Embora o uso do vestiário masculino tenha sido exclusivo apenas pros atletas do Texugos naquela manhã, nenhum deles fica incomodado com a minha entrada. Pelo contrário, eles me cumprimentam cordialmente e percebem que vim atrás do meu namorado. Saindo de trás deles, Johnny se aproxima de mim, surpreso com a minha chegada.
- Johnny - chamo-lhe pelo seu nome.
- Junior, o que veio fazer aqui? Estamos prestes à ir pro campo. Falta bem pouco.
Ao invés de ficarmos parados no meio dos outros caras, permitindo que eles escutem a nossa conversa, tomo a iniciativa de puxa-lo pela mão até um canto mais reservado. Ficamos bem pertinho um do outro, sem ninguém pra nos incomodar. É assim que necessito estar com ele antes que o seu tempo acabe.
- Você tá nervoso? – pergunto, enlaçando os meus dedos nos dele.
- Um pouco. Eu sei que o time já enfrentou esses caras antes. Vencemos, é claro. Mas nada permanece o mesmo desde sempre. Portanto, possa ser que descubramos alguma coisa nova hoje – suas bochechas se enchem de ar, que é soprado logo em seguida, tocando o meu rosto.
A ansiedade resolveu consumir ele. Não posso deixar que ela o domine por inteiro.
- Eu vim te trazer algo pra te dar sorte – as borboletas no meu estômago tão dando uma festa.
- O que? – ele sabe. Só se faz de bobo. Isso já é bastante pra que eu avance.
Uno os meus lábios com os seus, mais uma vez. O gosto ainda é o mesmo, doce, e a intensidade de cada toque é contagiante. É como se ele dependesse daquilo pra sobreviver pelas próximas horas. De repente o traço mais marcante vem de um jeito avassalador. Ele me prende contra a parede, enterrando o seu corpo contra o meu. Não há saída. Estou convencido de que ele me quer tanto quanto eu o quero. Eu me recuso a parar agora que sei disso. No entanto, é o que precisamos fazer só pra não desmaiarmos sem oxigênio.
- Como eu... Quero te levar comigo... Pra longe desse caos – sussurra ele, ofegante.
- Hoje... Eu quero ver você... Se tornar um campeão... Junto com seus amigos... Acha que consegue?
Eu tô tonto. De modo que, encosto minha testa na dele, sugando também um pouco do seu ar. Minhas mãos seguram a preciosidade que o seu rosto se tornou. Ou melhor, todo o seu ser é valioso demais pra mim.
- Eu não acho. Eu acredito.
Minhas pernas ficam ainda mais trêmulas com os estalos propagados pelos seus lábios assim que ele resolve beijar o meu pescoço. Ele não tem limites. Mordo o lábio inferior, relutando contra a eminente vontade de gemer. Juro que se não houvesse nenhum jogo marcado pra hoje, inclusive mais ninguém além de nós dois nesse vestiário, eu não hesitaria em fazer amor com Johnny Black.
- Rapazes! Vamos! Tá na hora!
- Desculpa. Eu tenho que ir. O campo tá me esperando – ele começa a se afastar, recolhendo o seu capacete dourado de cima do banco.
- Estarei te vendo da arquibancada – digo.
- Eu prometo que vamos ganhar.
Todos que vestem o uniforme preto e dourado do time já estão saindo pra pegarem um corredor que levará eles pra dentro do campo. Johnny se separa de mim pra acompanha-los. Pego um outro caminho que me conduz de volta pras arquibancadas. Chegando onde estão meu pai e meus amigos, sou recebido por um conjunto de olhares maliciosos.
- Quer dizer que rolou beijinho de boa sorte? – pergunta Steve, olhando-me por cima dos óculos escuros.
- Também serviu pra acalma-lo – respondo com minhas bochechas corando.
- A partida vai começar – anuncia meu pai.
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Atualizado até capítulo 40
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