Marina
Acordo com uma sensação boa de ter alguém dormindo ao meu lado, não costumava ser assim nunca me importei com isso, na verdade, fazia questão que os meus namorados não dividirem a mesma cama comigo a noite toda e fico a pensar será que o meu corpo está tão acostumado ao Ricardo que isso é uma memória corporal mesmo eu não lembrando dele essa sensação de conforto.
Vejo ele abrir os olhos lentamente, e olhar-me por um tempo.
Ricardo: — Bom dia Mariana.
Mariana: — Bom dia pode-me chamar Mari.
Ricardo: — Quer tomar um banho, depois do café poderíamos dar um passeio no jardim do hospital é um lugar bonito vai gostar de tomar um sol.
Mariana: — Claro.
E novamente iniciamos todo o processo de ajudar-me com o banho e reparei que por mais que o Ricardo tentava disfarçar ele se senti atraído pelo meu corpo, mas ele foi totalmente gentil e educado eu fui bastante ousada em pedir que ele me ajudasse nessa situação, mas ele era o meu marido por mais que eu tentasse evitar esse pensamento as vezes, e por eu escolher ele só poderia ser uma boa pessoa eu apesar de tudo ainda acredito no meu bom julgamento, então podia confiar que ele não tentaria nada inconveniente o máximo de liberdade que ele voltou a tomar é que antes de sair do banheiro ele sempre depositava um beijo delicado na minha testa.
Depois do café lá vamos nós explorarmos o jardim do hospital, eu na cadeira de rodas enquanto o Ricardo guiava-me.
Era um jardim simples e pequeno mas mesmo assim era bonito com flores se misturando em uma tonalidade da mais clara ao tom mais vibrante e pela quantidade delas, e a temperatura do ambiente me faz suspeitar que estamos na primavera.
Mariana: — Eu já estive aqui outras vezes internada, neste hospital quando precisei da doação de órgão ou foi em outro?
Ricardo: — Quem te contou?
Mariana: — O doutor Roger quando perguntei por que tomava vários remédios.
Ricardo: — Eu não te contei antes porque ele mesmo pediu para ir devagar com as informações.
Mariana: — Eu entendo.
Ricardo: — Sim, ficou nesse hospital.
Ricardo: — Eu fiquei com muito medo de perder-lhe, foram dias difíceis precisava com urgência de um doador seu pai era compatível mas devido aos problemas de saúde o seu pai não poderia doar e a sua mãe não era totalmente compatível foi uma corrida contra o tempo.
Mariana: — Então tenho que agradecer, pela doação e oportunidade de vida.
Ricardo: — Não se preocupe sempre foi muito grata a essa oportunidade.
Mariana: — Tem algo mais sobre a minha saúde que devo saber, peço que você seja sincero eu ainda posso engravidar eu acredito que a resposta, seja não.
Ricardo: — Poderia mais é arriscado pode morrer no processo.
Mariana: — Entendi.
Deixo lágrimas escorrem no meu rosto, não é um choro desesperado mas também não é um choro menos dolorido e sofrido como a minha vida pode se tornar esse vazio lembranças perdidas eu sempre sonhei ser mãe e isso não séria mais possível de forma natural nisso sinto o Ricardo empurrando a cadeira de rodas até o banco do jardim sentando e colocando-me na sua frente.
Sinto a sua mão no meu rosto na tentativa de limpar as minhas lágrimas.
Ricardo: — Amor não chora, droga eu prometi para o doutor Roger que teria calma, mas eu não consigo ver você sofrendo dessa forma e não fazer nada.
Ele me olha a tentar, avaliar a minha situação se deve ou não continuar eu tento-me recompor um pouco para o incentivar a continuar.
Mariana: — Eu perdi a minha memória Ricardo eu prefiro que você seja sempre sincero comigo eu dependo de vocês a minha família para saber, sobre a minha vida não me ajudam escondendo as coisas de mim.
Mariana: — Eu não quero viver na escuridão, independente do que o Doutor Roger fala prefiro não estar no escuro na minha própria vida.
Ricardo: — Também acredito que te esconder as coisas não está te poupando só lhe deixando mais anciosa.
Mariana: — Você me conhece melhor que o médico.
