas.

Assim que a emoção passou, Megan me abraçou dizendo:

— Ambas realizaremos os nossos desejos, meu amor.

— Sim, meu amor.

E ali abraçadas, eu me lembrei de um ponto muito importante sobre a gravidez.

— Megan?

— Diga, princesa — e voltou a sentar na cama.

— E se o bebê não for uma princesinha?

Megan olhou para os lados, certamente pensativa pela pergunta e juntou as sobrancelhas.

A garantia de ter uma filha ou filho não era certa, não tinha como escolher, era uma decisão do destino o sexo do bebê. Mas só de imaginar uma cacheadinha de cabelos negros e olhos azuis esverdeados, já deixava o meu coração quentinho e esperançoso.

— Se o bebê for um príncipe — pegou as minhas mãos e acariciou com o polegar lentamente — será um Armstrong e eu o ensinarei a ser um homem de verdade.

— E se forem gêmeos?

Megan ergueu as sobrancelhas tendo agora um sorriso de canto encantador.

— Serão amados pelas suas mamães. Serão filhos queridos e fortes, inteligentes e destemidos.

Em meio ao sorriso e a minha imaginação fértil, eu acabei tendo uma grande dúvida, uma dívida nada agradável.

— Megan?

— Sim, amor — e passou a mão na minha barriga como um carinho.

— E se eu não puder ter filhos? — e ela olhou nos meus olhos, agora totalmente pensativa — E se mesmo sendo jovem, eu for estéril?

Megan me fez sentar ao lado dela e me beijou amorosamente. Sei que aquela pergunta a atingiu em cheio. Mas era uma questão a ser discutida. Muitas mulheres sofriam por ser estéril, mulheres que tinham o desejo de serem mães. Muitas fazem tratamentos em busca da realização deste sonho, mas às vezes, torna-se um sonho inalcançável.

Megan segurou o meu maxilar delicadamente, fechou os olhos, abriu lentamente e já com as suas pupilas dilatadas disse:

— Se você for estéril, meu amor… eu terei este filho.

Suas palavras tocam fundo o meu coração e eu a recompenso com um beijo.

— Você faria isso por mim? — perguntei, ciente de que a resposta seria positiva.

— Eu faço tudo para que possamos ter a nossa família, Stella. Nós realizaremos este desejo e não importa quais maneiras usaremos, nós seremos mamães.

— Ah, Megan… a cada dia que passa, eu fico mais apaixonada por você. Eu quero que saiba que eu te amo, confio em você e sei que é capaz de nos proteger.

— Stella, nada será capaz de impedir a nossa felicidade. Aquele que se levantar contra a família Armstrong, cairá. Será o pó que pisaremos. O nosso amor é a nossa arma e usaremos ela contra tudo e todos.

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