Capítulo treze

A limusine branca é bastante luxuosa. Ela se destaca com seu elegante design e sua impressionante presença. A limusine oferece amplo espaço tanto para os passageiros quanto para o motorista. Suas janelas, geralmente escurecidas para garantir privacidade, adicionam um toque de mistério e exclusividade.

O interior foi projetado para o máximo conforto e luxo. Os assentos estofados são macios e espaçosos, cobertos com tecidos de alta qualidade.

A limusine também está equipada com uma variedade de recursos tecnológicos de ponta. Uma tela de entretenimento, posicionada estrategicamente, permite que os passageiros desfrutem de filmes, música e outras formas de entretenimento durante a viagem.

Não só a limusine oferece conforto, mas também privacidade. Uma divisória elegante separa o compartimento do motorista, proporcionando aos passageiros um espaço reservado para desfrutar de sua viagem com tranquilidade.

Miller entrou no carro depois de mim e sentou-se ao meu lado.

- O mundo é tão pequeno, quem diria que a mulher que esbarrou em mim no Central Park seria a minha esposa.

- Na verdade foi você que esbarrou em mim, acho que o senhor sabe muito bem disso.

- Mas isso não importa agora Mia, não é verdade?

- Tu não devias ter me beijado daquela maneira.

- Você não manda em mim Mia Morgan e eu não me lembro de teres recusado o beijo, pelo visto você gostou - disse convencido.

- Aceitei apenas porque achei conviniente Miller, não porque gostei, tá legal? Haviam fotógrafos lá, você queria o quê? Que eu separasse os nossos lábios e te desse um tapa em frente de toda aquela gente? Pare de ser tão convencido sr. Moore.

- Mas....

- O assunto está encerrado Miller, por favor fique quieto! - falei um pouco irritada.

Como ele teve a audácia de me dizer que gostei do beijo? Ele não beija mal, na verdade beija muito bem, mas não precisa saber disso, não é mesmo?

Durante toda a trajetória, o Miller não pronunciou uma única palavra, e internamente, agradeci silenciosamente por isso. Sua presença é avassaladora e isso desperta em mim uma sensação de timidez. Cada vez que meu olhar cruzava com o dele, sentia-me levemente intimidada, como se suas íris penetrantes pudessem desvendar meus pensamentos mais profundos.

Sua postura transmite uma confiança indomável, sua simples existência ao meu lado parece preencher o espaço ao nosso redor com uma energia cativante. É como se o silêncio fosse uma forma de comunicação, transmitindo uma mensagem misteriosa e poderosa que ultrapassa as palavras.

Ao mesmo tempo em que a presença do Miller desperta uma sensação de intimidação em mim, também é difícil ignorar a atração magnética que ela exerce sobre minha curiosidade.

Assim que chegamos ao nosso destino, o motorista abriu a porta da limusine, oferecendo-me ajuda para descer. Meus olhos se arregalaram ao contemplar a magnífica mansão do pai do Miller. A visão era simplesmente deslumbrante.

Os portões dianteiros de cor preta, eram imensos, como guardiões protetores da propriedade. A mansão em si, pintada de branco radiante, parecia emanar sofisticação e elegância em todos os detalhes. Sua fachada impecável exibia uma arquitetura requintada, com janelas amplas e detalhes ornamentais.

A frente da mansão era adornada com um extenso jardim bem cuidado. Arbustos meticulosamente aparados e flores coloridas adicionavam um toque de beleza natural ao cenário. Um caminho de pedras perfeitamente alinhado conduzia a entrada, destacando ainda mais a grandiosidade da propriedade.

Ao olhar para a frente da mansão, fiquei maravilhada com a combinação perfeita entre a arquitetura clássica e a beleza serena do entorno. Cada elemento, desde os detalhes finamente trabalhados até a paisagem exuberante, revelava o requinte e o bom gosto presentes em cada aspecto daquele lugar.

Ao entrar na mansão fomos recebidos pelo meu sogro e por uma mulher muito linda que estava ao seu lado.

- Seja bem-vinda sra.Moore - o pai do meu marido me abraçou e beijou as minhas duas bochechas - Você é tão linda!

- E está perfeita neste vestido - falou a mulher ao lado do meu sogro com um sorriso enorme no rosto - estou tão feliz por finalmente ter casado Miller.

- Ah, Rosy, você sabe que esse casamento não é de verdade, estou muito decepcionado com você, devias ter convencido o meu pai a não me propor uma coisa dessas.

- Não seja insensível Miller - o repreendeu - o que a Mia vai achar de você?

- A Mia não tem que achar nada, ela também não queria se casar e assim como eu ela não está feliz.

