Capítulo vinte

Não sei porquê, mas não consigo parar de pensar na Mia, não consigo parar de pensar no que aconteceu mais cedo na cozinha da minha mansão e no meu carro. Ela estava muito perto de mim, era como se as nossas respirações estivessem em sintonia, em harmonia. Eu não conseguia me concentrar em outra coisa, apenas no seu doce cheiro. Porquê ela falou baixinho no meu ouvido? Qual era a intenção dela ao fazer aquilo? Estava tentando me seduzir? A Mia não parece ser esse tipo de mulher, ela parece ser tão inocente e tão inexperiente, apesar de não ter parecido de manhã.

O beijo que ela deixou na minha bochecha de manhã mexeu mesmo comigo, eu queria segurar com força os cabelos dela e beija-lá de verdade, queria fazê-la gemer nos meus lábios de novo, igual fiz na boate e no dia do nosso casamento. Ah, maldição! Sinto um desejo avassalador por ela e o pior é que ela não faz nada para provocar esse sentimento em mim, ela é natural e parece não se importar muito com a sua aparência, e como poderia? Ela é tão linda, tão natural, tão maravilhosa. A Mia não precisa de maquiagem, não precisa se arrumar, ela fica linda de qualquer jeito e seria mais atraente ainda se colocasse maquiagem, mas ela não gosta e está tudo bem.

Tenho a curiosidade de saber como são os seus cabelos e o seu corpo, a Mia sempre está com o cabelo preso e eu gostaria de vê-los soltos, quero ver como o seu rosto fica quando os seus fios batem nos seus ombros ou nas suas costas, quero ver se ela fica parecendo uma princesa ou uma rainha. Tenho curiosidade em ver o seu corpo dentro de uma roupa justa, ela sempre coloca roupas largas, vestidos soltinhos, calças pantalonas e eu gostaria de entender o porquê, vestidos justos deixam as mulheres mais atraentes e sedutoras, e seria bom ver o outro lado da minha esposa.

Está quase na hora do almoço e não sei se a Mia já comeu alguma coisa, ela apenas provou uma maçã assim que o dia amanheceu e isso deixa-me preocupado, não quero que ela passe fome e nem que a minha esposa emagreça, não quero que os pais pensem que não estou cuidando bem da filha deles. Sim, o nosso casamento é de fachada, mas ela não deixa de ser a minha esposa por isso, é a minha obrigação cuidar dela e assim o farei até o último dia do nosso contrato de casamento.

Levanto-me da minha poltrona e pego as chaves do meu carro. Irei buscar a Mia na Universidade e espero encontrá-la por lá, quero levá-la para almoçar e saber como está sendo o dia dela, viveremos juntos por dois anos e é a nossa obrigação fazer com que a nossa convivência seja saudável.

- Estava indo me chamar para almoçar, não é ? - Ian perguntou, assim que entrou na minha sala.

- Você tem de parar de entrar sem bater na porta Ian, um dia você pode me encontrar a transar com a Katherine.

- Eu não ouvi isso - disse sorrindo - você é um pervertido Miller Moore.

- Está parecendo a Mia falando.

- Como a sua esposa está? Como está sendo a vossa convivência?

- A Mia está bem, inclusive estou indo levá-la para almoçar. A nossa convivência está sendo boa, pelo menos por enquanto.

- Está indo levá-la para almoçar, é? Interessante! Acho que estás seguindo o meu conselho.

- E qual foi o seu conselho?

- Não me diga que esqueceu.

- Você fala tanta bobagem Ian que eu acabo esquecendo quase tudo - brinquei.

- Só não ficarei zangado porque sei que está brincando. E falando do meu conselho, eu te disse para tentar dar uma chance para o seu casamento e vejo que está fazendo isso.

- Não Ian, eu não estou tentando dar uma chance para o meu casamento. A Mia é a minha esposa de fachada, mas isso não quer dizer que não podemos ser amigos, vivemos juntos agora e assim será até o último dia do nosso contrato.

- Ou até o último dia das vossas vidas.

- Eu não escutei isso, é sério, não escutei.

