Capítulo 4

Marco, eu preciso saber...- digo, sério.

Marco

- Don, você está procurando coisa onde não existe. - meu amigo pessoal e conselheiro adverte. - A moça é livre, entendeu? LI- VRE! - repete, sério. - Ela pode se relacionar com quem quiser, mas eu acho isso praticamente impossível, já que você fica feito um cão de guarda ao redor dela, além de tratá-la feito um ogro.

- Você perdeu o juízo e quer perder a cabeça,junto?! - o encaro, erguendo a sobrancelha. - Eu estou protegendo ela, é diferente.

- Proteção essa que eu chamo de sufocar a Nanda. - diz, respirando fundo. - Olha, eu te conheço desde sempre. Fomos criados juntos. Se estou falando com você nesse tom é porque tenho intimidade suficiente pra isso. - ele dá um gole em sua bebida.- Deixe de ser cabeça dura e turrão, assuma o que sente por essa moça e pare de fazê-la se sentir uma prisioneira numa jaula de cristal.

- Você e eu sabemos o que aconteceu quando eu deixei ela ter "liberdade". - digo, baixando a cabeça, e vendo as imagens passando como um filme em minha mente...

Flashback..

- Nanda, você tem certeza que terminou todo o relatório sobre a última entrega de armamentos da fortaleza?

- Sim, senhor! Tudo o que entrou foi conferido pelo Sr. Marco e colocado no depósito. Mas o que ele me passou não bate com o que o Senhor me deu naquela lista ontem.

Eu respiro fundo. Há dias isso tem acontecido. O que chega aqui não condiz com o que sai do porto. Isso significa que no caminho estão fazendo pequenas retiradas, que seriam imperceptíveis, caso a Nanda e o Marco não fossem tão observadores.

- Entendi. Por hoje está tudo bem, eu vou cuidar disso pessoalmente amanhã. Você está dispensada.

- Obrigada, senhor. - ela diz, mas não sai, como sempre faz.

- Quer falar mais alguma coisa.?

- É que...as moças da equipe da cozinha da fortaleza vão à um bar novo e...elas me convidaram. Eu...eu queria saber se posso ir, senhor. - ela continua de cabeça baixa.

- Fernanda, você é meu "homem de confiança" quando o assunto são os dados dos meus negócios e eu não posso deixar você dando sopa por aí.

Ela respira fundo e assente. Encaro seu semblante triste.

É compreensível. Ela só tem 20 anos e está aqui há um ano, vivendo praticamente o tempo todo dentro desses muros, mas é para sua própria proteção.

- Um soldado vai te acompanhar, entendeu? - digo, sério e pela primeira vez em muito tempo, a vejo sorrir. - E você vai voltar imediatamente caso algo saia errado, ouviu?

- Sim, senhor! Obrigada, senhor! - ela agradece e sai toda feliz do meu escritório.

Se eu tivesse ideia do que estava por vir e do quanto aquela noite resultaria numa das maiores dores da minha vida, eu jamais teria deixado ela se afastar de mim...

Horas depois...

Eu estava dormindo quando ouço alguém bater na porta do meu quarto, impaciente.

- Entra! - grito, irritado. - Mas que droga! Porque me acordou há uma hora dessas, Marco?! - bufo, levantando da cama assim que ele entra no meu quarto, mas logo sinto algo ruim dentro do peito. - Cadê a Fernanda? - digo, apreensivo.

Ele não me olha e uma raiva descomunal toma conta de mim.

- CADÊ A FERNANDA, MARCO?! - grito.

- Levaram ela. - ele diz e eu sinto meu peito se apertar. - Atacaram o carro onde o soldado estava trazendo ela de volta pra Fortaleza. Mataram o soldado e o motorista, Don...

- Quem foi? - digo, já vestindo minhas roupas e pegando minhas armas.

- Ainda não sabemos. Apagaram as imagens das câmeras das ruas próximas e também do bar onde ela estava.

- Eu quero que revirem cada pedra dessa cidade, desse país, cada buraco, caverna, não me interessa! Eu quero a Fernanda aqui na minha frente antes do dia amanhecer, Marco!

- Don...- ele diz, receoso. - Quem a pegou sabe quem ela é e...você sabe o que eles querem.

- Eu sei, droga! - soco a mesa, puxando o ar com força. - Eles querem informações, nomes, números...

- Exato! E você sabe que se eles querem, vão fazer tudo para conseguir. .- diz, sério. - A Nanda é só uma menina, Don...eu tenho medo dela não aguentar...

Fecho as mãos em punho, pois só de imaginar alguém fazendo mal àquela menina que eu livrei das garras de um traficante de mulheres, meu coração aperta ainda mais.

Eu e Marco sabemos muito quais as formas de tortura que a máfia utiliza para tirar informações dos inimigos, e pra fazer uma moça como a Nanda falar, eles não vão ter pena.

- Nós temos que encontrá-la agora, Marco! Quero todos os soldados na rua, revirando cada beco, casa, rua. Revirem as pedras se for preciso, mas eu não posso deixar machucarem a Nanda!

Nós saímos da fortaleza armados até os dentes.

Se a Nanda falar, todos nós estamos acabados, mas sinceramente não é essa a minha preocupação nesse momento.

Eu só quero encontrá-la sem que a machuquem.

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Comments

Fênix

Fênix

KD os rastreadores

2024-04-19

0

Vera Lúcia

Vera Lúcia

eita o que aconteceu foi sério

2024-04-16

0

Cleide Almeida

Cleide Almeida

ela realmente passou por algo mto ruim viu por isso ele tem esse medo e tbm se sente culkado por ñ ter protegido ela suficiente

2024-04-14

3

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