Capítulo 07

Trabalho em uma agência de vestidos de noiva. O cenário é incrivelmente bonito e acolhedor. Sempre sonhei em me casar um dia, usando um vestido assim. Os detalhes delicados e os tecidos luxuosos dos vestidos me fazem sentir como se estivesse em um conto de fadas. É um privilégio trabalhar neste ambiente tão especial. Imagino cada noiva que entra aqui encontrando o vestido perfeito para o seu grande dia, e isso me enche de alegria. Espero que um dia, quando chegar a minha vez, eu também possa vivenciar essa emoção e escolher o vestido que me fará sentir como a noiva mais feliz e radiante do mundo.

— Sofia, amanhã não precisará vir. Estarei viajando a negócios. Assim que eu retornar, eu aviso.

— Tudo bem, senhora Carmen.

Chegou a hora de ir para casa. Peguei minhas coisas e saí da agência, caminhando pela calçada. O ar fresco da noite trouxe um alívio bem-vindo após um dia tão envolvente.

Acreditem, eu me arrependi amargamente de não ter pedido um táxi. Porque andei muito. Tanto que meus pés estavam doendo e cheios de calos.

Enquanto caminhava, pensei bastante em tudo o que estava acontecendo. Não vou dizer que não estou com medo das ameaças daquele homem. Estou, estou com muito medo, não sei como escapar dele.

Tenho que ter muito cuidado com ele. Ele me fez perder meu primeiro trabalho antes mesmo de eu conseguir trabalhar. Imagine se ele fosse acabar com minha pobre vidinha. Não sei quem é ele, mas a única coisa que sei é que ele tem poder e faz o que quer. Isso, não duvido. E ainda por cima, é louco. Porque não para de me perseguir, só porque está com essa obsessão maluca.

Pensei tanto na minha vida que não observei a hora, cheguei na frente do hotel onde moro. Entrei e subi para o apartamento. Assim que entrei no meu quarto, tirei logo toda a minha roupa, afim de tomar um banho e descansar um pouco. Nesse momento, o meu celular começou a receber um monte de mensagens.

" Olá vida, estive fora viajando nos últimos dias. Peço desculpas por não ter te ligado. Agora estou de volta à cidade e amanhã passo para te buscar para tomarmos um café juntos. Estava com saudades.

Joguei o celular longe, nem vou responder esse chiclete. Tenho a certeza que hoje não vou dormir, só imaginando estar com aquele cretino novamente amanhã. Fui tomar banho, e assim que terminei, fui até a cozinha jantar. Eu queria descansar um pouco.

— Minha querida, as 20:00h, eu estarei viajando. Vou fazer alguns exames em uma clínica que a minha sobrinha me indicou.

Minha tia pegou nas minhas mãos enquanto falava. Estava tão feliz por ter conseguido uma vaga na clínica que conta com os melhores especialistas. E eu também fico muito feliz por ela.

— Não se preocupe tia, ficarei bem.

Peguei também nas suas mãos, para que ela saiba que estou aqui, dando o meu apoio como sobrinha e amiga. Assim que terminei de jantar, fui descansar alguns minutos. Havia muitas ligações no meu celular, com números desconhecidos, e eu já imaginava quem havia ligado.

Procurei na minha lista de amigos um colega meu da escola. Ele se chama Adriano. É um menino muito legal e bonito. Porém, o que há entre nós dois mesmo é só amizade. Marquei com ele de sairmos mais tarde, para tomar um sorvete, já que eu estou devendo isso a ele. Adriano me convidou bastante para sairmos, mas sempre eu estava ocupada.

Já no horário marcado, a minha tia já havia viajado. Eu aproveitei para ir ao meu encontro com Adriano, e tudo na sua companhia foi ótimo. Conversamos bastante, tomamos sorvetes, jogamos alguns jogos de sinuca. E tudo aquilo me fez esquecer por instantes o problema que eu tinha arranjado, só por abrir uma porta e procurar por uma amiga minha em uma "boate".

Terminando a nossa noite de diversão, Adriano me deixou em casa, eu agradeci e fui para o meu apartamento descansar um pouco. Eu estava me sentindo bastante exausta.

Acordei pela manhã, já era umas 11:00h. E sei que acabei dormindo demais. Tanto que acabei não indo ao maldito encontro com o Ferrari. Mas agradeci a mim mesma por isso. Eu não queria ir mesmo, para mim tanto faz.

Eu tomei um banho, fiz a minha higiene matinal, tomei um café e me arrumei. Estava decidida a ir hoje para a casa da Lili. Vou passar o dia com ela. Coloquei alguns pertences na minha mochila, e assim que eu ia saindo, o florista me aparece com um buquê de rosas-vermelhas. É o buquê mais lindo do mundo. Eu nunca havia visto algo tão divino.

— Assine aqui, senhorita.

Ele me passou uma folha e a caneta, para que eu assinasse, constando que recebi as flores. Assim que terminei de assinar, peguei o cartão que estava no meio das flores e li.

"Receba essas flores como prova da minha admiração por você, Sofia. E não se esqueça, que sou capaz de tudo. Você fez a sua escolha ontem, e hoje tornou a escolher o caminho mais difícil."

Quando eu li o cartão, até então, não imaginava de quem havia me enviado as flores. Por um certo momento, achei que tinha sido Adriano, já que ele tem esse lado carinhoso com todos. Mas já vi que não.

Depois que li aquelas palavras, um calafrio percorreu pelo meu corpo, e eu sabia que ele iria fazer alguma coisa, só não sei o quê. Peguei as flores e joguei na lata de lixo, rasguei o cartão também, e joguei no lixo. Peguei o meu celular, disquei o número da minha mãe, e ela me atendeu.

Conversamos por muitas horas, enquanto eu peguei o táxi e fui para a casa da Lili. Minha mãe me falou que conheceu o Ferrari na empresa, que papai trabalha. Ela me disse que ele é um ótimo homem, que é atencioso, preocupado e muito respeitador. Diante daquela conversa, eu pude constatar que ele enganou os meus pais. Certo que ele é tudo isso, mas é louco e obsessivo também.

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