- Escutaste sim.

- Já vou indo, não tenho tempo para ficar escutando palhaçadas.

- Você ainda vai se apaixonar pela Mia, Miller, e eu estarei aqui para testemunhar isso - foi o que ouvi quando abandonei a minha sala com o meu amigo lá dentro.

O Ian só pode estar louco se pensa que irei me apaixonar pela Mia, ela é linda sim, é atraente e a presença dela me afeta um pouco, mas isso não quer dizer que estou apaixonado ou que estarei daqui a alguns dias, semanas ou meses, prometi pra mim mesmo que não deixaria nenhuma outra mulher ter acesso ao meu coração e lutarei com todas as minhas forças para não deixar essa promessa morrer.

Amor. Como uma palavra tão pequena pode ter um impacto positivo e negativo na vida dos seres humanos? O amor é tão lindo, é um sentimento puro e verdadeiro, toda gente devia amar pelo menos uma vez na vida, as pessoas deviam sentir o poder que o amor tem, sua a grandeza e a sua complexidade. Mas do mesmo jeito que o amor é lindo ele pode ser doloroso e sofredor também, ele faz com que algumas pessoas caiam em depressão, faz com que algumas pessoas sofram e desistam de amar, o amor pode levar-nos até ao mais fundo dos abismos.

Não sei se existe o amor eterno, não sei de facto se o amor é eterno, as pessoas amam e deixam de amar de uma hora para a outra, percebi isso após a separação dos meus pais, eles brigavam muito meses antes da minha mãe sair de casa, eu pensava que aquilo era uma briga de casal, até o dia que o meu pai disse-me que a minha mãe tinha nos abandonado. Eu não acreditei naquilo, eu não queria acreditar naquilo, os meus pais se amavam, eu via isso na maneira como se tratavam, no jeito que se olhavam e se abraçavam, era como se nada pudesse derrotar o amor deles, era como se juntos eles pudessem enfrentar o mundo inteiro. Não sei até hoje o que fez com que a minha mãe saísse de casa, o meu pai apenas disse que ela nos abandonou e que decidiu continuar com a sua vida longe de nós.

Queria convida-lá para o meu casamento mas não consegui porque não temos uma boa conexão e a festa de casamento era para os familiares mais próximos, além disso, acho que ela não teria vindo, não sairia da Inglaterra para presenciar o casamento do filho que ela não viu crescer. Convidei o meu irmão, mas infelizmente ele não veio, tinha um encontro importante com um empresário famoso na Dinamarca e não podia faltar, não fiquei chateado, até porque entendo muito bem como é o mundo dos negócios.

- Para onde está indo, Ian? - era só o que me faltava, encontrar a Katherine no estacionamento da empresa - podemos almoçar juntos hoje?

- Não, não podemos. Estou indo almoçar com um investidor, é um almoço de negócios.

- Está indo sem mim e o Ian? Você sempre vai connosco.

- Sou o Presidente da empresa Katherine, e nem sempre preciso de vocês, sei tratar desses assuntos sozinho.

- Está mentindo para mim.

- O que te faz pensar isso?

- A minha intuição feminina.

- É mesmo? E o que mais a sua intuição feminina diz?

- Que está indo se encontrar com uma mulher.

- E se for, qual o problema?

- Miller….

- Não estou indo ter com nenhuma mulher e mesmo se estivesse isso não é um problema seu, é a minha vida, sou dono de mim mesmo e sei muito bem como cuidar de mim. Sabes como sou Katherine e sabes também que não sou homem de uma mulher só, então pare de tentar se comportar como se fosses a minha esposa.

- Está tentando dizer que somente a Mia é que deve se comportar assim?

- Deixe a Mia fora disso, ela não tem nada a ver com essa conversa.

- Às vezes você é muito cruel comigo, Miller.

- Não se apaixone por mim, essa foi a primeira regra da nossa relação, foi a regra mais importante e parece que você esqueceu-se dela. Não sou um bom homem Katherine e estás perdendo o seu tempo se achas que algum dia irei me apaixonar por você.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***