- Chega deste assunto, os convidados estão a vossa espera na sala principal - disse o sr. Moore

- Segure a minha mão com delicadeza querido esposo - falei com a voz de uma criança, fazendo os meus sogros sorrirem - Você não quer que as pessoas descubram que não estamos felizes, certo?

- Engraçadinha - Miller segurou na minha mão e juntos entramos na sala principal.

Ao adentrar a sala principal da mansão do meu sogro, fui imediatamente impressionada pela sua imensidão. Era impossível não perceber que alguns móveis haviam sido removidos, proporcionando um espaço amplo. Meus olhos vagaram pela sala, e meu coração se aqueceu um pouco ao notar várias fotos do meu marido e eu espalhadas pelos cantos.

Apesar da grandiosidade da sala, não há muitas pessoas presentes,  o número não ultrapassa cinquenta convidados. E, para ser sincera, acho que é o suficiente. Eu sempre preferi lugares mais calmos, onde pudesse me sentir confortável e em conexão com aqueles ao meu redor.

Enquanto meu olhar percorria o ambiente, avistei a Michelle, a Abigail e o Wilson sentados à mesa, acompanhados por outras pessoas que desconhecia. Era reconfortante vê-los ali, compartilhando momentos juntos. A proximidade deles com a minha família trazia uma sensação de união, criando um ambiente acolhedor e familiar.

Enquanto observava a mesa próxima à dos meus pais, pude notar a animação e o riso fluindo entre os convidados. O som das vozes misturadas ecoava suavemente pela sala, criando uma sinfonia agradável de conversas e risadas. Embora os rostos fossem desconhecidos para mim, sentia uma atmosfera de celebração, à medida que todos se envolviam nas alegrias do momento.

- VIVA OS NOIVOS - meu pai gritou bastante animado.

- VIVA - os outros responderam animados também.

Miller puxou uma cadeira na mesa onde meus pais estão sentados e eu me sentei. Ele sentou-se ao meu lado e, delicadamente, encostou na minha mão.

- Eu não te disse mais cedo mas quero que saiba que estás linda Mia Moore, muito linda - falou baixinho no meu ouvido, causando arrepios em cada parte do meu corpo. Virei o meu rosto devagar e pude ver a sinceridade no seu olhar, as nossas bocas estão muito próximas e qualquer movimento nosso pode resultar em um beijo.

- Você também está lindo Miller Moore.

- Eu sei disso.

- Ah, seu convencido - revirei os olhos e ele riu com humor.

Haviam quatro pratos feitos especialmente para a entrada. Uma torta de carne bovina bem temperada, acompanhado de torradas crocantes.

Tinha também uma  variedade de bruschettas com diferentes coberturas, como tomate, manjericão e queijo de cabra; cogumelos salteados com queijo parmesão; presunto de Parma com figo e rúcula.

Mini quiches com diferentes recheios, como queijo e espinafre, cogumelos e queijo cheddar, bacon e cebola caramelizada.

E Rolinhos de primavera recheados com legumes frescos, camarão, frango, acompanhados de molho agridoce ou molho de amendoim.

E como prato principal houve estação de carnes, onde os convidados podiam escolher seus cortes favoritos, como filé mignon, cordeiro ou porco, que foram grelhados na hora pelos chefs.

- Está na hora da primeira dança dos recém casados, Dj por favor solta o som! - sério que a Abigail fez mesmo isso comigo? Essa mulher é tão louca!

Miller levantou-se da cadeira e me ajudou a levantar também, fomos para a pista de dança e o Dj colocou a perfeita música do Ed Sheeran "Thinking out loud". Meu marido colocou sua mão direita gentilmente em minha cintura, enquanto sua mão esquerda entrelaçava-se suavemente com a minha. Senti uma conexão calorosa e reconfortante através desse gesto de carinho. Deixei minha mão direita descansar delicadamente sobre seu ombro, aproximando-nos ainda mais. Nossos corpos se encaixaram perfeitamente, como peças de um quebra-cabeça, criando um abraço íntimo e seguro. Naquele momento, toda a agitação ao nosso redor parecia desvanecer-se, e éramos apenas nós dois, envoltos em um abraço afetuoso.

- Você não dança mal Sra. Moore - Miller girou o meu corpo duas vezes e voltou a apertar a minha cintura.

- Nem você sr. Moore.

- Um beijo seria ideal neste momento.

- Nem pense nisso Miller - falei nervosa.

- Seria apenas encenação.

- Não, não tente isso.

- Mas eu posso, sabes bem disso.

- Por favor Miller, por favor não faça isso!

- Você fica tão linda implorando.

- Seu idiota.

- Olha o jeito.....

