Guardo o livro de biologia dentro do meu armário e pego o de história para a aula que virá à seguir. Minha mão está prestes a fechar a porta de aço quando de repente uma mão que conheço perfeitamente pousa no meu ombro direito, e no meu ouvido esquerdo, o sussurro dele escorre feito mel para dentro do meu ser.
- Quem deixou esse tesouro perdido por aqui?
Viro o rosto na direção que posso ver o brilho da paixão vivo em seu semblante. Estou preparado. Assim que ele me beija, o gosto que experimento é de morango. Presumo que ele tenha mascado chiclete. Pouco importa. A boca dele está na minha, isso é que importa.
- Ai meu Deus! Eles se beijaram! Foi muito fofo!
Interrompo nosso momento sagrado e vasculho em volta do corredor à quem pertence a voz feminina que disse isso. Uma garota morena ladeada por outras duas, que formam um trio de amigas, estão do outro lado nos observando. Elas estão... Empolgadas?
- Acho que temos fãs agora – comenta ele, sorrindo.
- É?
Enfim, não quero pensar nisso agora. Voltamos à nos beijar, dessa vez com os toques dos lábios mais intensos. O ato em si suga tanto o ar de meus pulmões que sou obrigado à me encostar no armário ao lado, mantendo o equilíbrio já que me recuso à parar até que o toque da sineta me deixa irritado, e magoado.
- Até mais tarde – ele vai embora e eu tenho que ir pra minha sala.
No segundo em que fecho a porta do armário, avisto claramente o que jamais imaginei chegar à ver. Liam está bem perto de Lena, quase à ponto de beija-la. Por enquanto, eles permanecem rindo e trocando palavras inaudíveis. As outras pessoas podem achar que ambos são um casal de namorados e não duvido que essa é a ideia que acaba surgindo na cabeça de Blake na hora que ele aparece.
Fico parado, atento à todos os detalhes. Primeiro, o desânimo toma posse do seu olhar, que está grudado em Liam e Lena. Depois ele começa a se afastar, preferindo pegar outro caminho. Após ele sumir, seus dois amigos se separam, cada um indo em direções opostas. Pra ser honesto, isso ainda vai engendrar muitas turbulências entre Blake e meu irmão. Um gosta do outro, mas o outro não sabe. Esse lance é complicado.
- Vocês viram Blake? – pergunta Liam, chegando na mesa onde estou reunido com Johnny, Francis, Lena e Steve durante o intervalo no refeitório.
- Ele não tava com você na aula de história? – indaga Francis, sugando um pouco de iogurte pelo canudinho da garrafa.
- Sim, mas quando o horário encerrou ele saiu da sala tão rápido que eu nem tive tempo de chama-lo.
- Mandou mensagem pra ele? – interroga Johnny.
- Ele ainda não leu o que mandei. Não faço ideia se ele tá por perto ou saiu da escola.
- Já perguntou pra outras pessoas se elas viram ele? – dessa vez, a pergunta vem de Steve.
- Óbvio. E adivinha, nenhum sinal dele. Onde será que ele se meteu?
Meio apreensivo, Liam suspira, perambulando seus olhos pelo espaço abarrotado de gente em busca do melhor amigo.
- Relaxa. Ele logo vai aparecer – garante Lena pra acalma-lo.
- Ou não – acabo contradizendo, o que resulta em cinco pares de olhos virados para mim.
- Você sabe de alguma coisa? – meu irmão franze o cenho, desconfiado.
- Não. Qual foi a última vez que vocês se falaram?
- Hoje antes da primeira aula.
- Ele tava bem?
- Sim.
Não pergunto mais nada, nem ele, nem ninguém. Todos ficam em silêncio, tentando localizar Blake mentalmente. Onde ele pode estar? Qualquer lugar dessa escola eu diria. A Barrycloth não é tão grande. Ele não quer ser encontrado, concerteza. E eu sei por quê.
Apanho o meu celular perto do meu pote de salada com maionese e entro em contato com Blake através do chat de mensagens.
Blake, podemos conversar? Relaxa. Não vou contar pra ninguém onde posso te encontrar. Eu sei o que tá pegando.😐
Sabe?🤔
Você gosta do meu irmão.☺
Quem te disse isso? 😲
Os sinais foram se revelando e eu juntei as peças.🙂
Me encontre na sala de instrumentos. Mas por favor, não traga mais ninguém.🤫
Ok.😉
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Atualizado até capítulo 40
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