Capítulo oito

Não estou conseguindo me concentrar hoje, é segunda-feira e eu tenho muito trabalho, mas ainda não consegui mexer em nada, os meus pensamentos não estão voltados para a empresa e nem para as tarefas que devo cumprir, a minha mente está distraída e pensando em como a minha vida mudou da noite para o dia. Eu irei casar e nem ao menos conheço a minha futura esposa, não sei nada sobre ela e não sei se ela também sabe de algo sobre mim, pra ser sincero acho que ela sabe sim, sou Miller David Moore, o CEO mais bilionário de Nova Iorque e dos Estados Unidos, sempre estou na mídia, seja por boas ou por más razões e duvido que alguém neste pais não me conheça.

O meu pai soube como não me fazer dormir ontem de tarde e nem na madrugada de hoje, eu só pensava na porra da situação difícil na qual ele me colocou, sou o seu filho mais velho e não é justo o que ele está fazendo comigo, eu tinha pelo menos o direito de escolher a minha própria esposa, mas ele decidiu escolher sozinho sem ao menos me consultar, sem aos menos pedir a minha opinião. Se ele tivesse falado comigo antes e dito que devo me casar juro que teria preferido levar a Katherine ou a Melissa pra ser a minha esposa de fachada, dou-me bem com essas duas e elas sabem ser e estar, além disso, o sexo com elas é incrível e não seria tão difícil para mim viver na mesma casa que elas.

Eu não conheço a esposa que o meu pai escolheu e nem sei se ela é comportada ou não, sei que o sr. Moore não levou uma pessoa qualquer para casar com o filho, mas não sei se a minha futura esposa é patricinha, não gosto desse tipo de mulher e para o bem dos dois e principalmente dela espero que ela não seja a filhinha do papai ou da mamãe.

O bom de tudo isso é que será um casamento por contrato, o que quer dizer que continuarei saindo com quem eu quiser, continuarei transando com quem eu quiser e com a Katherine e com a Melissa também. A única diferença é que agora terei de fazer tudo discretamente, devo evitar a mídia a qualquer custo e devo ficar fora dos escândalos também para não ter problemas com o meu pai.

Dois anos. Dois anos preso a um casamento de fachada, dois anos tentando ser um homem perfeito para evitar problemas com o sr. Moore e com a mídia também. Dois anos fingindo ser feliz com uma mulher que não significa e nem significará nada para mim, dois anos vivendo na mesma casa com alguém. Eu gosto de morar sozinho, sem ter alguém para encher a minha paciência ou tentar conversar comigo, gosto da minha própria companhia e não queria que isso mudasse, mas infelizmente tudo será diferente agora e eu preciso aceitar essa ideia.

Passo as mãos pelos cabelos e sorrio sem humor ao lembrar o que o meu pai disse ontem, ele falou que se eu não me apaixonasse pela minha esposa no prazo de dois anos eu estaria livre para fazer o que quisesse da minha vida. É claro que não irei morrer de amores pela minha futura mulher, não importa o quão linda e delicada ela seja, prometi a mim mesmo que nunca entregaria o meu coração para outra mulher e irei cumprir essa promessa, farei de tudo para ficar o mais longe possível dela, não quero me apegar novamente a ninguém, nem hoje e nem amanhã.

- O que foi Miller? Que cara é essa?

- O meu pai escolheu uma esposa para mim e eu terei de casar com ela.

- O QUÊ? - gritou sorrindo - isso é piada, não é? Miller David Moore irá casar? Sério isso?

- Saiba que não estou nem um pouco feliz com isso, mas eu não tenho outra opção.

- Você tem sim, nós sempre temos uma opção Miller.

- Desta vez eu não tenho mesmo - suspirei derrotado - o meu pai esteve na minha mansão ontem de manhã e falou que se eu não me casar ele voltará para a empresa pronto para administrar tudo, pronto para ser novamente o presidente da nossa indústria.

- Mas o seu pai aposentou-se a dois anos atrás.

- Ele estava decidido a esquecer esse detalhe e a voltar para a empresa, disse que eu seria o vice-presidente e que procuraríamos um cargo deiscente para ti.

- Puta merda Miller! O que deu no seu pai?

- Diz estar cansado de limpar o meu nome na mídia.

- Quantas vezes eu te falei pra você ficar fora dos escândalos Miller? Quantas vezes?

- Não é hora pra falar disso Ian, eu estou desesperado aqui e não estou conseguindo me concentrar em nada.

- Quando é que será o casamento?

- Não sei, o bom é que o será um casamento por contrato, então estarei livre depois de dois anos.

- Dois anos preso a alguém? Você está ferrado Miller, muito ferrado - disse sorrindo.

- Eu sei porra, eu sei.

- Fique aí pensando na sua vida, eu vou para a minha sala, tenho muito trabalho por fazer.

- Grande amigo você é Ian - falei com ironia.

- Eu sei, eu sei - sorriu e saiu da minha sala, deixando-me perdido nos meus pensamentos.

