Memória

Mariana

Não sei quando fiquei exausta de chorar, e finalmente peguei no sono olhar o rosto do Ricardo cheio de lágrimas, acabou comigo mas mesmo conseguindo dormir estava com a sensação de que não adiantou muito.

Abro os olhos e como um Déjà-vu um filme passando diante dos meus olhos, mas, tenho certeza que não é nada disso e sim uma memória tão nítida que parece que seu esticar o braço poderia tocar no Ricardo.

É o Ricardo ao meu lado sem camisa dormindo com o cobertor até altura da metade do seu peito o cobrindo, quando ele abre os olhos se adaptando a claridade olhou-me e sorriu e aquele sorriso era incrível deixando os seus olhos rasgadinhos iluminando todo o seu rosto a sensação que me toma é de paz e que estava tudo no seu devido lugar no mundo que sentimento era esse.

Esfrego os meus olhos a imagem some da minha frente, mas permanece na minha memória era essa a resposta que eu tanto precisava.

Eu fico emocionada ao saber que uma antiga memória voltou, mas eu prefiro optar por não contar a ninguém não quero dar esperanças que podem ser falsas não tenho certeza se isso vai voltar a acontecer.

Eu sempre pensei ser algo importante compreender e recuperar a minha antiga memória como um grande quebra cabeça, mas após sentir a angústia de ontem em pensar em afastar-me do Ricardo e com essa lembrança que acabei de ter foi que finalmente entendi que o meu quebra cabeça as peças mais importantes que deveria entender.

É quem realmente é o Ricardo o que sinto por ele quem é esse homem:

🧩 Que passou dias ao meu lado no hospital sem sair um minuto sequer do meu lado.

🧩 Que senti desejo por mim, mas respeita-me ao ponto de não tocar em mim sem autorização.

🧩 Um ótimo e amoroso pai.

🧩 Que fica com muita raiva após saber que a sua esposa foi beijada, por outro homem e mesmo assim não levantou por um momento sequer o tom de voz.

🧩 Que me proporcionou sensações tão fortes com um único beijo.

🧩 E que me ama ao ponto de deixar-me ir embora se fosse pela minha felicidade.

Agora eu tinha certeza que deveria entender mais sobre ele, e entrar nessa situação de cabeça sem reservas e sei que não sou indiferente a ele.

Vou para o banheiro e olho o meu rosto e está todo inchado, tomo um banho demorado e passo uma maquiagem muito leve para disfarçar um pouco a minha aparência.

Ele ainda não voltou, pego o meu celular e ligo para minha mãe e conversamos bastante e conto a minha decisão, depois disso preparo um café da manhã e sento a espera dele sei que ele logo estará aqui, estou um pouco preocupada de como ele deve estar respiro e tento ficar calma.

Escuto o barulho da porta e depois de algum tempo o vejo entrar na cozinha o seu rosto era triste e confuso.

Mariana: — Ricardo fiz café.

Ricardo: — Desculpa, mas não estou com fome.

Mariana: — Ricardo eu preciso falar com você.

Aponto para seu lugar e ele o ocupa me olhando.

Mariana: — Quer que eu vá embora?

Ricardo: — Claro que não.

Sinto esperança na sua voz ao responder-me.

Mariana: — Eu decidi.

Mariana: — Eu também não quero ir e não sou indiferente a você Ricardo.

Mariana: — Não sei que sentimentos são esses ainda mas quero entender.

Mariana: — Eu vou ficar.

Mariana: — Quero namorar você Ricardo.

Ricardo: — Namorar.

Pela primeira vez hoje vejo o seu sorriso.

Mariana: — Quero-te conhecer reescrever a nossa história.

Mariana: — Sem cobranças do passado, está disposto?

Ricardo: — Claro que sim Mariana o que quiser.

Mariana: — Certo agora que resolvemos e está tudo bem come algo.

