Capítulo 13 Narrado pela Ayla

"Às vezes agir por impulso pode não ser bom, mas pode ser pior não agir por pensar demais."

Eu novamente agi por impulso e não me arrependo. Naquela festa, por impulso, eu me aproximei da Ísis e passei a noite com ela, e não me arrependo porque aquela foi uma das melhores noites da minha vida.

Hoje eu a beijei. Estávamos sozinhas, ela estava linda e não havia motivos para resistir ou lutar contra o meu desejo de beijá-la. Eu simplesmente fiz aquilo que estava com vontade e não me arrependo.

— Pela sua cara de boba apaixonada, dá para ver que a conversa foi boa, hein? — A Esther falou em tom baixo e sugestivo.

— Eu vou exercer o meu direito de permanecer calada. — Eu falei e continuei olhando para frente.

Não é que eu não confie na Esther, mas eu jamais iria expor o que aconteceu entre mim e a Ísis dessa maneira. Jamais falaria sobre algo tão íntimo dentro de uma sala de aula.

— Vai ter uma festa hoje, você vai comigo, né? — A Esther me questionou e agora eu olhei para ela.

— Que festa? — Eu a questionei.

— Vai ter a inauguração de uma boate nova hoje. O Ramon conseguiu entradas VIP para nós. Hoje à noite promete. — A Esther falou tentando conter sua animação.

— Então hoje à noite promete? — Eu a questionei de forma maliciosa. — Acho que não estou a fim de ficar de vela. — Eu falei e a Esther revirou os olhos.

— Se você convidar sua namorada, então você não vai ter que ficar de vela. — A Esther falou dando de ombros, como se aquilo fosse algo muito simples.

— Não vou discutir isso com você.

— Mas você vai pensar no que eu falei? — Ela me questionou.

— Vou pensar nisso, mas não garanto nada. Eu falei e voltei a concentrar toda a minha atenção na minha professora.

Enquanto ela explicava a matéria, ela aproveitou para amarrar o seu cabelo em um coque alto. Eu observei atentamente todos os seus movimentos. Quando ela terminou o seu coque, pude observar melhor o seu rosto e o quanto aquele penteado lhe caía muito bem.

— Limpa aqui — a Esther falou, apontando para a minha boca. — A baba já está escorrendo.

— Se você quiser que eu vá na festa, você deveria parar de me provocar.

— Já parei. Ela disse, levantando as mãos em sinal de rendição. — Ayla? Ela me chamou novamente.

— Oi? Eu questionei, ainda olhando para Ísis.

— Eu gosto de te ver assim... Gosto do brilho nos seus olhos e do sorriso bobo que estampa o seu rosto toda vez que você olha para ela. A Esther falou, me pegando de surpresa.

Aquilo me assustou de uma forma impressionante, porque eu ainda não tinha noção da dimensão de tudo isso que eu estava sentindo pela Ísis.

— É sério que eu faço isso? Eu a questionei.

— A cara de boba apaixonada? Você faz isso toda vez que você olha para ela. A Esther falou e eu abaixei a cabeça.

Fiquei com vergonha, passei tanto tempo guardando tudo para mim e agora eu não sei mais nem disfarçar o meu interesse na Ísis.

— Não precisa ficar assim, Ayla. Se você gosta dela, então qual o problema de olhar para ela de forma carinhosa? A Esther perguntou de forma retórica.

Depois disso, ficamos em silêncio. Não há nada a ser dito, o meu olhar já me entregou mesmo e simplesmente eu não me importo.

"O olhar de uma pessoa apaixonada é algo que não pode ser descrito em palavras. É uma mistura de admiração, ternura, felicidade e vulnerabilidade. É como se, apenas com os olhos, a pessoa pudesse expressar tudo o que sente pelo outro, sem necessidade de palavras ou gestos."

Quando a aula chegou ao fim, eu juntei minhas coisas me preparando para sair.

— Espera um pouco, preciso falar com você. — A Ísis falou, me surpreendendo.

Então, eu esperei até que estivéssemos apenas nós duas na sala.

Minha única preocupação era a possibilidade de a Ísis ter se arrependido e querer mudar de ideia.

— E então? — Eu questionei assim que todos saíram.

— Tá tudo bem? — Ela perguntou, segurando minha mão e fazendo um leve carinho.

— Você me deixa confusa. — Eu confessei e ela sorriu.

— Você também me deixa assim. Mas eu gosto. — A Ísis falou, e foi minha vez de sorrir.

— Meus amigos me convidaram para ir na inauguração de uma boate hoje... E essa boate é bem longe da universidade...

— E? — A Ísis me questionou, me incentivando a continuar. A olhei e vi que ela estava tentando conter um leve sorriso que surgia em seus lábios.

— E provavelmente eu vou ficar de vela... A Esther disse que eu poderia convidar alguém para me fazer companhia, mas o problema é que a única companhia que eu quero é a sua, mas eu não sei se você vai querer ir comigo. — Eu falei, dando de ombros e soltei um suspiro dramático.

— Nossa, que dilema hein. Mas se você quiser ir, eu posso muito bem te acompanhar, só não posso voltar muito tarde. — A Ísis falou, o que me deixou muito feliz.

— Tá bom, prometo que a gente não vai voltar muito tarde.

— E então, eu te busco, você me busca ou a gente se encontra lá? — Ela me questionou de forma divertida.

— Acho melhor a gente se encontrar lá. Vou anotar o meu número aqui. — Eu falei, pegando a minha agenda e anotando o meu número. Depois, arranquei a folha. — E depois você me manda mensagem para a gente combinar direitinho. — Eu falei, entregando o papel para ela.

Ela ficou encarando o papel e depois me olhou e sorriu.

— Finalmente, agora eu tenho uma desculpa para te mandar mensagem. — Ela falou em voz baixa, mas eu escutei.

— Você não precisa de desculpas para me mandar mensagens. Você pode ficar à vontade se quiser me mandar mensagem de bom dia, boa noite, tudo bem. Se quiser, pode até mandar frases motivacionais. Eu falei e ela sorriu.

Para ser bem sincera, eu não me importaria de receber qualquer tipo de mensagem da Ísis, e provavelmente as mensagens dela serão as únicas que eu vou responder sempre. Esse vai ser um luxo exclusivo dela, porque nem mesmo os meus pais eu costumo responder.

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