Ricardo: — Certo mas fique consciente que vou levar uma bronca por isso.
Mariana: — Eu te defendo.
Dou um sorriso fraco enquanto observo o Ricardo pegar a carteira do bolso de trás da calça e me entregar uma foto, de uma menina muito bonita parecia uma boneca eu olho curiosa.
Ricardo: — Mari olha bem ela, se parece com alguém que você conhece?
Olho a menina com atenção como ele pediu ela era uma mistura evidente tanto de mim como do Ricardo ela tinha olhos verdes esmeralda e rasgadinho assim como ele quando sorri, o cabelo também da mesma cor dele em um tom de loiro escuro quase um mel, o nariz era levemente arrebitado assim como meu o sorriso era idêntico ao meu formando uma covinha assim como a minha só de um lado do rosto era inegável que essa criança era uma mistura de nós dois.
As lágrimas voltam ao meu rosto, e não posso deixar de notar uma aparecendo timidamente no rosto do Ricardo.
Ricardo: — Sempre achei essa sua covinha um charme, encantadora essa garotinha vai me dar trabalho com os rapazes no futuro.
Mariana: — Nossa filha.
Não era uma pergunta, e sim uma constatação para mim mesma sinto o Ricardo envolver as minhas mãos que estão geladas.
Ricardo: — Sim a nossa filha o nosso pequeno mundo, essa amor é a Melissa a nossa Mel.
Eu fico o olhando intensamente tentando acalmar a minha respiração, que está acelerada de nervoso.
Ricardo: — Mari como você está se sentindo?
Mariana: — Eu só estou nervosa, com toda situação mas não se preocupe eu estou bem.
Ricardo: — Quer ficar sozinha um pouco, posso buscar uma água.
Mariana: — Não fica aqui, comigo.
E um gesto automático aperto suas mãos ele sorri para mim o que me deixa mais calma, eu precisava dele e diferente do que achei nossas vidas estavam ligadas muito mais do que achei ser possível.
Mariana: — Quantos anos ela tem exatamente?
Ricardo: — Três e meio.
Mariana: — A mesma época do transplante.
Ricardo: — Tudo começou a acontecer depois do seu parto você ficou muito debitada.
Mariana: — Como ela é?
Ricardo: — Ela é encantadora, e muito esperta como você vai ver, a Mel incrível como pode ver sou um pai babão.
Ricardo: — E você sempre foi o meu freio, para não fazer todas as vontades dela.
Meu sorriso é realmente, sincero ao ouvir isso eu tinha uma família.
Ricardo: — Ela tá com muita saudade de você.
Mariana: — Eu estou com medo.
E falo o que eu realmente sinto não tenho motivos para mentir.
Mariana: — Não quero olhar nós olhos dela, e encontrar desapontamento como encontro as vezes no seu quando não lembro das coisas.
Ricardo: — Desculpa Mari eu sei que não está sendo fácil para você, mas ela é uma criança ela não julga como nós adultos idiotas.
Ricardo: — Ela vai tirar de letra e vou conversar, preparar o caminho nós adultos complicados as coisas ela vai simplificar tudo.
Ricardo: — Podemos combinar, assim você tem mais um mês no hospital vamos com calma para você se acostumar a idéia e tudo o que você quiser saber eu te ajudo sobre ela.
Ricardo: — Quando você sair realizamos o encontro entre vocês o que acha?
Mariana: — Acho que é um ótimo plano quero estar mais forte para conhecer ela.
Ricardo: — Então faremos isso.
Mariana: — Ela está com os meus país?
Ricardo: — Sim.
Mariana: — Ela deve estar sentindo a nossa falta.
Ricardo: — Sim mas ela entende, e sempre que seus pais vem eu passo um tempo com ela e expliquei que você está doente e que estou cuidando de você e que ficará bem para voltar para ela.
Ricardo: — Ainda mais que prometi de coração.
Mariana: — De coração?
Ricardo: — Sim.
Ele solenemente coloca a mão no coração e fala.
Ricardo: — Prometo de coração cuidar da mamãe.
Isso me faz sorrir.
Ricardo: — Tudo que ela acha importante faz juramentos de coração ela é muito delicada e carinhosa.