Tenho que ligar para o meu pai e perguntar a data do casamento, preciso estar a par de tudo antes e preciso saber quantos dias de solteiro me restam, quero aproveitar cada segundo e cada minuto como se fosse o último, quero curtir e me distrair antes de casar com a mulher que o sr. Moore escolheu.

A minha futura esposa é mesmo uma interesseira, aceitou casar com um homem quem nem eu, mulherengo e sem escrúpulos, não quis deixar passar a oportunidade de casar com um cara lindo e bilionário e seria estranho se ela deixasse mesmo. O que mais me irrita em tudo isso é que ela aceitou por dinheiro, aposto que o meu pai pagou-lhe muito caro para aceitar ser a minha esposa, ela está prestes a ser milionária as minhas custas e coitada dela, pois não deixarei isso barato.

Com tantos homens que existem na face da terra ela tinha mesmo que aceitar a proposta do meu pai? Pelo que eu saiba as mulheres são sonhadoras e sonham em casar por amor, sonham em ter a primeira vez com um homem que amam, sonham em ter filhos, formar uma família e todas essas coisas de contos de fadas, ela não tinha o porquê de ser o cúmplice do sr. Moore em uma loucura dessas, não tinha mesmo. Se ela realmente precisa do dinheiro porquê não me procurou? Se ela tivesse falado comigo antes do meu pai juro que iria ajudá-la, eu daria o dinheiro que precisa e não haveria casamento nenhum, mas ela preferiu fazer o contrário e não duvido que tenha sido por causa de fama também, ela com certeza é alguém que gosta de chamar a atenção, assim como eu e não seria louca de recusar uma oferta dessas.

- Bom dia filho - levantei o meu rosto e vi o meu pai vindo para a minha direção.

- O que faz aqui pai? - perguntei sem paciência. Ele nada respondeu, apenas empurrou a poltrona e sentou-se.

- Isso é jeito de receber o seu pai?

- Fala de uma vez o que veio fazer aqui, tenho muito trabalho.

- Imagino que sim - disse, deixando uma pasta de documentos na minha mesa.

- O que tem aí?

- O seu contrato de casamento, leia com atenção e assine!

- Ainda estou sem acreditar que você está fazendo isso com o seu filho mais velho.

- Não faça Drama Miller, não combina com você.

- E o que combina comigo?

- Responsabilidade - falou, fazendo-me revirar os olhos.

- Por favor vá embora pai!

- Como quiser Miller - levantou-se e começou a caminhar lentamente - a propósito, seu casamento será daqui a cinco dias - disse assim que chegou próximo a porta.

- CINCO DIAS? - levantei-me da minha poltrona e bati a mesa com força.

- Sim, cinco dias - respondeu calmamente - então seria bom se começasse a procurar um terno novo e elegante, fale com o seu amigo Ian para acompanhá-lo - sorriu divertido - e não se esqueça de falar com os empregados da sua mansão para deixarem pronto o quarto da sua futura esposa. Tenha um óptimo dia Miller - abriu a porta da minha sala e saiu com um sorriso de orelha a orelha.

Ah, que vontade eu tenho de matar o meu pai, de apertar o pescoço dele e de vê-lo ficar sem ar até morrer. Onde já se viu fazer uma coisa dessas com alguém? Onde ele já viu? Porra! Cinco dias? Apenas cinco dias para o meu casamento? Não dá pra fazer muita coisa em tão pouco tempo, tudo bem que será algo simples e com poucos convidados, mas ainda assim não é suficiente para organizar uma festa digna de um CEO como eu, o meu pai está fazendo isso de propósito e eu não vejo a necessidade de ser tão cruel comigo.

E a minha futura esposa? Ela concordou mesmo com uma barbaridade dessas? Era a função dela estender a data do casamento para no mínimo daqui a um mês, não daqui a cinco dias. Puta merda! O que será da minha vida depois do sábado? O que será de mim assim que começar a viver com uma desconhecida? Meu Deus dos céus! Eu viverei com uma desconhecida por dois anos, por dois anos porra, setecentos e trinta e um dias, é muito tempo e não sei se conseguirei olhar para a cara dela todos os dias.

Okay, não adianta ficar me lamentando aqui, aceitei a proposta do meu pai e não tenho que reclamar, eu poderia muito bem tem recusado, poderia ter permitido que o meu pai voltasse à administrar a empresa, poderia ter deixado que ele fosse novamente o presidente da nossa indústria, mas ao invés disso decidi concordar com esse absurdo e preciso ler a droga desse contrato.

Respiro fundo e começo a ler as regras do contrato, elas não são difíceis de cumprir e espero que a minha futura esposa não dificulte tudo, o meu pai deixou claro neste contrato que não quer que o “casal” esteja envolvido em escândalos, o que quer dizer que nós os dois devemos evitar a mídia, principalmente eu.

Eu irei casar neste final de semana, deixarei de ser um homem livre para ser um homem casado, terei de usar a porra de uma aliança e talvez isso afaste algumas mulheres de mim, sei que ainda existem seres humanos com caráter que não seriam capazes de envolverem-se com pessoas comprometidas.

