Capítulo 15. Ordens

Jordan saiu da casa de Gina e foi para a periferia de Moscou, onde estava montado o centro de operações naquele país. Não era distante e não fazia ideia de que sua esposa estava se preparando para voos maiores.

— Ola! — cumprimentou, depois de passar por toda a segurança que havia na entrada.

— Chegou o panaca, como você pode deixar tudo escapar por entre seus dedos, a mulher está na sua mão e você não descobre nada? — disse o chefe enfezado.

— Calma, acabei de chegar, o que aconteceu dessa vez?

— Tudo! Não temos nada, nada! Todo o trabalho que tivemos, perdeu-se, um hacker entrou no sistema e deletou tudo que dizia respeito a você e sua esposinha querida e como se não bastasse, todo o serviço que tínhamos que estar executando, está sendo feito por outro.

— E isso não é bom? É menos trabalho.

O chefe, de nome Charles e não James, que era só uma brincadeira  fazendo referência ao personagem do filme, James Bond, levantou-se de sua cadeira, encarando seu espião número 1 e perguntou, sério:

— O que há com você? Parece distraído, levando tudo na brincadeira. O que acha que acontecerá com nossa equipe, se não levarmos resultados para nossos investidores? Heim, " James Bond"?

— Desculpe, Charles, estou mesmo descontrolado. As coisas estão acontecendo rapidamente e sem controle. Atentaram contra a vida de Gina e três morreram naquela maldita cerimônia e justo com quem eu devia manter contato. Estou igual cego em tiroteio.

— E onde estava sua esposa, nesse tiroteio?

— Comigo, é claro!

— Errado, eu vi pela câmera no botão de sua camisa, que ela se afastou duas vezes de você, por sorte, você não ficou focado nos melões daquela tal Maxim, ou não teríamos visto sua mulher agindo.

— Como?

— Veja você mesmo. — A tela do computador foi virada para ele e Charles deu play.

A imagem de seus movimentos na festa, estavam lá. Realmente, Gina se afastou para ver uma senhorinha, mas passou uns segundos com ela e saiu no corredor, que ficava bem próximo, entrando no escritório, saiu em seguida, rapidamente e voltou a falar com a senhorinha. 

Logo depois que voltou a se encontrar com ele, Dimitri a chamou para irem ao escritório e eles foram, mas ela não demorou a sair de lá e logo em seguida, Dimitri saiu com a testa franzida e esfregando o pulso, a imagem parou ali.

— Você viu isso? Ela entrou duas vezes no escritório e na segunda, fez alguma coisa aconteceu a Dimitri.

— É verdade, isso me fez lembrar da vez que ela me enfiou uma agulha e me paralisou. Será que ela enfiou uma agulha nele?

— E tem mais, olha essa parte, não deu para pegar tudo, porque você estava na frente dela e só se virou, quando ouviu algo. Olha, foi só o que pegamos.

A imagem mostrava as mãos de Gina, segurando a mão e pulso do tio e depois que ela soltou, ele também esfregou o pulso. 

— Viu, a mesma reação de Dimitri, depois que ela o tocou e os dois morreram do mesmo jeito.

—  Mas e o terceiro?

— O terceiro fui eu, — respondeu Clive, se aproximando — ele me pegou mexendo no computador, durante a cerimônia.

Jordan não se espantou ao saber que foi Clive quem matou o terceiro, mas saber que Gina podia ter matado os outros dois...

— Minha mulher é uma assassina?

— E uma hacker, também. Quando cheguei ao computador, lá estava a mensagem: transferência concluída. Ela roubou algo, antes de mim. A mulher foi muito esperta e ninguém notou.

Jordan estava estarrecido com a descoberta, não podia ser a mesma mulher, aquela feiosa insossa, com quem conviveu por um ano e nunca percebeu nada.

— Você podia ter se dedicado um pouco, a conhecer sua mulher, mas estava mais preocupado em se lamentar, por ter casado com uma feiosa. — acusou-o Charles.

— É verdade, o casamento foi por ela ser nosso maior trunfo e perdemos tudo por eu ter menosprezado esse trunfo.

— E tem mais, o café que ela frequentava, era seu escritório de trabalho e ela se encontrava com sua equipe, lá. Equipe essa, que tudo indica, que a acompanhou para cá.

— Aquela ratinha?

— SIM! — gritou Charles — Aquela ratinha é uma raposa e aquele mordomo, não é só um mordomo, imbecil, acabaram de decolar para sei lá onde.

— Tem mais uma coisa, olha os arquivos que consegui pegar, caixa dois, rastreei e o dinheiro sumiu. — disse Clive, depois de teclar furiosamente o teclado do computador.

— Aquela vagabunda, me traindo nas minhas costas…

— Foi só isso que você ouviu de tudo que falei? — perguntou Charles, desanimado.

— Eu entendi, mas meus brios de homem foram ofendidos.

— Alguém dê um soco neste homem. — mandou o chefe.

Clive não teve dúvidas e foi em direção a Jordan, com seu punho fechado, mas antes de conseguir socar-lhe a cara, recebeu um soco.

— Se aquiete, Jordan. Temos tempo até o enterro, vamos estudar uma nova abordagem e tentar resolver essa confusão.

Jordan sentou-se em uma cadeira e passou as mãos pelos cabelos espetados, como um derrotado, não compreendia como perdeu o controle de sua vida daquele jeito. Ficou analisando cada passo que deram desde aquele dia, em que se encontrou com Gina na sacada do casarão. Ela estava fazendo algo com as mãos e olhava para baixo.

— Acho que foi ela quem destruiu a casa, também. — contou, ainda sem acreditar que deixou passar aquilo.

— Como? — perguntou Charles.

— Quando a conheci, ela me engambelou direitinho, com aquele jeito de menina controlada pelo pai.

— Por quê acha isso?

Jordan contou como encontrou ela, naquela noite.

— Se ela é uma hacker, estava usando um computador e quando perguntei o que fazia,  ela respondeu que fazia a segurança da casa.

— E naquela noite, estávamos prontos para pegar as informações, quando o sistema nos bloqueou. — lembrou Clive.

— Era ela, disse a verdade, estava fazendo a segurança do sistema em seu computador, que por acaso, cabia no bolso interno de seu casaco.

— Chefe, consegui ver para onde o jato de Gina está indo, — informou uma jovem — para a Suíça.

— Ela roubou o próprio tio, uhuuuuu! Essa é das minhas, por quê não fui eu a casar com ela?— disse Clive, vibrando e recebeu outro murro no meio da cara, caindo desacordado.

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