O observo comendo o seu rosto iluminou-se muito diferente do homem que entrou na cozinha a minutos atrás e fico feliz por isso, sei que foi melhor assim nós merecíamos outra oportunidade.

Depois do café da manhã, eu proponho sair para caminhar penso que vai ser bom está uma manhã bonita de sábado e sei que não tivemos uma noite fácil.

Saímos pelo gramado, andando lado a lado em silêncio pela propriedade e pela primeira vez pego na sua mão por conta própria e andamos de mãos dadas.

Mariana: — Sempre pensou em cuidar só de cavalos quando se tornou veterinário, por que eles?

Ricardo: — Sempre achei eles animais incríveis a sua musculatura imponência, eles sabem ler as pessoas, os seus olhos dizem muito um cavalo tem que ser conquistado não deixam qualquer pessoa se aproximar tem que ganhar a sua confiança, isso sempre me fascinou não me imagino a fazer outra coisa.

Mariana: — Entendi é incrível ouvir você falar sobre eles.

Ricardo: — Posso-te fazer uma pergunta.

Mariana: — Pode.

Paramos em frente a uma cerca branca e ele encosta-se eu fico parada a sua frente, poucos centímetros dele.

Ricardo: — O que te fez mudar de idéia.

Mariana: — A angústia que senti no peito depois que disse que preferia ir embora, no fundo, acredito que estou mais ligada a você do que pensava.

O que era verdade mas também a lembrança dele acordando ao meu lado a memória que recordei-me fazia querer ficar ao lado dele.

Num movimento tranquilo ele puxa-me para o seu abraço, eu no começo fico um pouco sem reação, mas depois vou a retribuir-lhe e descanso no seu peito o meu rosto já fiz isso no hospital não é novo, mas, era ótimo sentir o seu cheiro o seu calor então aproveito a sensação sem me afastar.

Ricardo: — Saudade de ficar assim com você perto de mim.

Mariana: — É bom estar aqui.

Mariana: — Segunda posso ficar com você no trabalho pela manhã.

Ricardo: — Claro vai ser um prazer.

Tivemos uma manhã boa após almoçar ficamos conversando sobre filmes e livros, acabamos a decidir por olhar um filme de ação no sofá da sala é meio estranho nós dois separados por uma bacia de pipoca entre nós como dois adolescentes que acabaram de se conhecer, e ainda não sabem se devem se aproximar e devo admitir que o beijo que ele me deu não sai da minha cabeça.

E nesse momento queria muito diminuir a nossa distância, mas como fazer isso quebrar o gelo o muro que eu mesma criei, mas como sempre o Ricardo parece que lê a minha mente.

Ricardo: — Quer mais pipoca?

Mariana: — Não estou satisfeita.

Ele coloca a bacia num móvel da sala e ao voltar para o sofá deita recostado no sofá e puxe-me para seus braços.

Ricardo: — O namoro que falou mais cedo é pacote completo, incluí beijo e coisas do tipo?

Eu começo a rir.

Mariana: — Sim incluí.

Ricardo: — Que bom, pois a vontade de beijar você tá me matando.

Ele aproxima o rosto eu fecho os meus olhos e incurto a nossa distância, ele inicia o beijo com suavidade, os seus lábios quentes tocando o meu me causando um arrepio quando a sua língua toca a minha é incrível cada movimento a sensação de prazer desconhecida para mim, as suas mãos prendendo o meu cabelo com delicadeza tudo era perfeito a minha língua explora a sua boca sem pressa e sinto que ele deixa eu tomar o controlo do beijo eu aumento a intensidade só paramos quando realmente perdemos o fôlego e ele abraça-me enquanto tentamos recuperar e controlar a respiração.

Mariana: — Como você pode beijar assim.

Ele sorri.

Ricardo: — Você faz isso comigo, pode ter certeza causa o mesmo efeito em mim seu beijo é perfeito.

Mariana: — É muito sedutor.

