Capítulo 18 Narrado pela Ayla

"As decisões mais difíceis são tomadas a partir do amor próprio, aquele que te diz quando é hora de se valorizar e ir embora."

O amor próprio desempenha um papel fundamental ao ajudar uma pessoa a sair de um relacionamento abusivo. Quando uma pessoa se valoriza, reconhece seu próprio valor e se coloca em primeiro lugar, torna-se mais capaz de identificar um relacionamento tóxico e tomar medidas para sair dele. Amar-se significa entender que merece ser tratado com respeito, dignidade e carinho. A pessoa que se valoriza reconhece que merece um relacionamento saudável.

Além disso, o amor próprio dá à pessoa força e coragem para enfrentar os desafios. É acreditar que merece uma vida feliz e saudável, mesmo que isso signifique enfrentar dificuldades temporárias.

O amor próprio é o impulso necessário para sair de um relacionamento abusivo. É a base para a pessoa reconhecer seu próprio valor, buscar apoio, tomar medidas práticas e, por fim, libertar-se do ciclo de abuso. Ao valorizar-se, a pessoa fortalece sua capacidade de se libertar de relacionamentos tóxicos e construir uma vida feliz e saudável.

Fiquei feliz em saber que minha mãe finalmente resolveu dar um basta nesse relacionamento que só tem feito mal para ela e, infelizmente, também tem feito mal para Alice e para mim, porque infelizmente essa situação também respinga em nós.

Mas agora o mais importante é que ela deu o primeiro passo para recuperar sua liberdade, sua independência emocional, sua autoestima e autoconfiança. Sei muito bem o tipo de pessoa que meu pai é, por mais que me doa admitir isso: ele é manipulador, egoísta e egocêntrico, e não conhece limites, sendo capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quer.

Sei que, apesar de ele já ter outra, ele não vai facilitar o divórcio porque meu pai é assim. Ele gosta que tudo seja do jeito dele e gosta de ter a palavra final em tudo.

Quando minha mãe conseguir o divórcio e se livrar de tudo isso, gostaria muito que ela encontrasse alguém que valorize a mulher incrível que ela é, porque ela merece ser muito feliz. E espero que, quando ela encontrar alguém que vale a pena, ela não se feche para esse sentimento.

Chegando na universidade, encontrei meus amigos sentados perto do portão da entrada principal.

— Bom dia. Eu falei, cumprimentando a Esther e o Ramon com um abraço e um beijo no rosto. — Como vai o meu casal favorito? Eu perguntei só para fazer raiva neles. Eles têm uma espécie de amizade colorida que não evolui para namoro de jeito nenhum.

— Ao que parece, a tocha humana acordou de bom humor hoje. O Ramon falou debochando.

— Esse apelido já não me serve mais. Ao que parece, eu não vou mais segurar vela para vocês.

— Talvez... Mas isso não importa porque você segurou vela por tanto tempo que a vela virou tocha olímpica. A Esther falou rindo.

— Hahaha, nossa que engraçado. Eu falei e me sentei um pouquinho distante deles.

— Tá chateada, Ayla? A Esther perguntou, sentando ao meu lado. — Não precisa ficar assim, a gente só tá brincando. A Esther falou e me abraçou de lado, eu não retribuí o abraço.

— Vocês não sabem brincar. Eu falei, cruzando os braços. — Sempre usam a inexistência da minha vida amorosa para implicar comigo.

— Ao que parece, sua vida amorosa ressuscitou e não podemos usar isso para te zoar mais. O Ramon falou de forma debochada.

— Falando nisso, a responsável pelo milagre está acabando de chegar. A Esther falou, olhando para a nossa frente.

A Ísis estava linda como sempre, um sorriso brincava em seus lábios, seus cabelos estavam soltos, as pontas estavam levemente onduladas, sua roupa estava impecável como sempre. Ela sempre se vestia de forma mais formal, o que a fazia parecer mais séria, mais confiante, totalmente diferente da mulher de moletom com quem eu tomei café mais cedo.

Ela fica linda de qualquer forma, qualquer roupa lhe cai muito bem e sempre atrai a atenção de todos ao seu redor.

— Bom dia. Ela diz quando passa perto de nós, mas não espera resposta e nem olha para trás.

— Nem parece a mesma pessoa de ontem. O Ramon comenta, olhando para onde Ísis tinha passado, já que agora ela estava fora do nosso campo de visão.

— Verdade, ela nem olhou para a gente. A Esther disse bufando irritada e eu ri da reação deles.

— Não é para tanto assim, esse é o local de trabalho dela, é natural que ela aja com profissionalismo. Eu falei e eles me encararam surpresos.

— Então, para você está tudo bem passarem a noite juntas e no dia seguinte ela te tratar como se você fosse só mais uma aluna na multidão? O Ramon questionou.

— Para mim está tudo certo, desde sempre ela foi bem clara quanto a isso. O nosso envolvimento é do portão para fora, aqui dentro eu sou uma simples aluna e ela é a minha professora, não vamos misturar as coisas.

— Nossa, quanta maturidade. O Ramon falou, parecendo mais impressionado do que sarcástico.

— Então, o que vocês têm é só um caso que nunca vai se tornar nada mais que isso? A Esther me questionou.

- Eu concordei em manter o que quer que seja isso que nós temos fora das paredes dessa universidade. Ela tem uma carreira a zelar, ela passou por muita coisa para chegar até onde está e não vai ser por minha causa que ela vai perder isso. Por isso, eu peço gentilmente para falarmos desse assunto em qualquer lugar, menos aqui. Tudo que eu menos quero é prejudicar a Ísis.

- Tudo bem, não vamos falar disso aqui, mas ainda vamos ter que conversar sobre isso. - A Esther falou juntando as suas coisas e eu fiz o mesmo, porque já estava na hora de irmos para a sala.

Nós nos despedimos do Ramon e fomos para a nossa sala. A gente entrou e logo depois a Ísis apareceu. A aula foi tranquila, a gente fez um debate. Admito que estava começando a gostar disso.

Durante a aula, o olhar da Ísis e o meu olhar se encontraram algumas vezes e eu sorri para ela sempre que isso aconteceu. Foi algo natural e involuntário.

Não sei exatamente o que sinto pela Ísis, mas eu quero ver até onde isso vai dar. Não sei quanto tempo vai durar, mas vou me permitir viver isso ao máximo. Obviamente, vou fazer isso respeitando o espaço dela e as regras dela também.

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