Saio da minha sala pisando duro no chão e vou até a sala do Ian arrancando olhares curiosos dos funcionários, em especial da Katherine. Não sou um homem que fica irritado facilmente, nunca fiquei com a cara tão fechada na empresa como hoje, sou um cara legal que sempre tenta transmitir alegria por onde passa, mas esta segunda-feira está sendo estressante para mim e não consigo pensar em outra coisa que não seja o meu casamento de fachada.

- CINCO DIAS IAN, DAQUI A CINCO DIAS SEREI A DROGA DE UM HOMEM CASADO PORRA! - comecei a andar de um lado para o outro bastante descontrolado.

- Merda Miller, que situação complicada, eu não queria estar no seu lugar.

- CINCO DIAS, CINCO DIAS PORRA! - saí da sala do Ian com os olhos ardendo em chamas, deixando as pessoas um pouco assustadas.

Não estou me reconhecendo, esse cara nervoso e fora de si não sou eu, não sou e quero o verdadeiro Miller David Moore de volta, o cara legal que sempre tem tudo sob controle, do homem que sai com mulheres diferentes em cada noite, do CEO lindo e elegante que nunca deixa as situações difíceis tomarem conta de si.

Entro na minha sala novamente e jogo no chão quase todos os materiais que estavam na mesa, rasgo a minha camisa social e grito como um louco. O meu sangue está fervendo de raiva e os meus pêlos estão arrepiados devido o meu estado, a minha respiração está acelerada e os meus olhos frios e gelados como a neve.

- Fica calmo….. - Ian parou de falar assim que viu a bagunça que fiz - mas que porra Miller!

- Por favor deixe-me a sós com ele Ian - Katherine pediu assim que entrou na minha sala.

- Tente deixar ele calmo pelo amor de Deus!

- Pode deixar - Ian saiu da sala, deixando a Katherine e eu a sós.

Sentei-me na minha poltrona de novo e passei as mãos no meu rosto.

- O que está acontecendo Miller?

- Você quer mesmo saber o que está acontecendo? - sorrio sem humor algum - O QUE ACONTECE É QUE O MEU PAI ARRANJOU UMA ESPOSA PARA MIM E EU TEREI DE ME CASAR DAQUI A CINCO DIAS PORRA! - Katherine piscou os olhos várias vezes e pude ver eles marejados.

A Katherine me ama, eu sei disso, sempre soube, mas eu não sou um bom homem e não tenho mais tempo para sentimentalismo, não tenho mais tempo amar e as mulheres não deviam me amar também, sou um cara sem escrúpulos e a Katherine merece alguém melhor que eu.

- O QUÊ? - foi a vez dela de gritar e de passar as mãos pelos cabelos - E VOCÊ VAI MESMO SE CASAR COM ELA?

- Sim Katherine, eu irei casar com ela - respondi com uma calma que nem sequer tenho.

- Ama ela?

- Eu nem a conheço Katherine, como posso amar alguém que nunca vi? Não será um casamento de verdade, será um casamento por contrato, um casamento de fachada.

- Jura pra mim?

- Juro Katherine, eu juro. Tudo isso é coisa do meu pai, ele disse que se eu não casar com essa mulher ele voltará para a empresa e não deixará nas minhas mãos os sessenta por cento das suas ações. Olha Katherine, o contrato é de dois anos e ela e eu viveremos na minha mansão, mas dormiremos em quartos diferentes, irei entender se não quiser continuar comigo.

- Eu quero sim Miller, você sabe que te amo e que não consigo ficar longe de você - Katherine sentou-se no meu colo e agarrou o meu pescoço - eu te amo Miller - pegou sem delicadeza alguma a minha nuca e me beijou.

Essa mulher é mesmo muito quente e sabe como deixar-me com vontade de transar, ela é boa no que faz e isso deixa-me louco. Aperto com força a cintura da Katherine e intensifico o nosso beijo, peço passagem com a minha língua e ela permite no mesmo instante, as duas brigam em duelo gostoso e excitante que deixa os nossos corpos morrendo de desejo um do outro, que nos fascinam e nos e que nos desarma por completo. Começo a abrir a camisa social da Katherine e ouço seu suspiro de satisfação, levo as minhas mãos para os seus seios e brinco com eles lentamente, fazendo ela gemer sobre os meus lábios. Katherine começa a rebolar no meu colo e esse pequeno gesto faz-me lembrar da Mia, ela também fez esse movimento no sábado enquanto nos beijávamos.

- Eu preciso sair e relaxar um pouco - separei os nossos lábios e levantei-me com ela ainda no meu colo. Katherine resmungou irritada e balançou a cabeça concordando - por favor cancele todos os meus compromissos!

- Sim Miller.

- E procure alguém para limpar essa bagunça.

- Tudo bem querido.

- Vemo-nos amanhã - beijei os seus lábios por breves segundos e saí da sala um pouco mais tranquilo.

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