Lar

Mariana

Como é um lar verdadeiro onde se tem felicidade, alegria ou se tem lembranças...

É o que eu pergunto, quando entro na casa e tento encontrar algo que eu me identifique que faça eu encontrar-me de alguma forma e sentir-me ligada a esse lugar.

Depois do Haras vamos para a casa é realmente linda tanto por fora quanto por dentro enorme, por fora ela tem as paredes em creme com as aberturas brancas, com uma área enorme que contorna toda casa e com sofá de Bambu com o estofado em marrom-claro, e uma rede balanço creme o que me chama atenção é uma pequena bicicleta rosa com rodinhas.

O interior da casa é bem claro, toda em branco os móveis estofados e cortinas se dividem entre o creme o marrom-claro trazendo uma paleta de cores tranquilas. Num canto da sala tem uma pequena mesa rosa com duas cadeiras do mesmo tamanho e um pequeno um aparelho de chá de plástico com uma boneca sentada em uma das cadeiras, a espera da sua pequena dona.

Na cozinha também segue a mesma linha de cores mas também dá espaço aos eletrodomésticos em inox dando um ar moderno e sofisticado, e não consigo deixar de reparar os desenhos alegres da Mel na geladeira era inegável ela não estava presente na casa, mas a sua presença permanecia em cada parte da casa aquele era o lar da Mel isso ninguém negaria.

A mesa de jantar era de madeira rústica com uma orquídea na cor champanhe, a mesa quebrando o ar da cozinha moderna, mas por incrível que pareça nada brigava entre si tudo combinava perfeitamente.

O banheiro era espaçoso, e também bem iluminado o Ricardo ia-me a guiar pela casa sem falar nada, mas sinto o seu olhar me observando.

Ricardo: — O que achou algo familiar?

Mariana: — Nenhuma lembrança, mas é realmente linda a casa de muito, bom gosto.

Ricardo: — Que bom que gostou foi você que escolheu praticamente tudo aqui.

Mariana: — Eu sempre tive bom gosto.

Falo sorrindo ele pisca eu tenho certeza que ele levou para o outro lado, pois em algum momento da vida eu escolhi por ele eu acabo a balançar a cabeça sem jeito.

Vamos por um corredor nele tem um móvel nele tem vários porta retratos, eu paro curiosa observando cada foto, no hospital o Ricardo levou só fotos da Mel, mas aqui eram nossas minhas com ele outras nós três ou as minhas com a Mel, ou ele com ela, foi tão estranho-me ver em fotos e momentos em que eu não lembro, mas tinha um brilho uma felicidade em mim que eu nunca vi uma com o Ricardo chamou-me muita atenção era o meu olhar para ele sabe aquele tipo de olhar de quem encontrou a pessoa certa como eu podia não lembra disso tudo.

E pensar isso deixou-me abalada, minha respiração um pouco acelerada, o Ricardo percebeu e uma dor de cabeça me atravessa.

Ricardo: — Vem vou levar você para o quarto para descansar quando estiver mais disposta eu mostro o quarto da Mel.

Mariana: — Certo penso que eu preciso descansar um pouco.

Ele acompanha-me para o quarto não reparo no quarto estou esgotada tanto, mentalmente como o meu corpo eu deito na cama confortável e sinto o Ricardo cobrir-me e em segundos, caio num sono profundo e sem sonhos.

Acordo e já passou algumas horas, penso que dormi o dia todo, quando abro os olhos observo tudo ao meu redor o quarto a cama muito confortável de casal que eu estou, uma poltrona confortável onde encontro o Ricardo sério lendo um livro, como ele costumava fazer no hospital quando eu estava internada, as paredes todas são brancas com uma janela grande com cortinas cremes bem iluminadas, na outra parte do quarto tem um segundo cómodo que acredito que devem ter as roupas e outra porta que só pode ser o banheiro.

Ricardo: — Vou buscar algo para você comer.

E observo ele sair não demora muito volta com um prato de sopa quentinho que eu experimento e provo está deliciosa.

Mariana: — Nossa tá deliciosa nem se compara a comida do hospital.

Ricardo: —Obrigado.

Mariana: — Vai dizer que você sabe cozinhar.

Ricardo: — Claro e tive ótimas professoras você a sua mãe.

E fico a imaginar essa sena eu a minha mãe ensinando ele a cozinhar.

Ricardo: — Amanhã a Eva estará aqui daí vai ver que a comida dela ainda é melhor.

Mariana: — Eva?

Ricardo: — Ela está connosco a anos assim que a Mel nasceu, ela faz o almoço e alguma ajuda com a casa e observa a Mel pelas manhãs enquanto trabalhava.

Mariana: — Então eu passo pouco tempo com a Mel?

Ricardo: — Não sempre trabalhou meio período a tarde é só você a Mel aqui em casa, mas combinei com a Eva dela ficar por algum tempo com vocês a tarde até você se sentir bem e recuperada.

