Capítulo Oito

Abro os olhos, olho para o lado e Miguel não está mais na cama. Sinto um leve desconforto com isso, não vou negar.

Sei que não devo me iludir e nem esperar nada em troca, foi só sexo e nada mais, mas como explicar isso para meu coração.

Não tenho mais idade para isso, mas acho que esperava um tratamento melhor depois da noite anterior, sei que ele foi muito atencioso, acredito que talvez por querer me levar para cama, e conseguiu.

Infelizmente estou começando a gostar de um homem que eu mal conheço e que é impossível para mim. Somos de mundos completamente diferentes e ele talvez não seja do tipo que se apaixona.

— Bom dia. –ele diz entrando no quarto.

— Bom dia. –pego minha roupa e vou para o banheiro e tranco a porta.

Sinto um pouco de dor no corpo, talvez pelo que houve ontem, ou talvez por ter dormido em outra cama que não é a minha.

— Abre a porta. –ele diz batendo.

— Estou tomando banho.

— Não há nada aí que eu não tenha visto ontem à noite.

De fato ele está certo, mas não quero continuar alimentando minha ilusão, melhor ir logo esquecendo, pois com toda certeza nunca mais verei esse homem e para não prolongar melhor não deixá-lo entrar.

— Eu sei, mas prefiro tomar banho sozinha. –por sorte ele não insiste.

Ligo o chuveiro e água está perfeita, amo tomar banho assim que acordo, parece que dar mais energia.

Sinto uma leve ardência na minha parte íntima quando a toco para lavar, mas nada que seja impossível de suportar, minutos depois termino o banho, me seco e já visto minha roupa para não haver tentações.

— Preciso ir. –digo pegando meu celular.

— Acabei de falar com o mecânico, o carro só fica pronto à tarde.

— Okay, infelizmente não poderei esperar, preciso correr pro trabalho.

— Vai sozinha?

— Sim, de Uber, já estou atrasada e daqui é um pouco longe.

— Pensei que passaria mais tempo com você.

— Não vai dá.

— Eu pago seu Uber, já que você só está aqui por minha causa.

— Não precisa, está tudo bem.

— Faço questão, é o mínimo que posso fazer.

— Já disse, está tudo bem, até logo. –digo e vou saindo porta a fora, ele me segura pelo braço.

— Nenhum beijo? –ele diz encostando seu corpo no meu.

— Melhor não, foi só sexo não é? Para quê prolongar as coisas. –vejo o brilho dele sumindo, ele simplesmente me solta e seu semblante muda.

— Até logo. –ele diz e eu saio porta a fora sem olhar para trás.

***Miguel***

Depois que a vi não consegui tirá-la da cabeça. Precisei arrumar qualquer desculpa para voltar lá. Tenho dinheiro e dinheiro compra quase tudo nessa vida.

Pego meu celular para ligar para Rose, minha secretária, Rose é uma mulher muito bonita e atraente, acredito que se não fosse minha funcionária já teria fodido ela, mas não costumo misturar profissional com prazer.

Peço que ela procure alguma propriedade que esteja a venda por aquela região, essa será minha desculpa para voltar até lá.

Rapidamente ela manda vários imóveis que estão a venda, a loira além de linda é eficiente.

Vejo as propriedades e a que mais me chama atenção é uma chácara, não sou muito chegado a vida no interior, mas se tiver que comprar, eu comprarei.

Sei que seria muito mais fácil chegar lá e chamá-la para ir em algum motel e matar meu tesão, mas ela me pareceu não ser esse tipo de mulher, e confesso que isso me deixa excitado, a caçada.

Pedi que Rose cancelasse minha agenda daquele dia e fui para lá na mesma hora.

Chegando lá usei uma desculpa idiota que precisava de ajuda para chegar até o endereço, ela relutou um pouco, mas graças a colega de trabalho acabou cedendo e indo.

Por pura sorte o carro quebra, nem eu mesmo poderia ter planejado tão bem, somos obrigados a ficar ali mesmo, e quando digo que foi sorte, é porque de fato foi, para meu prazer só há um quarto disponível. É hoje que essa mulher não me escapa!

Ao longo da noite conversamos um pouco e realmente ela não parece ser o tipo de mulher que sai com qualquer um, é uma menina muito nova e que tem um passado muito difícil.

Não sei exatamente o que estou sentindo, mas minha vontade é de cuidar dela, protegê-la para não ter que passar por nada de ruim nunca mais.

Não queria ceder aos meus instintos, mas a mulher está uma tentação vestida em um roupão da pousada, ele é um pouco curto e deixa suas pernas torneadas a mostra.

Após longas horas de conversa e de jantarmos finalmente deitamos para dormir, me controlo com todas as forças para não cair matando em cima dela, mas quando ela se vira e vejo sua bunda, e que bunda! Apontando para mim não tenho como me segurar.

Me aproximo e ela não me afasta, essa é a deixa que precisava para continuar. Após alguns beijos e já sem roupa ela me confessa que nunca fez sexo, fico um pouco receoso, mas ela diz que quer então continuo.

Isso não estava em meus planos, não me passou pela cabeça que eu seria o primeiro, quando digo que foi sorte é porquê foi.

Mesmo com a pouca experiência dela senti um prazer inigualável, já peguei muitas mulheres, mas nenhuma chega aos pés dessa.

Infelizmente não vou me contentar só com uma transa, essa mulher vai ter que ser minha.

No outro dia quando acordamos, olho para o lado e a vejo, poderia acordar todos os dias ao lado dela, isso é foda demais, nem eu mesmo estou me reconhecendo, essa morena conseguiu me por as rédeas, não que ela saiba, mas estou totalmente entregue.

Saio do quarto para não acordá-la, ligo para o mecânico e ele fala que o carro só ficará pronto na parte da tarde, fico feliz, pelo menos terei mais tempo com ela. Quando volto para o quarto ela está acordada.

Ela está séria, deve estar arrependida pelo o que houve, ou envergonhada, mal sabe ela que não vou deixá-la escapar fácil assim.

Ela praticamente corre para o banheiro e tranca a porta, bato mas ela não me deixa entrar e também não insisto, não tenho muita paciência, com ela estou tendo até demais.

Malu sai do banheiro já vestida e diz que precisa ir, tento um beijo e ela recusa, apesar de querê-la muito não irei implorar, se ela quer ir que vá.

Mas tarde terei que passar em seu trabalho para pegar minha carteira com sua amiga, então ela precisará me ver novamente.

Meu celular vibra em alguma lugar do quarto, corro para atendê-lo.

*Ligação on*

Pai: Onde diabos você se meteu?

Eu: Em uma pousada, meu carro quebrou.

Pai: Onde fica essa pousada?

Eu: Próximo a obra da construtora aqui no interior.

Pai: O que você está fazendo aí Miguel?

Eu: Vim ver umas propriedades que estou querendo comprar.

Pai: Propriedades? Nessa cidade? Tem mulher nisso não é?

Não consigo controlar meu riso, meu pai me conhece muito bem.

Pai: Nem precisa responder, faça o que foi fazer e volte logo.

*Ligação off*

Meu pai sabe muito bem que sou um apreciador de mulheres, ele não concorda e se pudesse me impedir definitivamente me impediria.

Fico muitas horas no quarto sozinho até chegar a hora de pegar meu carro, tenho urgência de ver aquela mulher de novo, não sei que porra está acontecendo comigo, essa mulher está tirando minha paz.

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