CAPÍTULO 5

[ … ]

No domingo pela manhã, estava ensolarado, um dia perfeito para passear, tomar gelato e andar de mãos dadas com a pessoa que aprendi a amar e que amaria pelo resto da vida.

Megan levantou da cama de lençóis bagunçados, a noite de amor tinha sido intensa e inesquecível, fiquei exausta na minha vontade de dar o prazer a ela. Já estávamos em Florença a sete dias e o que mais fazíamos naquele quarto era amor.

Megan estava vestida numa moletom preta e também com os seus seios despidos, eram lindos, aqueles que eu amava sentir.

A segui com os olhos e vi ela entrar no banheiro que ficava no fim do corredor, aqueles eram os primeiros passos dela depois de acordar, se espreguiçar e sorri para mim. Era como uma recompensa ver o seu sorriso apaixonado e sonolento em todas as manhãs.

Continuei na cama em meus pensamentos sobre Megan, sobre o nosso casamento e nossa lua de mel em Florença. Aqueles dias estavam sendo incríveis. Estávamos vivendo em paz. Eu sabia que algum dia não tão distante voltaríamos para a mansão em Londres e que ela voltaria aos negócios, tanto a empresa Armstrong More, quanto ao cassino de Pisa, o mesmo pelo qual ela deixou no meu nome. Não tinha acontecido nada na gerência de Lana até aquele presente momento e aquilo era um indício de que tudo estaria indo bem. O lucro, pelo que soube de Megan, era maior do que o do Abismo quando ela ainda era a dona.

Começou a esquentar embaixo do cobertor e aquilo me encorajou a levantar. Foi a minha vez de espreguiçar e sorrir para aquele dia esplêndido.

Quando me levantei, Megan apareceu no corredor enrolada numa toalha preta e com os seus fios negros enrolados em um coque alto e frouxo. Sexy ela era e muito, podia afirmar que com apenas o seu olhar, eu ficava com tesão. Ela veio em minha direção, sem piscar, com o seu olhar intenso, de me arrepiar e me fazer suspirar.

Ela parou na minha frente e deu um beijo carinhoso na minha testa, no entanto, não deixei ela ir ao closet sem antes beijar aqueles lábios deliciosos que pertenciam a mim. Não trocamos palavras, nossas atitudes já falavam por si.

Depois de um banho e uma rápida passada no closet, eu encontrei Megan sentada na ponta da cama segurando uma foto. Vi claramente a bela senhora na foto quando repousei as mãos em seus ombros. A mulher na foto tinha traços parecidos com os da minha esposa. Era muito bonita e possuía um olhar jovem e decidido, mas também encantador. Eu tive a certeza de que era a mãe dela quando ela, falou…

— Stella… conheça Aurora Armstrong.

— Puxa… ela era linda.

— Sim, Stella… e às vezes sinto falta dela e dos conselhos valiosos que ela me dava. Eram conselhos parecidos com os de Mercier. Os dois tinham uma conexão até nesse ponto específico. — falou em um meio sorriso.

— Mas pelo que vejo agora… a sua mãe tinha os cabelos castanhos claros e ondulados. — ressaltei, admirando a beleza da linda senhora.

— É, neste ponto, eu me pareço com Mercier.

— Devo reconhecer que o meu sogro teve sorte por ter sido o escolhido dela.

— Sim… o meu pai é um homem bom… tirando a parte em que ele tem o sangue de inimigos nas mãos, como eu.

Quando ela tocou no próprio nome, eu senti um sentimento de angústia vindo dela. Ela não podia fugir do que era, mas tinha a força de vontade para lutar contra tudo aquilo.

Deixei ela em seu silêncio e fui atrás do diário dourado. Megan havia deixado o mesmo embaixo do travesseiro em que repousava a sua cabeça quando deitava para descansar. Peguei, abri e virei páginas avermelhadas sem nenhuma escrita e encontrei em seguida, alguns dos nossos desejos. Li o que tinha escrito dias antes do nosso casamento.

Aquele desejo seria a melhor escolha para dar ânimo a Megan. Relembrar momentos com aqueles que realmente amávamos era profundamente doloroso, ainda mais quando aquele membro mais importante não estava mais entre nós. Lembrar do meu pai, eu lembrava, no entanto, não sentia vontade de continuar deixando ele fazer parte do meu coração.

Me ajoelhei no meio das pernas de Megan, puxei lentamente a foto de sua mão e nossos olhos se encontraram, ali vi uma lágrima solitária escorrer em seu rosto, a qual eu logo limpei com o meu polegar.

Megan me entregou um sorriso apaixonado e assim que o retribui, mostrei a página do diário para ela, que arfou, contendo a emoção em sua garganta. Megan sacudiu as mãos como se estivesse expulsando algo de si mesma e então, falou…

— Tem certeza que é isso que deseja fazer aqui em Florença? Não quer deixar para fazermos em Londres?

— Em Londres faremos outras coisas… aqui e agora iremos aproveitar o bastante. Então sim, eu tenho certeza.

— Não terá medo?

— Não… com você estarei segura.

— Ok, meu amor… realizaremos hoje este desejo.

— Quero que viva um pouco, esqueça coisas que te deixam triste. Estamos em nossa lua de mel e eu não permitirei que a minha deusa fique triste.

— Certo, minha senhora… o seu desejo é uma ordem.

…

— Você aceitou ir naquele brinquedo perigoso? — Christian perguntou bem próximo de minha orelha enquanto caminhávamos em um parque de diversões em Florença, com mbar seguindo na frente e me guiando enquanto eu segurava a sua coleira.

