capítulo 17

Estou feliz por trazer o Chad aqui hoje, e principalmente depois de ver a sua animação para o que estamos prestes a fazer. Ainda com o meu braço entrelaçado ao dele, eu me aproximei da grande porta de entrada da linda mansão dos pais dele, após passar por todos os seguranças e toquei a campainha.

Novamente olhei para ele, que estava sorrindo contido, tentando reprimir as suas emoções, mas sei que está amando tudo isso, e provavelmente sabe que a sua família vai querer acabar comigo depois de hoje, mas talvez ele até goste de saber disso. Não duvido do Chad, espero qualquer coisa vinda dele. Qualquer coisa mesmo.

Não demorou muito para que quem eu julgo ser o mordomo viesse atender. Quando nos viu, o homem ficou espantado e parecia sem reação, olhando para Chad embasbacado. Ele realmente não estava esperando que o seu "patrão" aparecesse aqui, mas quem esperava? ── Sr. Ancelotti, você-

── Stuart, por favor... Não faça nenhum comentário estúpido. Só saia da frente e nos deixe passar. ── Chad foi grosso com o homem e ele só assentiu e deu espaço para que passássemos.

Com cuidado, o guiei para que entrasse em segurança. O mordomo fechou a porta e tomou à frente, me mostrando o caminho até a sala de jantar. No percurso até lá, eu notei os lustres aparentemente caríssimos que faziam a iluminação do local, as pinturas que estão bem cuidadas nas paredes, os vasos contendo flores belíssimas... Tudo muito bem organizado, o que me faz perceber que, mesmo sendo um bando de nojentos superficiais, essa família ainda tem bom gosto quanto à ornamentação de suas casas.

── Sra. Ancelotti... ── ele chamou a atenção da minha sogra, que já estava sentada à mesa e quando nos viu, sua expressão antes risonha e despreocupada, caiu e se tornou... Estupefata. Eu me senti muito bem com isso, então abri um sorriso e coloquei minha mão livre nas costas do Chad. ── Com licença.

O homem finalmente se retirou, nos deixando sozinhos. Jana me encara mortalmente, enquanto o pai de Chad parece bastante confuso, mas também está me olhando como se quisesse só entender o que está acontecendo. ── Chad, meu querido... Você está lindo! ── uma mulher que eu julgo ser tal tia veio até nós dois e o abraçou com muita força, dando vários beijos no rosto dele.

Chad sorriu sem graça, e eu até achei fofo ver suas bochechas coradas com o carinho recebido pela sua tia. Inclusive, esta mulher está vestida de uma maneira relativamente simples. Seu vestido é branco, estampado e longo, com mangas da mesma forma. Mesmo que não esteja ao nível de Jana, que está sempre exagerando em todos os seus looks, ela parece muito confortável e isso é admirável. ── Você está muito bonito, Chad. Sério. Da última vez que te vi, você não estava desse jeito.

Quando ela se afastou, eu notei como estava realmente surpresa com a suposta evolução do Chad, o admirando com devoção, como se ele fosse uma jóia extremamente preciosa. ── Obrigado, tia. Fico muito feliz e agradecido por estar com a senhora de novo.

Ver o Chad sendo gentil e educado com alguém ainda me é uma novidade, mas sei que ele tem seus momentos, assim como eu, ou qualquer outra pessoa. Só não sei lidar com o seu lado ogro, mas talvez um dia isso mude ou eu suma da vida dele antes de surtar por causa disso.

Depois de cumprimentar seu primo, que também parecia muito empolgado e surpreso com a sua aparição repentina, as atenções dos dois se voltaram para mim e foi aí que eu engoli a seco e senti a minha garganta seca, de forma que a saliva não escorregou por ela. ── Então essa é a sua esposa? ── perguntou a que eu descobri se chamar Anastasia, me analisando minuciosamente. Eu notei, e por incrível que pareça, eu não me senti mal com a sua análise.

── É... Então... ── Chad ficou um tempo em silêncio, mas quando se perdeu nas palavras e gaguejou, eu percebi que precisaria tomar uma atitude, já que não quero ser humilhada a essa hora da noite, que ainda nem começou direito.

