Capítulo 5

***Dias depois...

Fernanda***

Meu corpo inteiro doía. Eu já não conseguia sequer abrir meus olhos, de tão inchados que eles estavam pelas sessões diárias de espancamento que esses homens têm me feito passar.

Quantos dias se passaram? Não faço ideia.

No começo eu até pensei que viriam me resgatar, mas agora já perdi as esperanças.

Jogada num colchão sujo nesse quarto escuro e úmido eu ouço passos e já sei que vai começar tudo novamente.

A porta se abre e logo sou espancada novamente, sem dó, mas agora parece pior, pois o que eu mais temia parece que vai infelizmente acontecer.

- Bom, boneca, Eu até fui bonzinho com você, mas acho que tenho direito de me divertir um pouquinho...- as mãos nojentas vão em direção à minha calça, e eu tento usar as forças que me restam para me defender, mas é inútil.

Estou há dias sem comer ou beber água, então mal consigo me mexer.

- Larga a garota! - uma voz feminina se ouve, depois da porta ser aberta.

- Ah, qual é Patrícia?! Eu tenho direito de um pouquinho de diversão já que vamos ter que matá-la!

- Eu disse nada de abuso! - ela grita e o homem me joga no chão,me fazendo bater a cabeça com força no chão. - Vamos fazer mais uma sessão com choques e se ela continuar sem abrir o bico, nós exterminamos ela e tentamos o plano B.

- Patrícia, nós estamos aqui há dias e essa vadia não abriu o bico. Porque não deixa a gente se divertir com ela e depois nos livramos do corpo de uma vez?

- porque eu disse não! - a tal Patrícia diz, firme. - Vamos fazer nos meus termos.

- Ok, patroa. - o homem sai irritado.

Ouço alguém se aproximar e depois escuto a voz feminina.

- Garota, se eu fosse você eu abria o bico! Eu não vou conseguir segurar esses brutamontes por muito tempo...- ela me dá um puxão de cabelo.- Será que você não percebe que seu Don nunca vai vir te buscar? Ele não está nem aí pra você, garotinha tola!

- Eu...eu não...vou falar.. você...pode...me matar...- digo, fraca.

- Bom, seu desejo logo será atendido! - ela me dá alguns chutes, me fazendo gemer de dor, e depois eu sou levada para mais uma sessão de choques, me fazendo desmaiar várias vezes e ser acordada com água gelada e socos.

- Ela já está morta, chefe! Não adianta continuar. - um homem diz.

- Podem terminar o serviço! Essa não valeu uma bala sequer, já que nem com o pedido de resgate e os vídeos da tortura o Don Bruno veio resgatá-la.

As palavras deles doem mais do que todas as pancadas, choques e cortes que foram feitos em mim.

Dói saber que você realmente não passa de um objeto, algo descartável nas mãos das pessoas.

Mas o que eu pensava? Eu fui vendida pelo meu próprio irmão e pela minha mãe para um traficante de um morro carioca conhecido por usar e matar moças inocentes como eu. E porque? Pra pagar a dívida de drogas deles dois.

Eu nunca fui amada, a não ser pelo meu pai, que mesmo sendo alcoólatra cuidou de mim até morrer de tanto beber.

E depois? Depois eu fui espancada pela minha mãe, tratada como empregada, obrigada a ver e ouvir coisas horrível dentro da minha própria casa.

Até o dia em que me venderam, e aí? O Don Bruno apareceu pra cobrar o dono do morro. Ele me viu exatamente no dia em que fui entregue ao meu "comprador" e eu não sei porquê. ..ele teve pena de mim.

Me trouxe com ele, me ofereceu um emprego e um lugar pra morar.

Foi a única pessoa que me estendeu a mão, e na fortaleza eu conheci a mama, a Viollet, o Marco, o Vicenzo...eles sempre me trataram bem, e eu sei que se eu dissesse algo, colocaria a vida de todos eles em risco.

Sinto meu corpo ser arrastado e jogado no chão, enquanto uma arma é engatilhada.

Morrer por quem me estendeu a mão...é um jeito digno de morrer, não é?!

Ouço uma barulho alto e logo tudo vai ficando distante....Longe....deve ser essa a sensação de morrer em paz.

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