Chris tinha medo, nunca ousou entrar numa montanha russa e esperar que a velocidade dela o levasse para trás e para frente. As descidas eram mais velozes, dando ao indivíduo a adrenalina e a animação um tanto exagerada e isso ele nunca tinha experimentado. Poderia dizer que tal brinquedo era um dos que mais proporcionava gritos e frio nas barrigas. Já estávamos próximos da estrutura de aço e eu mascava um chiclete de menta um tanto azedo que era agradável a língua. Megan e James nos seguia atrás.

— Foi eu quem a chamei para vir até aqui, Christian.

— Você é louca.

— Por mim… — disse Megan me agarrando pela cintura ligeiramente — ela é sim.

Um pequeno susto tive, mas ela me virou e me acalmou com um beijo de tirar o fôlego e de parar o trânsito de pedestres no parque. Sorrimos apaixonadamente uma para a outra sem nos preocupar com os rostos italianos ali.

— Se continuarem assim com esse fogo todo ao ar livre… o Sol vai pedir demissão. — ressaltou Chris brincalhão e nós duas rimos.

— Creio que o meu desejo e amor por Stella supera os milhões de anos que o Sol tem de existência.

— Acredito que sim, já que até em poetisa você já se transformou.

— Posso me tornar em qualquer coisa, contanto que seja por Stella.

Eu no meio do diálogo saudável da minha esposa e do meu melhor amigo, só escutava como James, que estava de olho em tudo e ali, eu regia os batimentos do meu coração, já que Megan acabou o deixando acelerado.

— Duvido! — Chris acabou ultrapassando o limite.

— Dúvida? — Megan ressaltou num tom maquiavélico e se virou para Chris que procurou rapidamente a proteção do corpo de James, o nosso único guarda costas por perto.

Mercier foi resolver um assunto particular e os outros seguranças tomaram o dia para descansar.

Tinha muitas pessoas desconhecidas ali no parque, mas não era necessário que fôssemos escoltados. James e Megan estavam armados e isso era o bastante para garantir a nossa segurança.

Megan gargalhou da forma como Chris se escondeu atrás de James. Ela não faria nada com ele, apesar de ter ficado medonha por ter sido desafiada.

— James não poderá fazer nada por você, pequeno Christian. — ela disse e deu a volta no corpo parado de James, que somente via o seu garoto fugindo de sua chefe. Em primeiro lugar, James devia obediência a Armstrong, ainda mais quando Chris estava errado.

Aquilo era diversão para mim, mas logo teve um fim, pois Chris se escondeu atrás de mim.

— Peça para a sua mulher parar… você sabe que ela me dá medo. — ele pediu entre um fôlego e Megan o agarrou pelo colarinho da camiseta verde e lisa dele.

— Vai me desafiar novamente, pequeno Christian?

— É… é… — ela o puxava ainda mais aproximando os seus rostos.

— Megan… — falei num tom de ordem — já chega, foi apenas uma brincadeira.

Megan o soltou.

— Tome conta dessa sua língua dentro da sua boca… — ela o alertou — porque da próxima vez que usá-la para me desafiar, você a perderá.

Ele apenas mostrava medo em seus olhos.

— Você me entendeu?

— Sim, sim, sim.

Megan veio e me abraçou, eu a recebi com carinho.

— Estava com saudade de sentir o prazer do medo que causo nas pessoas. — ela sussurrou.

— Se você se sente bem assim, tudo bem, mas peço que não amedronte mais o Chris.

— Não o farei mais, mas tudo vai depender dele. Leve isso apenas como uma brincadeira.

— Ok… vou acreditar em você.

•••

Me perdi na casa de espelhos, um labirinto aparentemente infinito. Megan estava ali comigo, mas não ao meu lado. Meu coração já estava acelerado depois de termos estado no trem fantasma e na montanha russa. Só esperava que os próximos brinquedos em que fôssemos fossem mais leves.

Ver Megan feliz, se divertindo sem medo, deixava o meu coração quentinho e me entregava a segurança que eu precisava para poder estar curtindo todos os momentos ao lado dela até o fim.

Caminhar lentamente naquele ambiente que multiplicava e refletia a minha imagem em todos os cantos para não acabar colidindo em uma esquerda ou direita falsa foi o meu maior feito naquele dia. Megan se escondeu, pensamento esse que fortaleci desde que entramos ali e não ouvi mais a sua melódica voz e os seus passos lentos.

Avistei a mulher perigosa na minha frente me chamando com a sua destra e fui até ela, mas acabei colidindo no bendito espelho, o sorriso travesso dela se fez presente naquele impedimento na minha frente. Aqueles espelhos me confundiam e a qualquer momento eu iria cair de ansiedade. Eu precisava vê-la urgentemente. Megan tinha que ser real em algum lugar ali.

Quando olhei para o espelho a frente, ela estava lá atrás segurando uma rosa azul. Tive que me virar para ver se era mesmo real ou se era apenas o reflexo enganador. Então ela me entregou a rosa, contendo um sorriso largo e contagiante no rosto. Ela estava ali para mim, enfim.

Me adiantei, deixando a rosa de lado e a beijei em meio ao abraço em seu pescoço, não permitindo que ela se fosse novamente.

— Senti a sua falta… — falei em meio ao nosso beijo — não faça mais isso.

— Não o farei mais, princesa… eu estarei sempre aqui para você.

[ … ]

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