Mariana: — Ok.

Após comer sinto-me bem melhor.

Mariana: — Posso tomar um banho?

Ricardo: — Claro Mari está na sua casa pode fazer o que quiser, no banheiro tem toalha ali ficam as roupas, quer ajuda?

Mariana: — Penso que consigo fazer sozinha.

Ricardo: —Tá vou organizar umas coisas na cozinha se precisar é só chamar.

Ele saiu e vou em direção onde antes eu tinha já pensado que ficariam as roupas é estranho como se eu tivesse entrado no armário de outra pessoa, olho cada peça feminina e nunca vi nenhuma delas é tudo novo para mim, mas, ao mesmo tempo, tudo é a minha cara o meu estilo chega ser até engraçado de certa forma.

Tem calças jeans de diferentes cores e tamanhos, vestidos e blusas soltinhas de tecidos leves e florais. Abro as gavetas e encontro as roupas íntimas encontro peças do dia a dia e várias mais ousadas com transparência e muita renda vários conjuntos de cores variadas posso dizer que virei uma mulher ousada e eu conheço a marca na etiqueta são realmente caras nunca achei a anos atrás que consumiria algo tão caro.

Vou para o banheiro após escolher a roupa o banheiro era grande e além do área de chuveiro tinha uma banheira enorme.

Quando saio do banho vou para cozinha encontro o Ricardo tomando um copo de água o seu olhar é intenso ao ver-me deixando-me sem jeito acabei a escolher um vestido floral leve o meu cabelo estava solto.

Tento disfarçar e fingir que não percebi o seu olhar de interesse e vou em direção a mesa me sentando numa cadeira.

Ricardo: — Eu tenho algo para você.

Ele saiu me deixando curiosa depois volta com uma caixa nas mãos e entrega-me.

Ricardo: — Ele chegou hoje pedi o mesmo modelo do seu antigo celular, o seu com a queda não tinha como ser recuperado ele ficou destroçado acredito que o cavalo tenha pisado com as patas em cima.

Ricardo: — Tomei a liberdade de salvar o telefone do seus pais o meu da Helena e Douglas, também coloquei uma anotação com o endereço da Helena caso algum dia queira ir até à casa dela.

É um celular moderno e muito bonito, já tinha entrado na ‘internet’ pelo do Ricardo no hospital pude notar que os celulares tiveram um grande avanço na tecnologia do que eu me lembrava.

Mariana: — Obrigada é tão estranho eu lembrar-me de como mexer em um celular e não lembrar coisas importantes da minha vida não conseguir acessar as minhas memórias.

Ricardo: — É normal o Doutor Roger explicou que sua amnésia não altera as memórias implícitas.

Ricardo: — Mas pensa que isso é um ponto positivo imagina desaprender tudo pois o Doutor falou que um paciente, dele foi assim teve que,aprender a fazer as coisas mais simples como escovar um dente e tudo mais.

Mariana: — É poderia ser bem pior.

Ricardo: — Tive uma idéia quer ligar para a Mel, amanhã você vai conhecer ela assim você não fica tão nervosa.

Eu respiro fundo.

Mariana: — Tá mas ela já não está dormindo?

Ricardo: — Eu fiquei de ligar para dar boa noite tenho certeza que antes disso, nada vai fazer ela dormir.

Observo o Ricardo fazendo a ligação e pedindo para minha mãe para falar com a Mel.

Ligação para a Melissa:

Ricardo: — Princesa te liguei para te dar boa noite mas tenho uma surpresa tem uma pessoa que quer falar com você.

Ele me passa o celular.

Mariana: — Oi Mel é a mamãe.

Até para ou ouvidos soava estranho ouvir aquilo a forma que eu falei não parecia natural.

Melissa: — Mamãe!

Da ligação pude ouvir o seu gritinho o que me fez sorrir.

Melissa: — Eu to com saudade mamãe.

Melissa: — A vovó disse que amanhã eu vou para casa com você e o papai.

Mariana: — Sim, a vovó está certa amanhã você volta para casa tá feliz?

Melissa: — Sim muito.

Escuto o seu sorriso, a voz era muito delicada, amorosa e mesmo com a pouca idade é muito esperta e como o Ricardo já me contara ela tem muita habilidade com as palavras.

Mariana: — Mas para isso precisa dormir gatinha, já está tarde.

Melissa: — Tá bom vou dormir direitinho boa noite te amo mamãe!

Mariana: — Eu também te amo, estou ansiosa para te ver.

Desligamos o telefone e olho para o Ricardo que sorri, e os meus olhos estão cheios de lágrimas não sei explicar algo que eu nem sábia que o meu coração estava cheio de saudade dela, nem tudo são só movidas pela lembrança assim como a sensação de conforto que sinto agora com o abraço apertado que recebo do Ricardo que parece que reconforta todas as minhas dores...

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