16. O Nosso Primeiro Encontro

A primeira reação à me ocorrer é ficar boquiaberto diante do lugar para o qual Johnny me trouxe. Confesso que de tantos pontos como restaurantes, lanchonetes, até mesmo uma pizzaria, que passaram pela minha cabeça durante a nossa viagem pelas ruas não estão à altura do poder de surpresa que o saguão de entrada iluminado da Barrycloth está me proporcionando. Isso foge dos clichês, e é genial.

- A escola? – ouso questionar, mas é porque ainda estou impressionado.

- Não exatamente a escola. Vem comigo. Vou ser o seu guia – ele pega a minha mão e sinto seu toque quente ao começarmos à andar em direção ao prédio.

Ele tira um molho de chaves prateadas do bolso externo da jaqueta de couro preta, o que faz eu impedir que uma pergunta passe despercebida.

- Como você conseguiu ter acesso às chaves do prédio?

- Mesmo que eu subornasse o zelador ou fossemos muito camaradas, ele nem me daria essas cópias – ele faz uma careta como se isso fosse dar o que falar se todos souberem.

- Você as pegou sem ele saber?

- Não tem como ele saber.

- Vai nos meter em encrenca – balanço a cabeça ironicamente desapontado, sorrindo.

- Ou não – ele contorce o canto dos lábios num sorriso torto de delinquente charmoso.

Meu peito aquece ainda mais e as borboletas no meu estômago se embaralham numa agitação caótica vendo ele abrir as portas daquela instituição e entrelaçando os dedos nos meus novamente para me levar com ele para dentro. Cruzamos com alguns corredores, cortamos pelo refeitório e chegamos à uma porta-dupla que sei muito bem pra onde vai nos levar.

- Caso não fossemos os únicos loucos por aqui está noite, tratei de trancar as passagens do caminho para evitar que ninguém tocasse na comida – diz ele, girando uma das chaves na fechadura, destrancando-a.

Antes que eu destacasse a palavra “comida" soando como uma indagação, descubro do que se trata quando chegamos ao aberto campo de futebol americano. Lá no centro, há uma mesa coberta por uma toalha branca, acompanhada por duas cadeiras, uma delas contém uma cesta. Em cima, estão duas velas dentro de copos ainda não acesas, pratos, talheres, taças e guardanapos. Tudo arrumadinho.

À medida que chegamos perto, miro as estrelas cintilando sobre nossas cabeças. Está um pouco frio, mas nada que murche o verdadeiro clima romântico se formando na atmosfera. É como num sonho, só que real.

- Uau. Johnny.

- Arrumei tudo em 10 minutos antes de passar na sua casa.

Sento-me na frente dele. Johnny pega a cesta pela alça e a acomoda no colo. Ele pega de dentro um isqueiro para acender as velas. Somos banhados pela luz do fogo. Em seguida, ele tira três potes de plástico e os coloca em cima da mesa, junto com uma garrafa de vinho. Os recipientes contém fatias de bife frito, arroz com batata frita e molho picante. Ele nos serve e comemos com muita vontade.

- Tá uma delícia – digo.

- Fui eu que fiz – diz ele com orgulho.

- Incrível. Eu amei. Obrigado – esse cara tem que ser o pai dos meus filhos.

- Já faz um tempo que eu estava planejando esse nosso encontro. Desde que voltei pra casa depois que te deixei no hospital. Eu pensei, é ele, o garoto que eu desejo conhecer.

Meu sorriso fica ainda mais radiante e acabo lembrando de que durante esse mesmo momento que ele citou, eu tava acordado acessando o Insta dele.

- Enquanto você planejava esse encontro, eu ficava olhando suas fotos no seu perfil do Insta e eu não parava de pensar em você. Eu nunca senti isso antes. É novo pra mim.

- Então, é melhor a gente viver isso. Tá difícil ficar longe de você. Muito difícil, Junior.

- Ah não diz isso. Eu tô quase te levando pra dormir comigo no meu quarto.

Ele ia dar um gole de vinho, mas abaixou a taça, surpreso.

- Jura?

- Dormir apenas – agradeço pela pouca iluminação não revelar meu rosto já ruborizado.

- Só dormir? – ele franzi o cenho, só pra me provocar.

- Idiota. Ok. Eu também quero... que a gente faça. Afinal, é o que todo o casal gay faz.

- E você tá pronto? – ele dá aquele olhar ansioso.

- Se eu tô? E-eu acho que sim.

Antes eu não estava. Eu não fazia ideia com quem seria a minha primeira vez. Contudo, agora, eu não tenho nenhum pingo de dúvida que Johnny é o homem com quem eu quero fazer amor. Ele me traz proteção, carinho e confiança. E só de pensar em nós dois pelados em uma cama faz com que eu fique excitado.

Nesse momento, tenho a digna certeza de que ele está tendo o mesmo pensamento quando fito a malícia em seu rosto.

- Johnny?

- Eu vou te pegar.

- Não! Nem vem!

- Ah eu vou.

Ele se levanta e eu saio disparando pelo campo em direção à sei lá pra onde, pois as minhas chances de escapar são bem nítidas quando percebo que ele está praticamente me alcançando.

- Aaah!

Então, ele me pega e me carrega em seus braços.

- Me põe no chão!

- Eu sou o melhor! Eu sou o campeão! E você é meu! – ele grita para que todo o mundo atrás dos muros nos escute.

- Bobo.

É no instante em que Johnny me põe no chão que tudo para. O espaço em nossa volta some. Tudo o que resta são seus olhos fixos nos meus e o som do meu coração martelando com força total. Minha boca está à dez centímetros perto da dele.

- Esse é... – começa ele.

- O momento especial – completo.

O polegar dele serra a superfície do meu lábio inferior, dominando-me de desejos. Com a respiração desenfreada, fico na ponta dos pés. Exploro sua boca assim como ele faz com a minha, compartilhando o gosto do vinho. Os estalos do nosso beijo é o som mais belo que lembrarei eternamente dessa noite. Não consigo parar e não quero. Antes de eu voltar pra casa, vou ter que perder todo o meu fôlego com esse cara.

Todo o meu fôlego com o meu crush favorito da Califórnia.

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