Dormir jamais havia sido tão prazeroso, no entanto a noite passou sendo vista por ela, Heloísa ainda pensava em tudo o que estava acontecendo e tentava arrumar uma forma de fugir de tudo o que estava vivendo, ela só queria sua vida de volta.
Por volta das seis da manhã, sem conseguir relaxar lembrou-se do diário e sem querer esperar mais levantou-se e o pegou. Ao sentar-se novamente sentiu o coração em desespero, abriu o caderno e observou um pouco a primeira página, até que finalmente conseguisse começar a ler.
“Não vou colocar data, pois não é efetivamente um diário, posso dizer que vou lhe contar uma história, e se você achou isso, tudo o que posso afirmar é que meus planos deram errado.
Depois que você saiu de casa, nos tornamos a família perfeita. Carlos e Ágata, provavelmente tinham medo que eu fizesse a mesma coisa e transformaram nossa relação em algo totalmente diferente do que estávamos acostumadas. Tem coisas que não poderia lhe contar naquelas mensagens.
Por um tempo eu quis acreditar, pois eu queria que algo tivesse sobrado depois que você se foi. Nós não tínhamos nada e você ficou tanto tempo sem falar comigo Isa, me senti tão sozinha, sinto muito por querer que a felicidade nascesse com a sua partida, mas eu estava quebrada, precisa de algo para acreditar.
Essa felicidade durou um tempo, contudo nada é realmente perfeito. Carlos começou a jogar e perdeu muito dinheiro, sua empresa faliu diversas vezes e as brigas começaram dentro de casa, todos os dias tinha alguma confusão e eu estava com medo, me senti aterrorizada, pensei que pudesse tentar fazer comigo o que quis fazer com você, então eu mudei.
Comecei a usar roupas mais folgadas e cortei o cabelo, fiquei parecendo um menino, você tinha que ver como a Ágata tinha vergonha, contudo ela sabia o motivo, então não me questionava.
Quando finalmente terminei a escola, consegui me mudar para morar com uma amiga e fazer faculdade, os pais dela conheciam a verdade e me ajudaram nesse período. Neste tempo eu conheci um homem, o nome dele é Arthur, nunca me interessei de fato por ele, todavia já deve imaginar o que houve quando Carlos e Ágata descobriram que ele queria algo comigo, eles negociaram tantas coisas, me venderam… Irmã, deve saber que ele nunca se interessou por mim de verdade, e eu já estava apaixonada por outro homem, mas o dinheiro dele não era tão exagerado para ele ser aceito.
Eu tive que mudar, para caber em um mundo que não era meu, com tantas ameaças e transformações, gente como nós não é o suficiente para caber neste universo perfeito que essas pessoas vivem, cheio de falsidade e intrigas, vou lhe contar cada detalhe, mas hoje não, ninguém sabe que escrevo para você, será o nosso segredinho.
Com carinho, sua Hel.”
Ela para de ler e fecha o diário, não havia percebido que estava chorando até aquele momento, jamais pensou que a irmã havia sofrido tanto, pois quando voltaram a conversar Hel sempre parecia tão feliz, suas mãos tremiam ao saber que sua irmã não amava esse homem, ela tinha sido vendida, a sua substituição não era como pessoa e sim como mercadoria.
Pensou em como foi enganada, sentiu raiva de si mesma por ter acreditado novamente em sua mãe, mas o que mais fez com que se odiasse foi perceber que sua irmã que considerava sua melhor amiga não confiava nela a ponto de contar a verdade.
No fundo a compreendia, elas nunca os venceriam, mesmo se lutassem sempre de mãos dadas eles ainda iam controlá-las. Quando finalmente se sentiu mais calma levantou-se, pensou que um banho a faria muito bem, e queria aproveitar que o banheiro é no quarto e não ia precisar esbarrar com ninguém.
Heloísa tirou a roupa ainda no quarto e a colocou no cesto, caminhou lentamente até o banheiro e assim que abriu a porta notou que ele é paticamente do tamanho de sua antiga casa.
Foi até o banheiro e ligou a torneira para enchê-la, logo percebeu que não era comum, a banheira começou a encher pelo ralo, espelhando-se e transbordando, junto com o produto que jogou a espuma deixou o banho ainda mais convidativo.
Heloísa entra na banheira, afunda todo o corpo, deixando-o aquecer-se por conta da água, ela só não molha o cabelo, com um coque mal feito devido ao tamanho que está agora a garota o acomoda para que não molhe. Seus olhos agora fechados, a levam para longe e a fazem relaxar, consegue finalmente se sentir em paz, em alguns momentos brinca com a espuma, conseguindo finalmente esquecer tudo o que a atormenta, com os olhos fechados ela chega a cochilar de tão relaxada que se sente, todavia seu sono é interrompido quando ouve alguém mexendo na porta.
Seus olhos se abrem de imediato, o medo a invade, contudo após alguns minutos ela se recorda de onde realmente esta e o alívio toma conta de si, no entanto logo ele se esvai quando a porta do banheiro é aberta.
— Sai, vai embora agora – exclama tentado esconder seu corpo com a espuma.
— O que é isso Helena? - questiona.
— Por que abriu sem bater? - Indaga.
Seu coração parece querer pular para fora de seu corpo, ela não consegue controlar o que sente e neste momento tudo o que sente é raiva.
— Somos casados, não precisa se esconder de mim, em algum momento eu terei que vê-la, não precisa agir desta forma – explica observando-a.
— Isso pode acontecer, mas não será hoje? - assegura com raiva.
— Não entendo seu joguinho – fala com reprovação.
— Não tem joguinho nenhum, só quero que saia – afirma.
— Sabe de uma coisa? Eu também não quero te ver, você não é o tipo de mulher que interesse a mim – fala com desdem.
Heloísa o encara constrangida, por não saber o que ele quer, sua condição a impede de ser mais ríspida e isso a chateia em alguns momentos, principalmente neste, pois está nua na banheira.
— O que quer? - investiga olhando-o com raiva.
— Helena, neste momento o que quero, você não está a fim de me dar – murmura e permanece de pé encarando-a, sem se importar com suas objeções.
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Atualizado até capítulo 42
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