Gosto dela

Sabe quando uma coisa lhe faz bem, mas ainda assim consegue te incomodar? Tenho me sentido bem assim.

...Aslan...

Estava no meu escritório analisando os índices de resultados dos últimos produtos lançados no exterior, tinha muito trabalho para hoje, quando a Maina entrou, sem bater, como sempre.

— Oiê amigo! — Ela estava com um sorriso que considerei irritante no momento.

— Qual é desse sorriso estranho aí? — Olhei para ela rapidamente e retornei a ler.

— Sorriso de quem curtiu muito o nosso jantar de ontem. — Ela continuava sorrindo, e sério, estava me irritando. — Você sabe o quanto eu sonhei em jantar assim um dia, eu, o Stuart, você e a sua namorada? E a Atena é incrível, linda, inteligente, legal. Amei ela.

— Você sabe que é um namoro por contrato não é? — Parei de ler.

— Sei. — Ela revirou os olhos. — Mas você parecia até apaixonado, você sorria bobo olhando para ela. E a chamou de "meu amor". — Ela colocou a mão no coração de um jeito bem dramático.

— Para de palhaçada tá! — Fechei o documento, eu sabia que não ia terminar de ler agora. — Eu disse que seria um namoro real, quero que mesmo a sós, a gente se trate como casal, para não cometer nenhum ato falho na frente dos meus pais.

— Sei.... Já conheci outras namoradas suas, e você nunca levou nenhuma delas a um passeio sequer comigo e o Stuart, nunca sorriu pra nenhuma delas. E chamar de meu amor? Nunca mesmo. — Ela sorria ainda mais. — Então esse é tudo, menos um típico namoro seu.

— É, acontece que eu também nunca engravidei, nem morei com nenhuma namorada, então tenho que me esforçar e parecer apaixonado.

— Mas você.... Gosta dela, não é? — Ela perguntou meio sem jeito e eu respirei fundo.

— Gosto sim. Ela é linda, linda demais e eu amo coisas bonitas. — Dei um sorrisinho ao lembrar dela. — Fora que ela não se preocupa em me agradar, como as outras faziam, muito pelo contrário, eu é que tento agrada-la. Ela simplesmente age normalmente. E não tem medo de falar o que pensa, até mesmo o que pensa sobre mim. Ela ri de tudo que eu falo, e fica tentando me fazer rir também. Então, sim, eu gosto dela.

— Ai, meu Deus! — Maina me olhava como se tivesse visto um fantasma. — Você se apaixonou por ela...

— Que? Claro que não. Não viaja Maina. — Revirei os olhos. — Eu só gosto dela. Acho que ela me faz bem, porém me incomoda também. Enfim... nada vai mudar, ela vai engravidar e dois anos depois vamos simular a sua morte e ela vai sumir da minha vida para sempre.

— Ok! Mas se estiver apaixonado por ela. É só desistir dessa ideia de ficar viúvo antes de casar. E vai viver o seu amor.

— Maina, deixa de falar besteira e vamos trabalhar ok! — Peguei os documentos, abri novamente e comecei a discutir sobre os indices, assim encerramos esse assunto, ao menos por enquanto.

No fim de semana fui buscar a Atena na Universidade, decidi leva-la pra um passeio em um cruzeiro, já que ela amava o mar, achei que um passeio assim seria interessante, fora que eu nunca havia feito isso com uma namorada.

No fundo eu sabia que a Maina estava certa, eu estava fazendo um monte de coisas pela primeira vez com a Atena. Eu sou o típico babaca, que sempre teve o que quis e nunca se preocupou em agradar ninguém, então não estava nem aí se a minha namorada estava feliz ao meu lado, e era sempre eu quem terminava.

Mas, a Atena é diferente, eu sempre quero surpreende-la, ver ela sorrir, e sorrir com ela. Eu gosto quando ela fica sem palavras com as minhas atitudes, sempre penso em como ela vai reagir a cada atitude minha. Merda!

Espero não estar me apaixonando, porque eu realmente não quero e não vou entrar em um relacionamento, não mesmo!

Estava parado no pátio do campus, aguardando a Atena, quando a Margot apareceu. Eu odiava encontrar com ex namoradas, era estranho pensar que já beijei essa boca, dentre outras coisas, sempre me faz pensar no quão ridículo eu fui ao me deixar levar por essa pessoa.

— Aslan, como vai? — Ela veio sorrindo cínica, como se eu não soubesse que ela vem importunando a Atena. — Faz tempo que não te vejo.

— Oi Margot. — Respondi sério e um pouco ríspido, como sempre.

— Oi... Como estão as coisas? E os seus pais?

— Bem! — Falei olhando para o relógio, tomara que a Atena venha logo, pois eu não tô a fim de ficar aqui com a Margot.

— Ahh! Legal... — Ela falava sem graça. — Eu também estou bem. Estou fazendo ciências econômicas.

— Atena me falou. — Respondi sem olhar para ela.

— Atena... Sim. — Apesar de não estar olhando para ela, eu sei que revirou os olhos ao falar o nome da Atena. — O namoro vai bem?

— Margot. — Olhei bem sério para ela. — Eu fui um babaca com você, eu sou assim... Infelizmente. E não posso fazer nada para mudar isso, mas você não precisa ficar ligada a mim, vá achar alguém que goste de você, e deixa a mim e a Atena em paz, eu nem a conhecia quando a gente namorava. Só segue a sua vida.

Ela me olhou como se eu tivesse dado um tapa nela. Ficamos parados por cerca de 1 minuto até que Atena finalmente apareceu.

— Oi amor! Desculpa a demora. — Atena nos olhou confusa. — Tá tudo bem?

— Tá sim. — Sorri e dei um selinho na Atena, a Margot saiu correndo, tive a impressão de que ela estava chorando.

— O que foi isso? — Atena falou preocupada.

— Bom, eu perdi a paciência e acho que piorei as coisas pra você com a Margot. — Dei um sorriso amarelo. — Foi mal! Vou dar um jeito de te colocar em outro quarto. Vamos! — Saí a puxando para o carro, antes que ela começasse a discutir.

No navio.

— Minha nossa! Isso é surreal! — Atena olhava para tudo deslumbrada. — Parece um lugar cenográfico.

— É, muito bonito mesmo. Vamos guardar as coisas na cabine e tomar um banho, estou com fome.

Depois de comer, ficamos na parte de cima do cruzeiro observando a paisagem, tudo era muito bonito e a Atena parecia muito feliz.

Eu gostava muito de passar o tempo assim, tranquilo ao lado dela. Eu amava estar nos braços dela. E estava começando a me sentir confortável em dormir ao lado dela. A Atena estava mudando tudo em mim. E isso era bem perigoso.

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