Inimizade

O que atrai uma inimizade? Você tem inimigos? Muitas pessoas já me fizeram mal, o meu suposto pai principalmente, mas eu nunca tive um inimigo assim do nada, ainda mais uma pessoa que eu julguei ser tão legal!

...Atena...

Tivemos o nosso primeiro encontro e com ele veio o primeiro beijo.

Eu já havia sido beijada por um cara, uma vez, numa festa que a Nina me levou quase a força. Eu estava conversando com um cara que conheci por lá e ele me roubou um beijo, foi um péssimo beijo, ele babou a minha cara toda, eu fiquei com muita raiva.

Então essa era a minha única experiência beijando alguém, ou melhor, sendo beijada.

Mas dessa vez com o Aslan foi bem diferente, começando pelo selinho que me deu ainda em frente a faculdade. Eu já disse que o Aslan é exageradamente bonito, e só de estar perto dele já me sinto estranha, elétrica, enfim... e só de abraça-lo já foi empolgante e o selinho foi... bom, tipo muito bom, deu aquelas borboletas no estômago. Ele agia naturalmente, mas eu fiquei tímida na hora.

O jantar foi muito legal, mas o auge da noite foi a praia, o pedido de namoro, e por fim o beijo cinematográfico que ele me deu, nossa, ele sim, sabe como beijar uma mulher, após beijar o Aslan nem posso chamar aquela experiência, que tive na festa anos atrás, de beijo.

Eu não vou dizer que irei me apaixonar por ele, ou coisa parecida, até porque eu não sou louca, mas eu confesso que estou aproveitando muito tudo isso. O Aslan é meio frio, sério demais, porém é um homem atraente, interessante, engraçado, quando quer, atencioso e beija muito bem.

Estava assim distraída pensando no beijo do Aslan quando a Nina me ligou.

— Oie Amiga! — Atendi empolgada, eu estava com muita saudade da Nina.

— Oiê! E aí me diz como tá o namoro? — A Nina sempre perguntava sobre esse namoro doido, ela era a mais empolgada nessa história toda.

— Menina, ele fez o pedido oficial de namoro, na praia, e nos beijamos, tipo beijão de cinema.— Assim que falei a última palavra, ouvi a Nina gritar do outro lado da linha. — Para de gritar sua doida.

— Amiga, cuidado para não se apaixonar, tipo tá sendo a sua primeira experiência assim de namorar, beijar e em breve transar. — Nina falava agora em tom de preocupação. — Tipo, esse cara não vai se apaixonar por você, jamais.

— É, eu sei disso Nina. — O Aslan com certeza não é o tipo de cara que se apaixona fácil, ainda mais por uma mulher como eu. — Não vou me apaixonar, eu tô separando bem as coisas. Mas me conta de você, tá tudo bem? E o pequeno parasita? — Sempre falamos assim do bebê pra não gerar apego.

— Ta tudo bem sim, e o parasitinha tá melhor do que eu. Mais 7 meses e estarei indo para a Capital também.

— Maravilha.

— E a colega de quarto? Você raramente fala dela.

— A Margot, é eu não sei bem qual é a dela. — Eu gostei bastante da Margot na primeira vez que a vi, porém, ela passou a agir de um jeito estranho de repente. Me ignorava, ou falava com grosseria e lançava piadinhas. Não sei o que houve, mas não gosto mais dela.

— Toma cuidado com essa daí hein, pensa que você pode estar dormindo com o inimigo. — Nina advertiu.

— Pode deixar.

Conversamos mais um pouco até que tive que desligar, pois, tinha muita coisa para estudar para as aulas dessa semana. Eu e a Nina nunca falávamos sobre os meus supostos pais, eu pedi que ela não me falasse nada sobre eles, nem se a mãe estava bem depois da cirurgia, essa era uma parte da minha vida que eu queria esquecer.

O curso era bem intenso e tinha muito material de estudo, mas apesar disso tudo eu estava amando poder estudar algo que eu gosto muito.

Eu e o Aslan nos falávamos todos os dias e posso dizer que estava ainda mais próxima dele. Eu acredito que esse namoro não vai ser nada ruim.

Estava tentando estudar, quando a Margot entrou no quarto.

Ela se sentou na cama dela e fixou me olhando com desprezo e decidi perguntar qual era a dela comigo.

— Margot, podemos conversar? — Falei sentada na minha cama.

— Sobre...? — Ela perguntou num tom de deboche.

— Eu te fiz algo? — Perguntei e ela me olhou confusa. — Porque eu tenho a sensação de que você passou a me odiar do nada. — Ela continuou parada me olhando, sem dizer uma palavra.

Depois de me olhar insistentemente e ela veio até mim, e me olhou nos olhos.

— Você se acha né? — Me acho? Eu realmente não estava entendendo nada. — Eu te fiz algo? — Falou me imitando de um jeito bem infantil. — Acorda garota, tá achando que o Aslan Orson vai ter algo sério com você? — Han? Onde o Aslan entrou nessa história? — Quando estiver chorando com o abandono dele não diga que não avisei. — Avisou o que? Ela falou isso e saiu novamente. Que mulher doida!

Assim que ela saiu o Aslan me ligou.

— Oi meu amor! — Ele falou como se estivesse distraído.

— Aslan, você conhece alguma Margot Tavares? — Fui perguntando agoniada, eu tinha que entender essa história.

— Margot Tavares? — Agora ele falava com mais atenção. — Conheço sim. Porque a pergunta?

— É a minha colega de quarto, ela chegou sendo super legal, e tals, mas do nada passou a me tratar muito mal, e hoje ela falou de você. — Eu falava rápido, nervosa. — Acho que a noticia do nosso namoro se espalhou e a Margot ficou ressentida. Ela disse que você iria me abandonar e eu ia chorar, coisas assim.

— Ahhhh! Merda! — Ele exprimiu contrariado — O que ela está fazendo num alojamento universitário?

— Ela estuda ciências econômicas.

— Humm entendi.

— Quem não está entendendo nada sou eu. — Falei ainda nervosa.

— A Margot, é filha de um empresário importante, eu a conheci no exterior em uma das minhas viagens. — Ele começou a explicar. — Ela trabalhava para o pai, porém, soube que os dois brigaram e ela saiu por aí em viagens, então pelo visto eles ainda não fizeram as pazes, já que ela está num alojamento.

— Ta mais, o que ela tem a ver com você?

— Nós namoramos, por uns 6 meses, eu acho! — Não, tá de brincadeira, como isso é possível? Eu tinha que parar no mesmo quarto que uma ex do Aslan.

— Ahhh! Merda! E pelo visto não terminou bem.

— Não, ela queria dormir na minha casa, falava em casar. E eu não queria nada disso. — Eu meio que já tinha entendido porque o Aslan pagou uma namorada falsa para ter um filho dele. Ele odeia relacionamentos e conviver com pessoas, então morar com ele vai ser bem complicado. — Então eu terminei, e ela passou a me odiar por isso.

— Maravilha, agora ela me odeia.

— A Margot não é uma pessoa ruim, mas de qualquer forma toma cuidado e me mantenha informado. — Caramba agora eu tinha uma inimiga simplesmente por estar namorando o Aslan. — Agora tenho que ir, até mais amor!

Ele desliga e fico pensando em como lidar com essa situação daqui para frente.

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