── Oi, eu sou a Esther. É um prazer conhecer a senhora. ── sorri forçado e estendi a minha mão para agarrar a dela, que ergueu as sobrancelhas e, ainda surpresa com o meu comportamento, assentiu e retribuiu o meu gesto.

── O prazer é todo meu, Esther. Você é uma garota muito bonita também, sinto boas energias emanando de você. Meu sobrinho é um homem muito sortudo, pelo que pude perceber! ── quando Anastasia falou isso, tão inocentemente e sendo tão sincera, eu não consegui resistir. Olhei diretamente para a minha sogra, que estava me olhando com fogo nos olhos, parecia extremamente revoltada e eu sei que quer enfiar o garfo que tem em mãos na minha garganta nesse exato instante.

── Muito obrigada, senhora. Fico muito feliz em ouvir isso, de verdade. ── mordi o lábio e me vi sem graça, com muita vergonha. Chad me cutucou, como se dissesse "chega" e eu segurei a mão dele, guiando-o até uma cadeira vazia, me sentando ao seu lado em seguida. É claro, depois da minha breve conversa com a Anastásia acabar.

── E você, Jana? Me disse que o Chad estava doente, fiquei até preocupada. Mas como? Ele parece tão bem agora, você não acha, Joshua? ── perguntou ao filho, que não parava de me encarar, como se nunca tivesse visto uma mulher na sua frente antes. Que homem estranho!

Mas não vou negar que ele é muito bonito também. Claro que o Chad é muito mais, mas esse detalhe não importa muito. ── Sim, mãe. Chad está com uma aparência muito saudável, também não entendi.

E com as possibilidades rondando as cabeças da tia e do primo do Chad, Jana ia ficando cada vez mais nervosa e com o rosto vermelho. E, cá entre nós, eu até entendo. Sabia que era difícil manter suas mentiras, e quero só ver o que ela vai inventar para fugir dessa situação constrangedora. ── Ah, eu só... Hm, bem... ── ela limpou a garganta, olhando para o marido como se pedisse (ou implorasse) por ajuda.

── É só que Chad não acordou muito bem hoje, e por isso ela achou que ele não participaria do jantar. Mas ele já está bem melhor, não é filho? ── Albert veio em auxílio de sua linda esposa e Chad pigarreou.

── Na verdade, eu acordei muito bem. ── ele se defendeu e eu quase gargalhei, mas precisei me controlar.

Um clima pesado rapidamente pairou no ar. Anastasia e Joshua se entreolharam, como se soubessem o que está acontecendo aqui, mas não comentaram nada. Talvez para não estragar ainda mais o clima, ou porque não querem constranger mais os seus parentes, que claramente são péssimos mentirosos, assim como péssimos pais também.

── Bom, já não importa! ── Anastasia falou num falso tom animado, para acalmar os ânimos dos que estão sentados à mesa. ── Como vai a sua editora mesmo, Chad?

Ela tentou manter tudo nos eixos, então Chad começou a falar sobre a sua editora e seu trabalho nela, como a reforma pela qual o edifício está passando está sendo bem sucedida. Ele tem certeza que tudo está indo conforme planejou há alguns anos atrás, porque também confia muito no engenheiro que está à frente da reforma, por ser um amigo próximo dele.

Enquanto ele falava, alguns funcionários adicionavam mais alguns pratos, talheres e taças na mesa. Mais uma vez, eu me atrevi e encarar a minha sogra e naquele momento eu percebi que as coisas vão ficar bem tensas para mim no momento em que Anastasia sair dessa casa e nos deixar a sós.

Notei também como Joshua observa o seu primo e a mim também. Ele parece fazer uma espécie de análise (como a sua mãe) em nós dois, buscando vestígios de algo que eu ainda não entendi e não sei se quero entender. Não gostei muito desse comportamento, mas não posso fazer nada a respeito. Se o que Jana falou mais cedo for real, talvez ele só esteja fazendo tudo isso para jogar na internet daqui há umas horas, e se este for o caso, ele é um grande merda também.

Mas não me surpreenderia.

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