Ricardo: — Você nem imagina o quanto posso ser.

Ele fala ao meu ouvido fazendo, uma promessa futura-me fazendo querer mais, como eu estava alheia esse tempo todo a esse homem ao seu charme.

Mariana: — Acho que posso imaginar.

Passamos o resto do filme assim entre carinhos e beijos, quando ele termina vamos buscar a Mel.

Descemos do carro e vamos de mãos dadas, e logo a minha mãe vem nós receber e noto o seu sorriso ao ver as nossas mãos.

Marta: — Como estão?

Ela fala ao abraçar-me.

Mariana: — Está tudo certo, agora vamos ficar bem.

Ricardo: — Onde anda a sapeca não deu muito trabalho.

Marta: — Que nada vocês dois dão-me mais preocupações que ela.

Respondemos com caretas.

Marta: — Ela tá montando uma cidade com aqueles bloquinhos de casas de madeira, que era seu Mari com o seu pai, estão a um bom tempo nisso vai lá Ricardo na sala.

Marta: — Vou fazer um café para gente me acompanha filha.

Mariana: — Claro.

Vamos para cozinha pego as xícaras é impressionante como ainda estes anos todos a organização da casa e dos objetos continuavam os mesmos.

Marta: — Estou feliz com a sua decisão filha.

Mariana: — Eu sei mãe que vocês torcem muito por nós.

Mariana: — Mas vamos seguir quero conhecer ele melhor, não quero atropelar tudo como antes.

Marta: — Está certa tem que ser sincera a seus sentimentos.

Mariana: — Eu cosigo entender agora mãe que se quero que esse relacionamento de certo eu não posso ter reservas, ficar com um pé dentro e o outro fora para ter segurança.

Mariana: — O Ricardo teve muitas namoradas antes de mim?

A minha mãe cai na risada.

Marta: — Como vou saber filha, tem que perguntar para ele, está com ciúmes normalmente os genros não costumam falar as suas antigas vidas amorosas para seus sogros.

Mariana: — Não é ciúmes, só ele é bem charmoso no hospital a enfermeira peituda e no restaurante a mulher que te falei casada.

Mariana: — Acho que ele atrai muito atenção feminina.

Marta: — Bobinha ele te ama sempre, teve olhos só para você.

Mariana: — Acho que vou ter que reaprender a lidar com as admiradoras do meu marido.

Marta: — Você sempre, lidou muito bem sempre as deixou de fora sem atrapalhar o relacionamento, de sempre confiaram nele em primeiro lugar.

Marta: — Ele é um homem de palavra e isso é raro de encontrar nós dias de hoje.

Mariana: — Eu sei.

Mais uma peça para o meu quebra cabeça:

🧩 Um homem de palavra.

Mariana: — Eu acabei esquecendo de contar descobri a causa da minha amizade com a Bruna ter terminado.

Marta: — Eu perguntei para uma das vizinhas, que era amiga da mãe dela onde ela anda caso quiser voltar a ter contato com ela.

Marta: — Ela disse que ela depois que se formou foi morar fora do país.

Mariana: — Não vou deixar como está, eu peguei ela me traindo com o Flávio esse foi o motivo.

Marta: — Agora fiquei chocada, eu imaginaria uma coisa assim dele nunca confiei naquele rapaz, mas a Bruna como as aparências enganam parecia tão amiga.

Mariana: — Também fiquei assim devo ter ficado muito dececionada na época, mas já passou.

Marta: — As vezes a vida tira pessoas que não são boas para gente do nosso caminho e trazem outras incríveis olha a Helena.

Mariana: — Sim, não tenho o que me queixar.

Após preparar o chá vamos para a sala e encontramos os três montando, uma grande torre até ela cair os três caindo na risada, e mais uma vez sinto o meu coração aquecido observando a minha família, e sabendo que de alguma forma que tomei a decisão certa permanecer ao lado do Ricardo e recomeçar.

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