Capítulo 20 Narrado pela Ayla

Assim que saí da sala, fui atrás da Esther e a encontrei no estacionamento junto com o Ramon.

— Pode ir, Ramon. A Esther vai embora comigo. Eu falei, olhando para o Ramon em um pedido silencioso para que ele não questionasse nada.

— Então tá, né... Nós nos vemos mais tarde, Esther? Ele perguntou, olhando para ela.

— Acho que sim. A Esther falou e se despediu dele com um beijo.

— Se cuida, Ayla, e até amanhã. Ele falou, se despedindo de mim.

E assim, deixando apenas a Esther e eu no estacionamento, caminhamos em silêncio até o meu carro.

— Me desculpa por ter zombado da sua preocupação exagerada. Eu falei quando estávamos no carro.

— Você não leva nada a sério e ainda me tira do sério. A Esther falou, bufando irritada. — Eu estava falando de um assunto sério e você simplesmente faz piadinha. Ela falou indignada.

— Me desculpa, Esther, mas às vezes você exagera. Você tem uma imaginação muito fértil. Eu falei e ela me fuzilou com o olhar.

— Eu só estava fazendo algumas observações e considerando algumas possibilidades. Mas você, ao invés de escutar, tirou sarro de mim. Ela falou, cruzando os braços.

Eu dirigi até a minha casa e não demoramos a chegar. Não tinha ninguém em casa, meu pai eu não sei se está no escritório ou se está em outro lugar, a Alice está na escola e minha mãe mandou mensagem falando que ia ter uma reunião com o advogado que iria dar entrada nos papéis de divórcio.

Preparei lanches para mim e para a Esther e fomos para o meu quarto.

— Pronto, agora podemos conversar tranquilamente. Pode começar. Eu falei, enquanto mordia meu sanduíche.

— Então você acha super normal a professora dormir com você e depois fingir que nada aconteceu? Por que ela fica te escondendo como se você fosse a amante dela? Isso por acaso não te preocupa? Você não acha que talvez ela só esteja brincando com você? A Esther me fez um monte de perguntas num fôlego só.

— Okay, vamos lá. Eu falei e respirei fundo. A Esther é meio exagerada. — Eu gosto de brincar com a Ísis. Eu falei rindo e a Esther revirou os olhos. — É sério, Esther, você está exagerando. A Ísis é uma pessoa centrada, é óbvio que ela não vai arriscar a carreira dela por mim, e eu também jamais permitiria isso. Imagina o que aconteceria se descobrissem o nosso envolvimento. Isso seria um escândalo, e nenhuma de nós duas quer isso. E ainda estamos nos conhecendo, não temos nada para assumir. Estamos só curtindo, e você não pode me criticar por isso, porque você e o Ramon estão se pegando há mais de um ano e não se assumem. Eu falei, e a Esther deu de ombros.

— E o que vai acontecer se você se apaixonar ainda mais por ela? Ela me questionou.

— Não sei, não tenho todas as respostas. A única coisa que eu sei é que não vou cobrar nada da Ísis. Eu não espero receber flores sem motivos, não espero andar de mãos dadas pelos corredores e nem espero receber beijos apaixonados no portão da universidade. A única coisa que eu quero é aproveitar isso, viver isso. Você melhor do que ninguém sabe que é a primeira vez que eu estou me apaixonando por alguém. Isso pra mim é novidade, e eu só quero aproveitar isso. E se tiver que ser em segredo, que assim seja. Eu falei, e a Esther sorriu pra mim.

— Tudo bem, Ayla. Você está certa. Eu nunca te vi desse jeito. Você olha para ela de um jeito diferente e sorri feito boba para ela. Então, já que isso está te fazendo bem, eu vou te apoiar e deixar minhas paranóias e exageros de lado. A Esther falou, e eu agradeci mentalmente por isso. A situação é complicada e se tiver alguém jogando pilha fica ainda pior.

— Você quer jogar comigo? Eu terminei de passar aquela fase em que você estava morrendo toda hora. Eu falei, mudando de assunto e indo ligar a TV. Se tem algo que me distrai muito são jogos e livros. Poderia passar o dia com qualquer um dos dois.

— Também, né? Você já viciou nesse jogo. A Esther falou, reclamando.

— Nem começamos a jogar e você já está chorando. Por que você não deixa para se lamentar quando eu te derrotar? Eu questionei de forma debochada.

— Tudo bem, quem ri por último ri melhor. Vamos ver quem vai ganhar. A Esther falou, cheia de confiança.

Ficamos bastante tempo jogando e eu venci todas as partidas.

— Acho que eu continuo sendo a melhor. Eu falei e comecei a me vangloriar.

A Esther, como a mau perdedora que é, não aceitou a derrota e veio pra cima. Ela iniciou uma guerra de cócegas.

— Vamos ver quem é a melhor. Ela falou, me derrubando no chão e ficando por cima de mim. Eu já estava ficando vermelha de tanto rir.

— Para... com... isso, sua praga.

— O que está acontecendo aqui? A minha mãe perguntou, entrando no meu quarto. — Desculpa, meninas. Eu não quis interromper. A minha mãe falou, olhando para a gente, parecendo envergonhada, e saiu rapidinho do quarto. Eu ri muito disso.

— O que foi isso? — questionou Esther. — Ela não pensou que eu e você... Ai meu Deus. Esther falou, levantando-se desesperada de cima de mim. Dei gargalhadas com o desespero dela, e o rosto de Esther ficou vermelho como um pimentão.

— Acho que foi exatamente isso que ela pensou. Você estava em uma posição bastante comprometedora. Eu falei e vi Esther ficar pálida.

— O que será que sua mãe está pensando de mim agora? Ela questionou, parecendo preocupada.

— Ela deve estar pensando que você tem bom gosto. Eu falei e dei de ombros.

— Estou falando sério. Esther falou, jogando-se na minha cama.

— Relaxa, estou brincando. Vou falar com ela. Eu falei e depois de conversarmos mais um pouco, ela foi embora.

Peguei os copos e levei para a cozinha para lavar, e minha mãe estava lá com um sorrisinho no rosto.

— Não é o que a senhora está pensando. Não é pela Esther que estou apaixonada, e não aconteceu nada demais lá. Eu falei, já esclarecendo as coisas.

— Mas eu não disse nada. Ela falou, fingindo inocência.

— É sério, mãe. Esther é como uma irmã para mim.

— Então quando é que vou conhecer a garota por quem você está apaixonada? Ela me questionou. — Já estou ficando curiosa. Ela falou.

— Ainda estamos nos conhecendo. Se as coisas derem certo, eu te apresento ela.

— Espero que dê muito certo. Quero muito conhecer essa garota. Minha mãe falou, simplista.

— E como foi a reunião com o advogado?

— Foi melhor do que eu esperava. O advogado disse que vai entrar com o pedido de divórcio e vai tentar um acordo amigável com o seu pai. Caso o seu pai não aceite, vamos ter que ir para o litigioso, mas eu espero que o seu pai tenha bom senso e não dificulte as coisas. Inclusive, o seu pai vai se mudar ainda esta semana. A minha mãe falou, me deixando muito contente, mas eu não comentei nada sobre isso.

— Estava pensando em fazermos algo diferente hoje. O que você acha de irmos ao cinema e depois jantar fora? A minha mãe me questionou.

— Parece uma boa ideia, mas infelizmente eu não vou poder ir. Tenho um compromisso marcado hoje e, se tudo der certo, eu só volto amanhã cedo.

— Tudo bem, Ayla, mas por favor se divirta com responsabilidade. A minha mãe me advertiu.

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