Capítulo 08

Já estou na casa de Lili. A todo momento, caem mensagens, e vão chegando ligações, que eu recuso. Não sei se, com o meu comportamento, estou piorando as coisas, mas eu não vou atendê-lo, e nem vê-lo mais.

" Aguente as consequências."

Essa frase me deu um arrepio. O que ele faria agora? Qual seria o próximo passo? Ele sabe de tudo o que faço, inclusive que saí com Adriano ontem à noite. Ferrari deixou claro pelas mensagens.

Lili percebeu que eu estava nervosa. E quanto mais eu olhava para a tela do celular, mais nervosa eu ficava. Eu não disse nada a ela. Não posso falar. Dei alguma desculpa e continuamos almoçando. Lili conversava sobre algumas coisas, mas eu não conseguia prestar atenção.

A nossa tarde foi animada. Fizemos algumas pipocas e assistimos a alguns filmes na Netflix.

Ao entardecer, peguei minhas coisas e segui para casa. Eu não conseguia mais me concentrar nem nos filmes. Ainda mais quando assisti um, onde a mulher estava sendo obrigada a casar com um homem que ela não queria.

Assim que o táxi me deixou na frente do hotel, o administrador do condomínio me parou e me deu a notícia de que eu teria que sair do apartamento. Ele me entregou uma ordem de despejo. Li o papel minuciosamente e ali consta que tenho apenas uma semana para arrumar as minhas coisas. A raiva me consome por dentro.

Subi para o apartamento. Eu estava me sentindo perdida.

Só pode ter sido aquele canalha. 💭

Passei as mãos pelo meu rosto. Soltei a respiração pesada que estava prendendo. Comecei a chorar amargamente. Por tudo isso estar acontecendo comigo. O apartamento não é meu, é da minha tia, e agora? O que vou falar para ela? Como vou contar toda essa situação? Ainda mais ela estando doente.

Peguei o bendito celular e mandei mensagem para aquele cretino do Ferrari:

— Foi você? Você está acabando com a minha vida, seu cretino."

Apertei o botão de enviar a mensagem. Ferrari olhou e demorou muito para me responder. As lágrimas caíam dos meus olhos como uma cachoeira, e a raiva me consumia, pois sabia que ele estava lendo as mensagens e não me respondia.

— Me diga, fale comigo e não desapareça. Assuma seus erros como um homem de verdade.

Enviei novamente a mensagem.

— Eu avisei a você, Sofia. Eu te dei opções, te dei liberdade para escolher. E você, optou pelo caminho mais difícil.

Quanto mais eu lia as mensagens, mais eu chorava. Mas era de ódio.

— Como pode fazer isso comigo? Só por causa de uma obsessão maluca da sua cabeça. Eu não te fiz nada, Ferrari, não mereço isso."

— Quero te ver amanhã, no mesmo horário. Prometo que conversaremos."

Dito isso, não mandei mais mensagem. Só de imaginar que estarei novamente com ele, um calafrio percorre o meu corpo. E saber que vou almoçar com ele me causa um mal-estar.

Pensei em arrumar as minhas malas e voltar para a Itália. Mas colocarei a minha família em risco, porque ele sabe onde moro. Até se dar bem com a minha família. Eu não tenho para onde correr, tenho que ir a esse almoço. Não tenho saída.

Minha noite foi longa, não consegui dormir. Eu estava sentindo uma angústia dentro do meu peito, era horrível me sentir assim.

Amanheceu. Me levantei da cama, tomei um banho, escovei os dentes, me arrumei e fui tomar um café. Esperei dar o horário em que ele disse que vinha me buscar. Um carro apitou e eu já sabia que era ele. No mesmo instante, me deu uma dor de barriga.

Respirei fundo, peguei o elevador e desci para encontrá-lo. Parei no caminho, pensando em sair correndo pelas ruas de São Paulo, mas não ia ajudar em nada. Porém, me lembrei novamente dos meus pais.

Os seus olhos escuros encontraram os meus. Ele estava tão lindo, vestido em um terno sob medida, que marcava perfeitamente o seu corpo esbelto. Nem parece que ele é um psicopata e obsessivo.

— Está feliz agora? Agora me tem nas suas mãos, como tanto queria.

Eu o encarei, não me intimidei com aquele olhar tão penetrante.

— Com toda a certeza, princesa!

Ferrari passou o braço pela minha cintura e me puxou para si. Ele cheirou o meu pescoço, me causando arrepios pelo corpo. Os seus lábios encontraram os meus. Pensei que eu seria beijada por ele, mas ele se afastou, me deixando completamente desnorteada.

— Você está maravilhosa, como sempre.

Disse, mostrando um sorriso calmo.

Eu não poderia negar que os seus toques firmes quase me fizeram cair nos seus encantos. O cheiro bom do seu perfume, o contato da pele, os seus lábios tão vermelhos, eram convidativos. Até demais.

Ele percebeu o quanto mexeu comigo através dos seus toques e novamente me mostrou um sorriso vitorioso, me deixando constrangida comigo mesma. Ferrari tem um toque tão sutil e, ao mesmo tempo, prazeroso. Eu não sei explicar. É algo que mexe totalmente com o seu intelecto.

Esse homem tem pacto com o satan. Só pode.

Enquanto eu tentava disfarçar a turbulência que se agitava dentro de mim, Ferrari inclinou-se um pouco mais, seus olhos fixos nos meus, como se pudesse ler cada pensamento. Sua voz, suave como um sussurro, quebrou o silêncio tenso.

— Você é uma mulher extraordinária.

Ele disse, com uma confiança que era ao mesmo tempo intrigante e intimidadora.

— Posso sentir a profundidade da sua alma, e é raro encontrar alguém assim."

Suas palavras ecoaram em minha mente, criando uma tempestade de emoções contraditórias. Eu estava dividida entre o desejo de me afastar e a atração magnética que me puxava para mais perto dele. Era como se estivéssemos presos em um jogo de forças invisíveis, dançando na linha tênue entre o conhecido e o desconhecido.

A noite parecia se estender infinitamente, e cada momento ao lado de Ferrari era uma montanha-russa emocional. Eu sabia que aquele encontro era um ponto de não retorno, uma encruzilhada que iria alterar o curso do meu destino.

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