Capítulo 19

Os passos são tão lentos, parece que estão quase parando, não importa como andem parece que nunca se aproximam da garota, Heloísa sente o corpo tremer conforme consegue ver com mais clareza, ela duvida da própria sanidade, não consegue acreditar que estão juntos, não consegue acreditar que sua irmã está viva.

Helo começa a se sentir segura, não sabe se ri ou se chora, só pensa que isso acabou, que poderá ter sua vida de volta ao lado da pessoa que mais ama na vida.

Conforme se aproximam seus olhos cruzam com os de Arthur, ele a encara com desgosto, consegue ver a decepção em seu olhar e não entende o motivo disso, pois imagina que Helena já contou toda a verdade.

Quando estão próximos o suficiente, ela não se controla mais e corre para abraçar a irmã, não sente o abraço ser retribuído, mas isso não a intimida, após longos minutos se afasta tentando controlar a emoção.

— Hel, como senti sua falta, estou tão feliz que está bem, que está aqui, fiquei tão triste quando Ágata e Carlos foram a minha casa, não acredito que está viva – murmura sentindo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Eu lhe disse, é uma dissimulada, não sei como pode acreditar que era eu – fala a irmã olhando para Arthur.

Nossa heroína encara sua querida irmã como se não a conhecesse, limpa as lágrimas rapidamente e dá um passo para trás, fica olhando para os dois a sua frente temendo o que estava acontecendo.

— Do que está falando irmã? - indaga cabisbaixa.

— Não se faça de desentendida, Arthur já sabe toda a verdade, não vai mais acreditar em ti, você tentou me matar por que é uma interesseira, só quer o dinheiro dele, sempre que eu te contava o que fazíamos, para onde saímos, você desejava cada vez mais ter minha vida. Até que tentou me matar e enganou nossos pais, para se casar com o meu noivo, fingindo ser eu – exclama irritada.

— O quê? Eu fingi? Eu tentei… Helena o que está acontecendo? Você os chamou de pais? Eu não entendo – confessa sentindo-se perdida.

Helena a encara com ódio, ela não reconhece mais a irmã, percebe que está mais magra e com algumas olheiras, ela realmente parece ter sofrido um acidente, mas nada justifica como está agindo agora, ao menos que…

— Eles a ameaçaram? Por favor me dia, fizeram isso comigo, mas o Arthur é bom, poderá nos ajudar, confie em mim Hel – pede tentando se aproximar, no entanto a irmã perfeita a empurra fazendo com que quase caia no chão.

— Pare de fingir, já chega, eu não aguento mais. Você tentou me matar e fica culpando os outros, vai embora daqui – grita com raiva.

— O que? Eu jamais fiz isso – afirma, rezando para que ela fale a verdade.

— Heloísa, todos já sabem a verdade, vai ficar cada vez pior para você – avisa Arthur, ele a encara pela primeira vez depois que se aproximaram, seus olhos acusadores causam uma dor na garota que ela jamais conheceu.

— Eu não sei o que está acontecendo aqui, jamais faria mal a nenhum de vocês, por favor Hel, não faz isso comigo – suplica.

— Pare de fingir – ordena sua irmã.

— Eles me falaram sobre você, só que eu jamais quis acreditar na versão deles, só confiei na minha versão, pensei que só eu a conhecia bem, contudo agora eu não a reconheço, jamais menti para ti ou tentei fazer algo para prejudicá-la, e você Arthur, eu só aceitei esse casamento…

— Chega – grita Helena. — Para de mentir e vai embora daqui, esse não é o seu lugar Heloísa, você não serve para estar ao meu lado – assegura.

Sem alternativa a heroína começa a se afastar, ela não acredita no que está acontecendo, tudo dentro de si dói, jamais imaginou que isso poderia acontecer, que sua própria irmã, a quem ela só quis proteger poderia traí-la desta forma.

Conforme se afasta ela pensa em pegar suas coisas e fugir para qualquer lugar, no entanto assim que começa a se aproximar da casa sente alguém puxando o seu braço.

— O que pensa que está fazendo? - indaga seu ex-marido.

— Vou pegar as minhas coisas – explica sentindo o braço doer onde ele aperta.

— Não tem nada seu aqui, vá embora, eu não quero vê-la nunca mais… Heloísa – afirma.

Seus olhos parecem estar em chamas, ela o encara sem acreditar que isso está de fato acontecendo, o homem observa o seu rosto e por um momento rápido seus olhos param em seus lábios, Helo percebe a intenção dele e se afasta rapidamente saindo apenas com a roupa que está vestindo e o seu celular.

Ela caminha lentamente, não deseja correr, pois gosta de andar devagar para pensar, mas neste momento não consegue pensar em mais nada, lágrimas escorrem pelo seu rosto, a garota mal consegue respirar, seus braços abraçam seu corpo para se reconfortar, o medo toma conta de si, nem quando fugiu de casa quando tinha treze anos se sentiu tão sozinha.

O problema é que ela não estava pronta para perder a irmã, achava que assim que ela aparecesse iria salvá-la e ambas teriam seus finais felizes, mas agora percebendo seu erro, sentia-se perdida, a menina não sabe por quanto tempo andou, de repente era de manhã e agora tarde da noite, parou de frente a um portão grande e tocou o interfone.

Passou-se alguns minutos, que para ela foram muito longos, temia que não fosse bem recebida ali também e esse seria o seu fim.

— Heloísa – disse a mulher do outro lado da linha.

— Eu… Desculpe… Eu não tinha para onde ir – confessa sentindo as lágrimas escorrerem.

— Veio para o lugar certo, entre querida – Pede e destranca a porta.

Agora que finalmente passou pelo portão, ela se sente mais segura, tem um longo percurso até chegar a casa, mas pelo menos sabe aonde irá chegar.

Ela já não deseja mais pensar, então anda com passos rápidos, teme que alguém a veja e a proíba de se aproximar da única pessoa que pode entendê-la, jamais pensou que faria uma amiga de verdade, entretanto para ela é uma mãe, assim que chega a porta da casa percebe que já está aberta e quando vê Olívia a esperando corre para abraçá-la.

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