Se você tivesse que criar um personagem para sua nova vida quem escolheria ser? Eu queria ser alguém feliz e amada! Isso soou meio deprimente né, mas enfim era isso que eu queria.
...Atena...
A semana já estava acabando e eu estava dedicada a decorar cada palavra daquele dossiê sobre Aslan Orson.
— E aí? Já decorou tudo? — Era dia de folga no mercado e estava na casa da Nina, conseguimos tirar folga juntas e ela estava me ajudando nessa missão. Assim era também uma forma dela se distrair da ansiedade em saber se a inseminação havia dado certo e da saudade que ela já sentia do Hernesto que havia ido para a Capital.
— Quase. Mas ainda fico martelando na minha cabeça por que ele simplesmente não arruma uma namorada de verdade. — Falei largando os papéis.
— Será que ele é gay, e a família não aceita? Então ele finge ter uma namorada e um filho pra ser o herdeiro. — Nina falou empolgada.
— Acho que não. — Pensei alguns instantes. — Eu acho que ele é uma pessoa amarga. Tipo aquelas pessoas que não gostam de gente sabe. Ele me pareceu ser arrogante, tipo que se acha melhor que todo mundo.
— Hummm, sei como é. Daqueles que tem o rei na barriga.
— Bem isso. Engraçado, quando o vi, o achei tão bonito. Mas assim que abriu a boca, com aquele tom de desdém e aquela expressão fria, ele se tornou feio pra mim. — Falei lembrando do nosso encontro no hotel.
— Enfim, vai viver mais de dois anos com esse cara horrível. E ainda vai ter um filho dele.
— É. — Suspirei. — Ao menos assim, não corro o risco de me apaixonar.
— Verdade!
Passei o resto do dia com a Nina.
Dias depois lá estava eu novamente respirando fundo, e me preparando para entrar no quarto 501 e encontrar com o meu "namorado".
Entrei e ele estava novamente de pé em frente a banheira observando a paisagem, eu sinceramente não entendia o que tinha de tão interessante na área verde dessa cidade interiorana que o deixava tão cativado ao ponto de nem notar a minha presença.
— Bom dia! Namorado! — Disse a palavra namorado num claro tom de ironia. Sim, eu aceitei o contrato, mas obviamente não estava feliz com ele.
— Bom dia! Namorada! — Ele respondeu no mesmo tom que usei. — Vamos nos sentar.
Nos sentamos à mesa, como da última vez.
— Me diz tudo que conseguiu decorar sobre mim. — Ele falava no mesmo tom menos frio dessa vez, o que foi estranho.
— Bom, você é Aslan Orson Júnior, tem 34 anos, é CEO do Grupo Orson que possui uma grande rede de fábricas de cosméticos em todo o país e fora dele. — Comecei a falar tudo que ia me lembrando. — Seus pais vivem em constantes viagens desde que se aposentaram, e você mora sozinho em uma mansão na capital desde os seus 18 anos. Fez faculdade e mestrado no exterior. E...
— Isso qualquer pessoa pode saber apenas acessando meus dados na Internet. — Ele me interrompeu. — Me diz o que só a minha namorada sabe.
— Você tem poucos amigos, vê a maioria apenas em festas, e raramente os recebe em sua casa. As únicas pessoas que realmente são seus amigos é a sua vice-presidente Maina Lins e seu marido Stuart. Você não tem alergia a nenhum...
— Caramba, qualquer pessoa que me conhece sabe disso. Eu quero saber coisas que só a minha namorada sabe sobre mim. — Novamente me interrompeu e dessa vez ele estava ficando irritado.
— A sua namorada sabe, que você não dorme com barulho, sua comida preferida é qualquer coisa que envolva frutos do mar, ama tons pastéis, odeia roupas desconfortáveis. É bem meticuloso com tudo, não gosta de odores fortes. — Respirei fundo e resolvi falar o que havia notado nele que não estava nos documentos. — Você se distrai com paisagens, se acha melhor do que a maioria das pessoas, é esnobe com quem julga ser inferior a você, não é muito paciente, raramente sorri, sempre levanta o queixo quando está incomodado, e gosta de lugares e coisas bonitas. — Terminei de falar e sorri com a expressão de confuso que ele fez.
— Isso não estava nos documentos que te entreguei.
— Não, essas são coisas que apenas a sua namorada sabe. — Falei sorrindo.
— Engraçadinha! — Ele apertou os olhos, mas não sorriu. — Vamos a sua nova identidade. — Ele puxou outros envelopes e colocou sobre a mesa. — Temos aqui algumas opções para você escolher. Primeiro você é Elis Laurens uma estudante universitária, de 22 anos, que é a sua idade real, nos conhecemos em uma festa, a sua família mora no exterior, então você aceitou morar comigo e saiu do alojamento da universidade. O resto a gente vai criando os detalhes.
— Eu tenho uma ideia melhor.
— Qual? — Ele largou os papéis e me olhou atentamente.
— Quero manter o meu nome, Atena, eu o escolhi quando saí do orfanato.
— Você é órfã? Na sua ficha dizia que morava com os seus pais. — Ele falava com a testa enrugada.
— Sim, eles me resgataram do orfanato, alegando serem os meus pais biológicos, mas eu não tenho certeza disso. Enfim... — Respirei fundo e continuei. — Serei Atena Anunciação, como a santa, vamos dizer que cresci aqui nessa cidade e nesse nesmo orfanato. Não se preocupe em sermos descobertos, por que no orfanato todos são super desorganizados e lá eu tinha o nome de Maria Dolores, horrível, então se alguém investigar, não vai chegar até mim. Então, eu saí do orfanato e acabei de me mudar para a Capital, para estudar numa universidade.
— Ok, e como nos conhecemos?
— Era noite, você estava de carro, passando em frente a uma praça onde eu estava esperando um taxi para voltar ao alojamento da universidade, e ao fazer a curva, você espirrou água da pista em mim. Acho que esse tipo de coisa é a sua cara, já que é tão distraído. — Falei rindo e ele revirou os olhos. — Então parou o carro e me ajudou a limpar a roupa, depois acabou me dando carona até o alojamento e trocamos contatos. — Parei alguns minutos e fiquei olhando para ele. — No começou eu não gostei de você, é muito bonito, mas também é esnobe demais. Mas depois do segundo encontro eu fui vendo que você tinha outras camadas, que essa coisa esnobe era só uma capa que escondia um cara doce e divertido. E então me apaixonei.
— Então você é romântica. Interessante. — Ele me olhou sério por uns instantes e sorriu... sim ele sorriu. Minimamente, mas sorriu, o que ja foi um grande progresso. — Gostei da sua versão. Vamos ficar com ela. Quero que escreva cada detalhe sobre a Atena Anunciação e então me envie o mais rápido possível.
— Ok.
— Vou fazer uma viajem e daqui a um mês eu volto para te buscar. Nesse dia eu farei o pagamento da metade do valor acertado pelo bebê, 500 mil. Até mais.
Nossa, em um mês eu estarei indo embora daqui.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 51
Comments
Tânia Principe Dos Santos
Atena tem uma boa conversa.
eu acho k os supostos pais não são os pais dela
2025-02-18
0
Custodia Correa
se a mãe tá precisando do dinheiro pra ontem, como esperar 1mes?
2025-02-17
0
Mare Matozo
a mãe dela ainda tá viva???
2025-02-27
0