Ela sentia a vergonha tomar conta de si, mesmo após o café da manhã ainda sentia-se constrangida pelo que ele havia falado no banheiro. Mas, não se engane, sua vergonha não era por que se via como inocente, ao invés disso, estava com vontade de ceder a este homem, queria ser dele e esse era de fato o maior problema.
Arthur havia mudado desde a noite passada, Helo havia percebido isso, o homem agora estava sério e parecia decidido a algo que ela desconhecia, e por mais difícil que fosse senti-lo próximo a si, tudo parecia pior agora que o sentia distante.
É como uma distância mental, ele parecia não vê-la e o mais estranho é que isso aconteceu sem nenhum motivo especifico, Heloísa pensou que talvez assim fosse melhor.
— Vamos – diz friamente e começa a andar.
A garota o segue, notando que algo realmente mudou para ela, pensa que pelo menos sentia-se mais a vontade hoje, vestindo uma calça preta e uma camisa branca, combinando perfeitamente com sua bota de salto baixo.
— Para onde vamos? - questiona quando estão ao lado de fora da casa.
— Minha mãe quer vê-la – informa.
Nossa heroína se sentia pronta para tudo, menos para conhecer sua sogra. O nervosismo a invade, ela para de andar e sente o coração acelerar, contudo a menina sabe que não pode demonstrar isso a ele, e por este motivo respira fundo e tenta andar de uma maneira que disfarce como se sente.
Esperando pela limousine, estranha quando Arthur entra em uma rand rover preta, é um carro lindo e bem espaçoso para a garota, todavia não era por isso que esperava, mas sentiu-se bem melhor assim, não gostava de parecer chique demais.
Ela entra no carro e faz como ele, se mantém em silêncio, tenta imaginar como a Helena agiria em seu lugar, contudo nada lhe vem a mente, e este é o momento quando percebe que não conhecia a própria irmã.
— Vê se não faz suas gracinhas – ordena assim que o carro começa a andar.
— Minhas gracinhas? - indaga sem encará-lo.
— Sim, minha mãe não tolera suas brincadeiras, ela sorri, mas no fundo não gosta. Nós já conversamos sobre isso – recorda-a.
Heloísa tenta imaginar o que pode ferir tanto está mulher, não sabe ao certo de que tipo de gracinhas ele está falando, após ler o diário imagina que a Helena não tenha se dado bem com a família, porém não leu o suficiente para saber como a irmã se defendeu de tudo o que foi obrigada a fazer.
— Ok, sem nenhum tipo de brincadeira – diz em um tom baixo.
— Sei que será difícil para você, no entanto tenho certeza de que é a melhor opção – assegura.
Ela não responde, por um momento sente-se constrangida , demora alguns minutos para que perceba que não fez nada, que a culpa não é dela e que isso não é sua vida.
Em alguns momentos a menina se esquecia que estava vivendo a vida de outra pessoa, perdia-se de si, contudo aprendeu como voltar para o seu próprio coração.
O caminho que estavam percorrendo era perfeito, a estrada é de uma terra fina parecendo areia, aos lados não viam casa, e sim árvores e outras plantas, estão na natureza e isso era o suficiente para fazê-la relaxar.
Esquecendo-se de tudo o que a amedronta, de todas as suas dúvidas e paixões, Helo começou a observar a paisagem encantando-se a cada minutos.
Arthur a observava, na noite anterior ele havia conversado com Andressa, ela lhe falara tudo o que achava que estava acontecendo e ele não teve dúvidas de que a mulher estava certa.
Provavelmente, Helena estava fingindo, ela não poderia ter ficado boa do nada, como essa garota de um dia para o outro o olharia como se estivesse apaixonada? Por um momento, ele fraquejou… Pensou que tinha de fato ocorrido uma mudança, entretanto Andressa sempre era sua luz, ela fazia com que ele enxergasse coisas que jamais poderia ver sozinho, e em meio a tudo isso restava uma dúvida… Arthur via o mundo pelos olhos de quem?
A mulher ao seu lado, sorria com a paisagem, seus olhos brilhavam ao ver um animal e até mesmo uma planta, ao olha-la via sua luz, uma felicidade que vem de dentro e que não some independente do que aconteça e isso era uma grande mudança, Helena sempre se mostrou infeliz ao seu lado, insatisfeita, fazia comentários maldosos com todos ao seu redor e jurou que nunca teriam nada além de desavenças, e agora ele a havia beijado e ela não fez metade do que jurou que faria se realmente casassem.
De repente o telefone dela começou a tocar, seu rosto demonstrou sua aflição assim que olhou para a tela, a heroína o desligou como se a ligação não importasse, e isso o deixou mais intrigado.
— Não vai atender? - questiona sem encará-la.
— Não, não é nada importante – murmura cabisbaixa.
— Se não é importante, por que ficou tão abalada? - indaga curioso.
— É o Carlos, ele pode esperar – informa olhando pela janela.
— Tenho certeza que pode, deve estar doido pelo dinheiro, eu disse a ele que se nos casássemos eu investiria nele, no entanto mudei de ideia, ele perderia todo o meu dinheiro – fala como se isso não importasse.
— Se não vai cumprir com o acordo, por que casou comigo? - investiga.
Dessa vez, a garota olha em sua direção, observa o homem ao seu lado, pensando que não precisava estar passando por isso.
— Eu não disse que não queria o casamento, falei apenas que não vou ajudá-lo – conta como se isso não significasse nada.
Tudo o que Heloísa conseguia pensar é que precisava fugir, pois eles viriam atrás dela assim que descobrissem que não vão receber nada.
Ela virou o rosto, não sabia o que responder, queria se preparar para conhecer sua sogra, esperava que conseguisse deixar uma melhor impressão, já que viveria essa mentira não queria viver sempre em um inferno.
Ao longe, a garota avistou um portão na cor cinza. Helo olhava tudo com curiosidade e encantamento, ao se aproximarem do portão Arthur colocou sua digital em um aparelho e o portão se abriu, as árvores tomavam conta da entrada formando um perfeito corredor, o chão estava banhado pelas folhas que se destacavam em todas as cores como um tapete, ela sorriu como uma criança que ganha o presente que sempre sonhou e foi com este sorriso que Arthur percebeu que essa garota ao seu lado jamais poderia ser a Helena.
Agora, enquanto a observava notou como a diferença é grande e não conseguia entender por que não viu isso antes, o homem a observava pensando que logo descobriria toda a verdade.
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Atualizado até capítulo 42
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