Ricardo: — Mas não se engane ela puxou a mim sabe ser teimosa quando quer.
Mariana: — Acho que posso lidar com isso.
Ricardo: — Eu sei que tudo deve estar uma loucura aí dentro é muita informação para processar.
Mariana: — Você não tem idéia.
Mariana: — Ela foi esperada ou fomos pegos de surpresa?
Ricardo: — Esperada decidimos juntos que já era hora, mas você fez surpresa só me contou quando já estava esperando ela.
Mariana: — Como eu contei?
Ricardo: — Você me deu isso.
Mostre-me um cordão com um pingente que estava por dentro da camisa, em forma de placa bem fino de um lado tem a escrita da frase" Para sempre pai" e do outro lado gravado o nome da Melissa e a data do seu nascimento.
Ricardo: — Entregou-me numa baixinha de veludo dentro de um sapatinho creme de bebê e nem preciso falar como fiquei emocionado sempre quis ter o nosso filho ou filha.
Mariana: — Deve ter sido um momento lindo.
Eu coloco a minha mão na barriga e fico a pensar em qual tamanho ela chegou.
Mariana: — É tão estranho pensar que cheguei a tudo isso e não lembro de nada.
Ricardo: — Eu sempre quis apagar da sua memória os momentos de medo e angústia do hospital na época em que precisava de um doador, mas agora consigo entender que para ter momentos felizes a gente também precisa passar por momentos dolorosos infelizmente.
Mariana: — Posso-te pedir uma coisa.
Ricardo: — Mari não tem nada que você me pedir que eu não faça por você.
Mariana: — É só um abraço.
Ele sorri se ajoelha a frente da cadeira e abraça-me por um longo tempo, a sensação de acolhida e protegida não me passa despercebida ele trazia-me paz e tranquilidade, eu sabia que ele era algo a agarrar-me para passar por tudo aquilo.
Ricardo: — Agora vamos caminhar um pouco vai te fazer bem.
Mariana: — Vamos.
E assim seguimos eu apoiada no seu braço num passo lento e ainda um pouco desajeitado como se os meus músculos tivessem desaprendido o esforço que necessito para me manter em pé.
Mais tarde voltamos para o quarto e depois do almoço o Ricardo volta do carro com uma pasta cheia de desenhos.
Ricardo: — Penso que agora que sabe de tudo posso entregar a sua correspondência.
Eu pego a pasta sorrindo.
Ricardo: — Nesses dias em que está aqui ela fez praticamente um desenho por dia para você.
Eu olho emocionada eram lindas as misturas de cores alegres e vibrantes alguns lembravam jardim claro de forma simples infantil, e outros eram nos três em situações diferentes resumindo erramos bolinhas sorridentes com cabelos.
Mariana: — São lindos.
Ricardo: — Ela sabe que ama jardins pelo seu trabalho.
Mariana: — Você tem fita no carro?
Ricardo: — Consigo com uma enfermeira.
Ele saiu e depois de um tempo volta com a fita e pergunto-me com qual enfermeira ele conseguiu.
Após ajudar-me terminamos enchemos meia parede com os desenhos, agora sim, o quarto frio de hospital parecia mais humano.
Ricardo: — Posso trazer os álbuns de fotos dela.
Mariana: — Claro.
Nisso escutamos o barulho da porta e olho o Roger com o olhar duro olhando todos os desenhos.
Roger: — Noto que alguém não andou a seguir as minhas recomendações.
Mariana: — Eu insisti.
Ricardo: — Doutor vamos conversar lá fora.
Os dois saem, mas noto que em nenhum momento o Ricardo abaixou a cabeça o seu rosto era desafiador o que me faz rir, pois me lembro do comentário do outro dia do doutor Roger sobre ele ser teimoso e desafiador.
Eu sentada na minha cama de hospital olhando aqueles desenhos da Mel não posso deixar de notar que a minha vida tornou-se um grande e enorme quebra cabeça, que não sei como montar eu dependo das outras pessoas ao meu redor quererem liberar as peças e indicar onde devo montar a minha vida tornou-se um mistério para mim mesma.
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Atualizado até capítulo 27
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