- Finalmente a música terminou - afastei-me do meu marido e sorri vitoriosa.

- Essa foi por pouco Mia.

- Então considero-me uma pessoa sortuda.

- Com certeza és.

- Estou cansada Miller, quero ir embora.

- Está tudo bem? - perguntou preocupado.

- Sim, só que estou com esses saltos desde manhã e os meus pés não estão aguentando mais - resmunguei de cara feia.

- Tudo bem, irei resolver isso. Um minuto da vossa atenção por favor! - de repente a sala ficou silenciosa e todos olharam para nós curiosos - os recém casados já estão indo embora, pretendemos continuar a festa a sós, se é que me entendem - falou, fazendo-me corar. Olhei para o Miller com as sobrancelhas erguidas e ele deu de ombros - então, aproveitem a festa - O meu marido me colocou nos seus braços firmes, deixando os convidados agitados.

- VIVA OS RECÉM-CASADOS.

- VIVA.

Saímos da sala principal e fomos para fora.

- O que pensa que está fazendo Miller? Me coloque no chão já!

- Estou tentando ser um cavalheiro Mia, por favor colabore comigo!

- Isso também é encenação? Ou está querendo se aproveitar de mim?

- Isso também é encenação querida esposa.

- Está bem então - Miller me colocou no chão e abriu a porta do carro para mim, entrei e fechei os olhos, permitindo-me descansar um pouco.

Sinto um mão tocando delicadamente o meu rosto, uma mão macia e firme. Deve ser o Miller tentando me acordar, com certeza já chegamos na sua casa, na minha nova casa e estou ansiosa demais para conhecer cada canto deste lugar.

Abro lentamente os meus olhos e vejo o Miller me encarando com um pequeno sorriso no rosto, os nossos olhares se encontram perdidos dentro do outro e as nossas respirações estão em sintonia.

O meu marido sai do carro e abre a porta para mim, me ajudando a sair logo a seguir. Estamos na garagem subterrânea da sua mansão e do lado esquerdo da mesma há uma porta que vai dar em algum lugar.

Miller segurou firme a minha mão e entramos por aquela porta.

Ao adentrar a porta, fui recebida por uma cozinha de extrema elegância. Os móveis são impecáveis, com um design sofisticado e acabamentos perfeitos.

Continuando o percurso, encontrei-me na sala principal. Fiquei maravilhada com a sua contemporaneidade. As paredes são revestidas com um papel de parede sutil, com tons neutros que adicionam uma sensação de calma e serenidade ao ambiente. Grandes janelas permitiam a entrada generosa de luz natural, iluminando todo o espaço.

A decoração minimalista é complementada por móveis de linhas limpas e simples, em tons neutros e materiais modernos, como aço, vidro e couro. Um sofá elegante e confortável ocupava o centro da sala, acompanhado por poltronas de design arrojado.

No centro da sala, um lustre moderno pendia do teto, iluminando suavemente o ambiente e conferindo um toque de glamour. Os pisos eram revestidos por um piso de madeira clara, proporcionando um contraste agradável com os tons mais escuros dos móveis.

Mal posso conter minha ansiedade ao avistar uma graciosa escada em formato de U que conduz ao primeiro andar. Sinto um desejo irresistível de subir seus degraus e alcançar meu adorado refúgio: meu novo quarto.

- Seja bem-vinda na sua nova casa Mia, esteja a vontade para fazer o que quiser, ter se casado comigo torna você a dona de tudo isso - falou com ironia, fazendo o meu sangue ferver.

- Escute aqui Miller - comecei em tom de voz um pouco exaltado - entendo que você não queria ter se casado comigo, assim como eu não queria ter casado com você, mas isso não lhe dá o direito de falar assim comigo.

- Você podia muito bem ter recusado a proposta do meu pai, mas aceitou porque quer usufruir de uma fortuna que nem sequer a pertence, que....- não deixei ele terminar de falar e dei dois tapas no seu rosto. Miller me encarou com ira e deu dois passos pra frente, ficando mais próximo de mim - nunca mais faça isso Mia!

- Senão o quê? Vai me bater também?

- Não queira saber.

- Você é um idiota Miller David Moore, eu casei com você apenas para ajudar a minha família.

- Falida.

- Sim, falida - falei com amargura na voz - você também podia ter recusado, mas não fez isso, por que será? Não jogue toda a culpa em mim, se estamos casados é porque aceitamos a proposta absurda do seu pai.

- Escute Mia....

- Não Miller, eu não tenho que escutar nada - sinto minha voz falhar e os meus olhos se encherem de água, mas eu não irei chorar, não na frente dele - você é um idiota - olhei pra ele pela última vez e subi as escadas correndo.

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