Capítulo 12

— Helena – exclama a mulher.

Heloísa a observa, ela é muito bonita e muito chique, seus olhos são claros como os de Arthur, no entanto são ainda mais ríspidos. É claro que ela não está contente, nossa heroína sabe que a mulher odiou vê-la, mas isso não a preocupa, o que mais a preocupa é não saber o seu nome.

— A senhora está linda hoje – comenta com sinceridade e medo.

Sente-se presa, não sabe exatamente como agir, a amedronta imaginar e sentir o tamanho do ódio que todos sentem por sua irmã e isso a entristece profundamente.

A mãe de Arthur a surpreende, pois começa a sorrir, daqui a pouco seu sorriso transformar-se em uma gargalhada aterrorizante, Helo dá um passo para trás imaginando que fugir dali é a melhor opção, pode se esconder no mato, Ágata e Carlos não vão encontrá-la, e de certa forma detesta pessoas e sempre quis morar no mato, longe de toda hipocrisia, de toda necessidade de ser perfeita para os outros.

A menina dá mais um passo e sente uma mão em suas costas, um arrepio delicioso percorre o seu corpo, ela o encara e seu marido consegue ver o medo em seus olhos, o homem parece compreendê-la e pigarreia olhando para a mulher em sua frente.

— Dona Olívia, não esta sendo nem um pouco simpática… Com a minha esposa – diz com a voz firme.

Ele sentiu orgulho de falar em voz alta o que a garota representa em sua vida, nunca foi apaixonado por Helena, entretanto gostava de deixar a mãe irritada e isso era um bom pretexto.

— Sua esposa? - questiona assim que para de sorrir.

— Sim, eu disse que íamos nos casar – recorda-a.

— Eu queria ver com os meus próprios olhos…

— E como não pode ir ao casamento nós viemos aqui – fala completando o que a mãe ia dizer.

— Isso é um absurdo – afirma com raiva.

— Não exagere, você e Helena estão tendo a chance de ter um recomeço – propõe.

— Não quero nenhuma chance com essa mulher – garante encarando-a.

— Boa sorte – sussurra Arthur no ouvido da garota. — Onde está o papai? - questiona.

— Onde? O mesmo lugar de sempre, o que posso fazer não é…

Arthur não espera a mãe terminar de falar, ele acena e começa a andar, sabe muito bem onde o pai está neste momento, o homem sempre fica na estufa, ele gosta de cuidar da flores, e Arthur pensa que se fosse casado com uma mulher que agisse como sua mãe, também teria um refúgio.

— Pai – chama assim que abre a porta.

— Filho, entre – grita e pela sua voz o rapaz sabe exatamente onde achá-lo.

A estufa é um lugar muito grande e ocupado, é possível encontrar flores de todos os tipos, todas as cores, realmente é um lugar que lhes dá paz. Arthur passa por um corredor onde de um lado tem flores amarelas e no outro azuis, o cheiro é agradável para ele, jamais se incomodou com as flores.

Ele vê o seu pai sentado em frente a uma mesa grande, nota que ele esta preparando os arranjos de flores que serão colocados na casa, isso é algo realmente relaxante.

Nosso herói senta-se ao lado do pai, sentindo-se tranquilo pela primeira vez em dias, este é seu único amigo, o único com quem podia conversar sem se esconder, e este era o momento que precisava de alguns conselhos.

— Esta tudo bem, filho? - indaga encarando-o.

— Não sei, deixei Helena com a mamãe – comenta e eles começam a rir.

—Elas vão derrubar a casa – argumenta.

— Se fosse a outra Helena, eu poderia acreditar nisso, mas com essa, acho bem provável que não aconteça – informa.

— Com essa? O que aconteceu? - investiga.

— Não sei pai, mas ela esta diferente, não é algo superficial, é a alma. Essa mulher com quem me casei não pode ser a mesma que convivi durante um ano. O senhor tem que conhecê-la, ela é gentil e o seu olhar… Deus, é difícil não encará-la. Eu a beijei pai, pela primeira vez e eu queria mais, não sei o que está acontecendo, mas sei que jamais aconteceria com a Helena de verdade – afirma.

— Filho, parece que se apaixonou e quando gostamos da pessoa não vemos o seu defeito – fala pensativo.

— Não é isso, vamos, você precisa conhecê-la, e se achar a mesma coisa que eu vai me passar o contato do seu amigo que é detetive, preciso encontrar a mulher com que ia me casar – diz e eles se levantam.

— Tudo bem, deixe-me vê-la e lhe darei minha opinião – afirma e eles começam a caminhar.

Conforme vão para a casa, conversam sobre banalidades, olham sempre ao redor esperando que algo ruim tenha acontecido, pois nada poderia dar certo com essas duas mulheres sozinhas.

Você deve imaginar a surpresa quando eles chegaram a casa e tudo estava em perfeito silêncio, bom nem tudo, havia um cômodo com uma música calma e instrumental tocando, eles entraram e viram Olívia deitada em uma maca e Heloísa fazendo massagem em suas costas.

— Viu, está cheia de pontos gatilhos, mas não irei tirá-los agora, vou fazer uma massagem para você relaxar e quando viermos novamente poderei fazer uma mais forte – fala Helo.

Arthur fica parado na porta olhando a cena sem conseguir acreditar no que vê, seu pai age do mesmo jeito, eles observam boquiabertos imaginando que estão tendo alguma visão esquisita.

— Venham, podem me ajudar – fala a garota e sorri para eles.

O homens se aproximam lentamente, tentando entender por que elas não estão tentando uma matar a outra, todavia ao perceberem que não conseguem chegar a uma conclusão resolvem ceder.

— Como podemos ajudar, querida – indaga o marido de Olivia.

— Antônio que bom vê-lo, venho vou lhe mostrar os pontos gatilhos e ensiná-lo como tirar, vai ajudá-la muito – orienta-o.

Antônio a obedece, apesar de todos os problemas ele ama sua esposa e deseja ardentemente vê-la bem, o homem escuta com atenção tudo o que a menina diz, no entanto sempre a observa, de uma maneira discreta buscava sempre algo diferente na mulher, seu filho não estava exagerando, essa de fato não é a mesma Helena que conheceu.

Após alguns minutos Antônio se afasta das mulheres e quando percebe que nada de ruim poderá sair dali chama Arthur e saem da sala.

— Talvez não tenha exagerado, falarei com ele hoje – informa pegando uma bebida.

— Em quanto tempo vão achá-la? - investiga ansioso.

— No máximo três dias – anuncia.

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