Morrer? Hoje ou amanhã? Como assim, Nina Davies?
A confusão imediata em minha cabeça vai sendo dissolvida aos poucos, mas logo é substituída pelo assombro conforme Nina vai me contando que seu grupo de seguidores da nossa escola estão tramando algo para me prejudicar, vingando então a influenciadora deles por eu estar roubando Johnny dela, que além de ser um absurdo, contribui muito mais para o fogo das últimas fofocas da gazeta.
Para comprovar sua fala, ela me estende o seu celular, mostrando-me uma série de comentários ácidos e afiados, prometendo me capturar, incendiar meu armário, jogar ovos na minha cabeça. A princípio, parece que foram escritos por crianças, só que mais de perto, os perfis são mesmo de nossos colegas. Não sei o que dizer. É sério que eles fariam essas coisas por uma pessoa com a qual eles nem se quer convivem diariamente?
- Tenho medo do até que ponto isso pode chegar – comenta ela, deslizando o dedo pela tela do dispositivo.
- São só desabafos. Nada que vá garantir o meu funeral e uma homenagem da escola. É exagerado, pelo visto.
Ela guarda o celular num dos bolsos da calça elástica e me encara nervosa, cruzando os braços.
- Você não conhece os meus seguidores. Da ultima vez que Tina Reymond se declarou minha rival, o carro dela foi parar numa caçamba de lixo. Eu quase tive que pagar pelo prejuízo, mas cobrei deles. Graças à uma vaquinha online, ela recuperou o veículo pagando vários concertos.
- E eles não aprenderam a lição depois disso? Digo, será que eles vão repetir o mesmo erro? – questiono, incrédulo.
- É como reage uma porcentagem dos meus seguidores: os insensatos. Aliás, os seus se manifestaram à respeito disso?
- Eu pouco uso as redes sociais. Principalmente o Insta.
Ela arregala os olhos e escancara a boca como se eu houvesse assassinado um gato com uma lança pontuda.
- Garoto, imagem é tudo. Como vai fazer marketing de si sem chamar atenção das marcas famosas? Você ainda é jovem. Precisa aproveitar a dádiva que logo acabará.
A última coisa que eu vou discutir com alguém é sobre perfil, stories e postagens sociais. Sou tímido demais pra isso.
- Ok. Olha. Você pelo menos já falou pro seus fãs que eu não tenho nenhum problema com você?
- Já. Mais de dez vezes. Mesmo assim, eles não me escutam. Parece que só acreditam vendo – suspira ela, irritada.
- Então, eles só precisam ver nós dois nos dando bem?
De uma coisa eu tenho certeza, uma lâmpada imaginária se acende encima da cabeça de Nina, iluminando seus lábios com um sorriso satisfatório.
- Isso me deu uma ideia fabulosa – responde ela.
Antes que Nina vá embora, ela me pede para aceitar sua solicitação de amizade no Insta para que entremos em contato naquela noite após o jantar para discutirmos a respeito da execução de nosso plano que destruirá o ódio de seus seguidores sedentos. Tenho a impressão de que pode sim dar certo, contato que cada passo fique direitinho dentro do ritmo.
Mais tarde, após eu terminar de comer fatias de pizza de calabresa e tomate com Liam e meu pai, subo e fecho a porta do meu quarto. Acesso a minha conta no Insta e aceito a solicitação de @ninasuperglamurosa. Meio que de repente recebo uma chamada de vídeo dela. Quando atendo, ela já está preparando a caixinha de som na bancada do seu notebook.
- Pronto pra remexer esse quadril, namorado do meu ex?
- Sabe que eu gostei desse termo? – acabamos rindo juntos.
O resto do plano é se atentar a badalada do relógio. Ou seja, tínhamos que nos encontrar no estacionamento da Barrycloth exatamente às 8:15 da manhã, é quando muitos adolescentes, se não a escola inteira estará reunida, aguardando pelo toque da sineta, inclusive alguns professores. Desse modo, facilito para acordar cedo para tomar banho e me arrumar. Nessa parte, preciso me vestir com grande estilo. Tomo leite com cereais e engulo uma barra de cereais em duas dentadas. Subo na garupa da moto de Johnny e dou um beijo na bochecha dele, atraindo a atenção de nossos amigos no carro.
- Esqueceu a outra bochecha – o sorriso torto dele me explode de empolgação.
Chegando nos domínios da instituição, desço preparado. Finjo que estou prestes à tirar satisfações com Nina assim que avisto ela reunida com seu grupo de amigos. Nos afastamos de nossas companhias, indo um em direção ao outro até ficarmos cara à cara. Isso já é o nosso estalo de dedos ecoando pela atmosfera, provocando burburinhos e prendendo todos os olhares. Ninguém respira quando a coisa começa.
Ela tem o controle da caixa de som que está dentro de seu carro. Seu dedo aperta o botão “ligar" e a música invade todos os ouvidos.
- O que acha da gente dançar Buzzkill da Baby Queen? – ela sugere.
- Foi o que você me sugeriu ontem a noite – respondo.
Daí lembro do que conversamos na nossa vídeo chamada da noite passada enquanto treinávamos cada passo da coreografia já pronta.
- É assim que vamos impedir eles de te atacarem, e principalmente, calar à boca da gazeta de uma vez por todas.
- Nina, isso é genial. Pode dar muito mais que certo. Vão achar que somos até melhores amigos.
- Essa é a ideia. Se você tiver um inimigo, você luta com ele. Se você tiver um amigo, você dança com ele. Simples.
Nossos passos de dança representando cada mensagem dentro da canção, seguindo o ritmo da melodia e das batidas, enchem todos os rostos de estupor. Dentro de 3 minutos, Nina Davies e eu entramos para a história do que será falado o dia todo, quem sabe até por semanas como a dupla de rivais divulgada pela gazeta da escola se torna grandes amigos. Ah sim. Isso vai estar no anuário e vão pedir nossas assinaturas.
- CHUPA ESSA, GAZETA! – ela levanta os dedos do meio para que todo mundo veja. – Miraram na relevância, mas acertaram na fanfic!
- O que foi que eu perdi, crianças? – pergunta Johnny, aproximando-se da gente com seu semblante impressionado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments
Deise💙Fujoshi sem salvação💙
kkkk eu rir nesse capítulo e cada vezes mais gosto da Nina.
2024-01-13
4