Capítulo 8

Acordamos bem cedo e eu tinha a missão de levar as informações ao Felipe Donartti sobre uma máfia coreana cujo líder tinha comprado a nora do Felipe. É, a história é bem bizarra e tudo o que precisamos para expor a eles a situação foi conseguido pela Fernanda, graças ao seu excelente serviço de hacker.

- Tome café antes de sairmos. - digo à Fernanda por telefone, logo cedo. - E coloque uma muda de roupas na bolsa. Não sei se voltaremos hoje. -'ela só confirma e desliga.

Eu sou um ogro por motivos pessoais, mas nunca deixei de cuidar dela nem por um instante.

Saímos do hotel e, horas depois, quando estávamos já na estrada, Marco dirigindo e eu no banco do carona, Fernanda fica olhando a estrada de terra batida com atenção.

- Perdeu alguma coisa lá fora, Fernanda? - pergunto e ela leva um susto.

- Não, senhor Don. - ela se ajeita. - Só achei meio desprotegido o caminho, já que eles estão com a moça nesse sítio, não tem nenhuma câmera ou sensor de movimento, nada!

Eu olho de lado pro Marco, que abre um sorriso e confirma discretamente.

Sorrio discretamente do quão observadora mia ragazza se tornou. Conviver com um mafioso tem suas vantagens e nos últimos meses tenho notado a Nanda muito mais esperta e observadora em relação à tudo. Ter sido sequestrada a fez despertar o faro para coisas incomuns e que podem colocá-la em perigo.

E ela tem razão! A tal Alice é meio que propriedade do tal mafioso coreano, e colocar ela em um sítio, sem nenhum tipo de proteção ou alerta no caminho, é no mínimo imprudente.

O Felipe Donartti não é um mafioso como eu, mas é um ex agente de elite, assim como seu irmão, Igor Stewart. Meu pai conheceu o Felipe em uma missão em que participaram como aliados para combater o tráfico de mulheres, e desde esse dia, mio babbo sempre me disse que ajudaria o Felipe caso ele precisasse, assim como o Donartti nos ajudaria. Eles formaram uma espécie de aliança e quando recebi a ligação do Felipe eu me prontifiquei a ajudar pois é meu dever honrar a palavra do meu pai.

Chegamos ao tal sítio e a propriedade é enorme.

Vejo a Fernanda encantada com os cavalos e a pequena cachoeira que passa pelo sitio.

- Don Bruno, quando terminar o relatório, eu posso ver a cachoeira de perto? - ela pergunta, sempre de cabeça baixa.

- Se você não me atrasar por causa disso, eu posso pensar. - digo e vejo Marco me olhar torto.

- Obrigada, Don. - ela dá um pequeno sorriso e continuamos caminhando em direção à uma cabana um pouco mais afastada.

Nesse momento, vejo o senhor Felipe Donartti na porta da cabana me aguardando, e assim que nos aproximamos ele me dá um abraço forte.

Felipe: - Que felicidade te ver de novo, menino!

Bruno: - Ei, tio, eu não sou mais um menino faz tempo. - retribuo o abraço, pois tenho um carinho grande e muito respeito por esse homem.

Felipe: - Eu te vi pequeno, pra mim será sempre um bambino, como seu pai dizia. Mas vem, vou te apresentar minha família.

Somos conduzidos até a sala, onde estão vários homens. Felipe faz sinal pra todos se levantarem em respeito à minha presença e eles se levantam, mesmo sem entender nada.

Felipe: - Esse é o Don Bruno Massilli, filho de um grande amigo meu, Ângelo Massilli, que infelizmente não está mais entre nós. - ele aperta meu ombro em solidariedade. - Eu o chamei, porque não estamos lidando com bandidos comuns, o chefe da máfia que comprou a Alice é um homem perigoso e muito bem relacionado. Ele tem negócio pelo mundo todo, o que dificulta reunir informações. Então, pedi a ajuda do Don Bruno e seus soldados. Ele se colocou à nossa disposição e já conseguiu um relatório completo, não é isso? - ele me olha e eu confirmo.

Bruno: - Bom dia a todos. Não vou me apresentar, pois o senhor Donartti já fez isso. Estou aqui pra ajudar e coloquei meus soldados à disposição pra o confronto, que eu já adianto, não será nada fácil. Minha assistente e racker, Fernanda, reuniu informações e montou o quebra cabeças sobre essa história que vocês estão vivendo e eu garanto que é bem mais complexa do que vocês imaginam. Peço que a ouçam com atenção.- faço sinal pra que ela se sente e comece seu relatório. - Fernanda, pode começar.

Todos sentaram nas poltronas e Fernanda pega seu notebook, abrindo o arquivo.

-Bom dia a todos. - os homens responderam, a cumprimentando. - Eu reuni informações a pedido do meu Don, Bruno Massilli, e montei um relatório que está salvo em um pen-drive e será entregue ao senhor Donartti. Mas, Don Bruno achou melhor eu explicar a todos o que eu descobri e pra isso eu terei que contar desde o início, quando a senhora Marizi Choi ainda era solteira e morava na Coréia....

Fernanda inicia seu relato e expõe tudo o que descobriu, mas quando chega na parte em que revela a paternidade real do Senhor Seong Choi eu o vejo ficar irado e querer ir pra cima da Fernanda, a acusando de estar mentindo.

Seong: - Isso é loucura, eu quero que ela desminta isso, agora! - ele se levanta, mas eu me ponho na frente da Nanda, que se encolhe, com medo.

Don Bruno: - Pro seu próprio bem,acho melhor baixar a bola! - fecho os punhos, segurando minha raiva. - Ninguém ofende a Fernanda na minha frente, entendeu? Ela está fazendo o trabalho dela, então sugiro que você se contenha, antes que eu perca a paciência e acredite, meu pavio é bem curto e não sou homem de muita conversa.- falei, entre dentes.

Felipe: - Opa, opa, calma meu povo. Muita calma nessa hora. Seong, sei que é difícil, mas segura a tua onda, ok. - Felipe tenta acalmar o tal Seong.- Brian, ajuda ele a sentar, por favor.

Brian, o filho do Senhor Felipe e marido da tal moça que foi vendida, segura o tal coreano nervosinho, que é irmão da jovem.

-Posso continuar? - Fernanda perguntou, apreensiva, me olhando com receio.

-Claro, senhorita Fernanda. - Felipe sorriu, meio sem jeito.

Fiz sinal e ela continuou, até vermos o Brian se ajoelhar e chorar, desesperado. Ele não iria abrir mão da sua esposa por causa das maldades de Marizi Choi e Seojon, que são a mãe de Alice e seu "comprador".

- Desculpe, senhor Donartti, eu sinto muito.- Fernanda falou, triste pela situação.

-Tudo bem, você não tem culpa Fernanda. só está nos ajudando a entender toda essa podridão. - Brian respondeu, secando as lágrimas. - Agora creio que está tudo esclarecido.

-Desculpe, senhor, mas ainda não terminou meu relatório.

-E ainda tem mais!? - Felipe falou, nervoso.

Bruno: Meu caro Felipe, eu disse que eu fiquei impressionado com tudo o que a Fernanda descobriu, e você sabe que pouquíssimas coisas me impressionam nessa vida! Então senta e ouve, porque tem muita sujeira debaixo desse tapete...

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