Capítulo 17

Acordei com o barulho do celular alarmar. Sentei-me sobre a cama ainda sonolenta, procurei minhas pantufas com os pés e fui até o banheiro. Fiz minha higiene bucal e fui tomar um banho para relaxar. Estava aproveitando aquela água morna percorrer todo meu corpo quando ouvi a voz de Ferrari ressoar pelo quarto. Desliguei o chuveiro rapidamente, me cobri com a toalha e saí do banho.

— Não tenho mais privacidade nessa casa? — indaguei, observando ele parado. Seus olhos pareciam prestes a saltar sobre mim, e mesmo envolto na toalha, eu me sentia nua diante daquele olhar. — E afinal, como entrou aqui? A porta estava trancada.

— Tenho as chaves de todas as portas, anjo. Só vim pegar uma coisa que eu havia esquecido aqui no seu quarto, mas já achei. — disse ele, aproximando-se de mim. Seus dedos mornos ergueram meu queixo, fazendo-me olhá-lo nos olhos.

— Não pode invadir a minha privacidade, Ferrari. — apertei a toalha mais contra o meu corpo, como se em algum momento, ela pudesse ser arrancada de mim.

Ferrari me mostrou um sorriso calmo, enquanto me fitava por breves segundos.

— Um dia, eu arrancarei essa toalha do seu corpo e a farei minha, docinho. E quando esse dia chegar, vai me implorar por mais. Vai me pedir gemendo para que eu te faça da maneira mais prazerosa possível. É uma pena que esse dia ainda não tenha chegado, mas tenho paciência de esperar, não se preocupe.

Eu engoli o seco que se formou em minha garganta e desviei meu olhar do seu. Ferrari saiu dali com um sorriso vitorioso nos lábios, me olhou pela última vez antes de fechar a porta. Mordiscou os lábios e piscou o olho, me deixando ainda mais irritada. Como ele pode ter tanta certeza disso? No dia que eu me entregar a ele, nesse dia estarei louca.

Sinto muita raiva dele, não vou mentir. Porém, quando ele me toca, quando me deseja, sinto meu corpo arrepiar. O desejo de querê-lo é grande. E toda aquela raiva vai embora em instantes. Será possível que o amor e o ódio possam estar tão próximos dessa forma? Eu queria me render a esse desejo, queria me entregar. Mas lembro-me de que Ferrari não merece esse amor.

Após me vestir, desci para a cozinha, tomei meu café da manhã e em seguida subi para o quarto novamente. Lembrei-me da piscina naquela mansão. Caminhei até o closet, procurei por roupas de banho, e havia muitos maiôs. Lembrei-me dos meus biquínis, procurei na mala, mas não os encontrei. Talvez Ferrari os tenha jogado fora. Ele tem uma obsessão sobre mim que me assusta. Peguei o maiô e o vesti; em seguida, coloquei um short por cima.

Desci para a sala, Ferrari não estava em lugar algum. Passei perto de uma porta, que estava um pouco aberta. Percebi que ele estava lá dentro, pois ouvi a voz dele falando em italiano ao telefone, visivelmente irritado. Me aproximei mais da porta e me assustei quando ele bateu na mesa de vidro, que se partiu em pedaços, enquanto gritava com a outra pessoa do outro lado da linha.

Voltei a colocar o ouvido próximo à porta. Mas, para a minha surpresa, Ferrari estava saindo e me viu ali. Agora, eu estava tão próxima ao seu corpo que fiquei paralisada no lugar. Não consegui me afastar em momento algum. Dei alguns passos desajeitados para trás. No entanto, Ferrari me puxou para si, colando-me novamente naquele corpo tão forte e rígido.

— O que você tentou ouvir aqui são assuntos confidenciais. Para a sua sorte, falei tudo em italiano. — Disse ele próximo aos meus lábios. Pude sentir o seu hálito mentolado.

— Perdão. — Senti o meu corpo tremer. — Eu estava passando para ir à piscina e…

— Shii... — Ferrari passou o dedo nos meus lábios, me impedindo de continuar. — Não se explique, não tem importância. Eu estava tratando de negócios. Aliás, eu quero avisar a você que o meu pai e o meu irmão vêm da Itália amanhã. Vou fazer um jantar de Boas-vindas a eles. Não ficarão por muito tempo, só vêm para resolver alguns assuntos e logo estarão indo embora.

— Entendo... — Falei quase em um sussurro.

Ferrari me acompanhou até a piscina, fomos conversando até chegar lá. A nossa tarde foi agradável e conversamos como um verdadeiro casal em harmonia. A noite havia chegado, e ele recebeu uma ligação de urgência e teve que viajar de última hora. Assim que ele saiu, me tranquei no meu quarto, tomei um banho na banheira de hidromassagem e depois fui ler um livro deitada sobre a minha cama. E nisso, acabei adormecendo.

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Acordei com os raios do sol inundando o quarto. Espreguicei-me e segui para o banho. Lembrando que hoje receberia a visita do meu sogro e cunhado, como esposa do Ferrari, sabia da importância de estar apresentável. Desci para a cozinha, tomei o café da manhã e retornei ao quarto. No entanto, o tempo parecia não passar e eles ainda não haviam chegado. Ferrari apenas mencionou um jantar de boas-vindas, sem especificar o horário da chegada.

Ao meio-dia, desci para almoçar e, depois de terminar, fui ao jardim para ler. O cansaço começou a me dominar e acabei cochilando por um tempo.

As horas pareciam se esticar, a espera se tornava interminável. Finalmente, no fim da tarde, ouvi passos se aproximando. Desci as escadas com o coração acelerado, ansiosa para conhecer o pai e o irmão de Ferrari.

Ao entrarem na mansão, trouxeram consigo uma aura imponente e um marcante sotaque italiano. Cumprimentaram-me com cortesia e sorrisos calorosos. Eu cumprimentei-os.

O jantar foi servido de maneira magnífica, e todos compartilhamos risadas e histórias. A cada momento, me sentia mais envolvida naquela dinâmica familiar, apesar das sombras que pairavam sobre o passado de Ferrari.

Após o jantar, desejei-lhes uma boa noite e Lana os acompanha até seus quartos. Assim que sai da cozinha, subi para o meu quarto, não pude evitar a mistura de emoções que me invadiu. A presença da família de Ferrari trazia, boas lembranças sobre a minha família.

Enquanto me preparava para dormir, olhei pela janela e vi as estrelas pontilhando o céu noturno. Havia algo de mágico naquela noite, algo que me fazia questionar o destino que estava sendo traçado para mim.

Saí do quarto para pegar uma jarra com água, pois costumo ter sede durante a madrugada, especialmente quando tenho alguns pesadelos. E no meio da escuridão, esbarrei em Pedro, irmão de Ferrari.

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