Meu pai me orienta a manter o braço fraturado imóvel enquanto a ambulância ainda não chega, o que se torna o maior problema, pois para o meu mais puro constrangimento, tenho que tolerar a atenção que recebo dos meus vizinhos. Eles se juntam formando um círculo em minha volta, só pra me irritar devido a audácia que eles tem de sacarem seus celulares pra me gravarem. Preciso me segurar pra não mandar todos eles irem pro inferno. Afinal, eu mereço. Quem foi que teve a ideia brilhante de quase se matar?
A ambulância chega em 5 minutos. Dois enfermeiros bem treinados me colocam sobre uma maca e me arrastam pra dentro do veículo. Meu pai me acompanha. E Liam, que é impedido de subir já que o limite de acompanhantes é só de 1 pessoa, nos segui dirigindo o Montana até o hospital mais próximo.
Sou atendido pelo doutor Evans. Ele tira um raio x do membro e assim descobrimos que o osso está partido ao meio na região do cotovelo. Para que o meu osso seja relocado, sou levado pra sala de cirurgia, onde os cirurgiões me dão uma anestesia geral e apago em cima da mesa. Eu acordo na sala de descanso com meu irmão e meu pai ao meu lado. O doutor me explica que o procedimento foi simples, além de ser repetitivo pra sua equipe. Meu braço está engessado, e dentro dele, três barrinhas finas de ferro foram implantadas. Vou ter que ficar entre quatro ou cinco meses sem poder mexe-lo, incluindo os remédios que terei de tomar pra sarar mais rápido. Ele me deseja boa sorte e nos despedimos.
Não sei se resquícios de anestesias podem gerar alucinações nos pacientes. Só sei que ver a figura de Blake passar pela porta da sala faz com que eu quase pule e caia no chão. O que ele tá fazendo aqui? Isso é bom ou ruim? Não sei o que devo pensar. Tá na cara que ele está tão surpreso quanto eu. Talvez ele só esteja de passagem.
- Boa noite, gente. Junior, o que aconteceu você tá bem? – ele toca o meu ombro com um olhar de preocupado.
- Tô sim. Não se preocupe. Não foi nada grave – me sinto tão sem graça. Oh droga.
- Como foi que isso aconteceu?
Não tenho resposta pra essa pergunta, o que faz com que meu próprio irmão não poupe o detalhe que me condena.
- Eu tava indo me encontrar com Lena. Mas ai Junior varou do nada na minha frente e eu não tive tempo de parar o carro antes de colidir nele.
- Vocês dois tinham um encontro? – Blake não parece digerir isso muito bem.
- Tínhamos, mas...
- Por que não me contou?
Liam fica estupefato com a reação do melhor amigo, sem perder a voz.
- Eu ia, mas você tá me evitando ultimamente.
- Dane-se – revoltado, Blake dá as costas e saí a passos largos da sala.
- Blake – Liam se adianta em segui-lo - Blake. Espera um pouco. Vamos conversar.
- O que esses meninos tem? - pergunta-me meu pai, confuso demais.
- Crises da adolescência – respondo.
Enquanto os dois ficam fora, pergunto à um enfermeiro se posso ir embora. Ele diz que só daqui a alguns minutos assim que a observação terminar. Ou seja, o doutor tem que ser convencido de que não há nada de errado comigo. Meu pai saí pra pegar um café na cantina. Fico sozinho.
- Você se deixou ser atropelado de propósito, não foi?
Honestamente as aparições de caráter fantasmagóricas de Blake tão me matando de susto e estou perto de xinga-lo. No entanto, sua pergunta me condiciona ao nervosismo. Liam, onde você tá?
- Não. Eu tava praticando algumas manobras de skate. Quando fui pro meio da rua, acabou sendo tarde.
- Verdade?
O olhar sério dele persiste, tornando-se a arma que arranca a minha máscara. Eis que ele começa a bradar.
- Seu louco. Podia ter morrido. Arriscou a própria vida só pra que ele não passasse a noite com Lena por minha causa?
- Eu não quero que ela seja a minha cunhada.
- Isso não é justificativa. Me conta! Por que fez isso?
- Foi mal. Isso dói, tá legal? Essa coisa que você sente pelo Liam, eu sei como é. Não deu certo pra mim. Eu achei que ia entrar numa depressão. Eu só queria que a sua história tivesse um final diferente.
- Não é você quem decide, Junior. Sou eu. Nem devia ter te contado. Nunca mais faça isso! Promete pra mim.
- Tá bom. Prometo.
Ele se aproxima, um tanto cabisbaixo, e senta na poltrona ao lado da minha cama.
- Então, vocês conversaram sobre o que tinham pra resolver? – pergunto.
Blake suspira e solta a revelação mais inesperada de todas.
- Eu contei pra ele que eu gosto dele.
- E o que ele disse?
- Nada.
- Como nada? Ele ficou calado e foi embora?
- Porque eu beijei ele.
O choque me cala por 10 segundos enquanto visualizo a boca do meu irmão sendo tomada pela do seu melhor amigo onde espero ter sido na frente de algumas pessoas pra dar mais emoção.
- E foi bom? – indago.
Ele suspira e balança a cabeça.
- Eu não sei. Foi o impulso. Era uma coisa que eu queria ter feito a muito tempo. Mas eu não sei como ele vai lidar com isso. Droga. Eu fiz besteira. Ele vai me odiar por isso.
- Não. Você fez o certo. Esse é o momento que ele vai refletir a relação entre vocês. Possa ser que ele te dê uma chance.
- Não é tão simples assim, Junior. Acorda. Ele sempre me enxergou como o seu melhor amigo. O que eu fiz deixou ele muito confuso. Entende?
Eu fiz um estrago danado. Como eu fui tão burro. Isso tudo aconteceu por minha causa. Se tem alguém capaz de estragar a amizade entre esses dois, concerteza não é Blake.
- Agora a gente espera pra ver como ele vai reagir. Relaxa. Vai dar tudo certo – tento amenizar a tensão.
- Até lá, vê se não apronta mais nada. Comporte-se. Já me sinto arrependido por ter te contado que estou apaixonado pelo Liam.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Patricia Pinheiro
quero ver tu contar essa presepada depois que teu irmão estiver com o Blake
🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2023-12-03
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